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Personal Ibope

Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos – Eduardo Galeano – da minha coleção de frases.

Ontem, escrevi que somos todos um pouco Rede Globos.

Blogamos (no nosso jornal), Twittamos (na nossa Agência de Notícias), Gengibramos (no nosso Rádio) e Youtubamos (na nossa Tevê).

Temos os mesmos recursos que qualquer rede de comunicação.

A única diferença é a audiência.

E ai vem uma questão interessante.

O computador, antes da Web,  trouxe um ambiente, no qual criou entre mim e a informação um meio gravável.

Quando leio um livro, ninguém sabe o que pulei, o que li, o que marquei.

Aqui não.

É como se tivêssemos uma webcam na cabeça e um HD nos dedos.

Vai tudo ficando ai pelo mundo…

E isso se expandiu na rede.

Assim, meu rastro cognitivo passa a me acompanhar, como uma sombra gravada.

Mais: eu passo de consumidor da informação a também agente desta.

E, a partir daí, passo a ter – sem querer ou optar – meu próprio Ibope, pois se há emissão de mensagens também, começo a ter uma importância ou uma desimportância para o mundo cada vez mais informacional-visível.

Fulano tem uma rede que “vale” mais do que a rede de fulano.

O ser humano por natureza coloca, para sobreviver, critérios de valor em tudo.

(Não quero dizer que isso é moral ou imoral, mas precisamos disso para tomar decisões. Que cursos você fez, onde estudou, como reage a determinadas situações? Não é isso que se pergunta ao se entrar no emprego? Agora, você já respondeu tudo, sem saber, na rede.)

Nesse novo mundo, para o qual estamos colocando apenas ainda um pézinho, os rastros digitais mudarão a nossa maneira de pensar a existência, pois agora mais e mais meu futuro dependerá disso, muito mais do que meu currículo, o que digo, o que imagino que sou.

Para o bem e para o mal, você estará por ai recuperável.

O Twitter é o laboratório mais perto desse futuro ainda se formando.

Destacam muito os seus 140 caractereres (que representa a velocidade e o enxugamento necessário da mensagem) como a novidade.

É, não deixa de ser.

Mas a grande inovação, a meu ver, é a sua possibilidade de flexibilizar as redes de quem segue e é seguido.

Essa ideia se consolidou nas redes sociais, tipo Orkut, mas agora ficou muito mais dinâmico.

Ali, é quase uma bolsa de valores de açõe informacionais, de relacionamento.

Diga-me quem é sua rede, que te direi quem és.

Quando começarem a traçar este perfil de forma mais matemática, ficará muito mais claro quem é quem.

O potencial de cada um.

E qual é a sua no mundo.

Uma cartomante digital algorítimica.

Você “vale”, ou melhor, você é e será, pela sua capacidade e opção de montar a sua rede.

(Haverá problemas de privacidade – por isso estão lançando os partidos piratas, mas, por outro lado, haverá mais meritocracia e menos taxa de erro na hora de ser escolhido para algumas tarefas.)

E não falo da rede numérica.

Mas desta aliada com a qualitativa, logo teremos ferramentas mais apuradas para medir isso, se é que não existem e eu não sei.

Vejamos.

“A” tem 3 seguidores e “B” tem 3 também.

Mas seguidores de “A”, cada um tem 100 seguidores.

E os de “B” tem cada um 10.

Numa matemática de botequim, posso dizer que a rede de “A” de um ponto de vista tem mais poder de diapasão do que a rede de “B”.

Ou seja, um dado é quantos seguidores você tem.

O outro é quantos seguidores tem sua rede de seguidores.

Não se pode comparar uma a outra sem levar em conta isso.

E há a temática.

Se os dois se aprofundam no mesmo tema, pode ser que os três de um, apesar de numericamente não ter os mesmos seguidores, podem estar com as pessoas mais importantes daquele meio, mas usam aquele ambiente de forma discreta, por exemplo.

Pode apostar: isso vale muito dinheiro e será padrão nas ferramentas informacionais e comunicacionais que vão surgir pós-Twitter.

Ou seja, em resumo:

  • As possibilidades de se traçar esse “Personal Ibope” é infinita, pois entra o tempo todo, quem segue e é seguido: você acompanha e é acompanhado;
  • Quer se saber como é você dando e como é recebendo;
  • O Twitter, mais do que uma ferramenta ágil de comunicação, traz com ele, uma bolsa de valores pessoais, nos quais cada cidadão é uma rede de comunicação, que se alarga ou diminui conforme suas ações online, já era assim antes nas cavernas, mas agora  computador digitalizou e a rede conectou;
  • E sua maneira de viver a rede informações, se tangibiliza, assim sem você querer, fica ali tudo se mexendo e espelhando nosso atuar no mundo digital;
  • Por fim,  nosso jeito de ser e estar no mundo, cada vez mais na frente de uma telinha. É um movimento de seguidores do Orkut, de mão dupla, totalmente ágil e se relacionando não só apenas com nossos amigos, mas também com nossa audiência oculta, pelo que valemos em termos informacionais.

O assunto vai longe, mas vou ficar por aqui.

Repito, vejo pontos positivos e negativos em tudo isso, mas, como dizia Toquinho, “a vida sempre tem razão“.

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Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

Que dizes?

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