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Escolas de pensamento são formadas por núcleos filosóficos fortes, que fazem um contra-ponto a ideias que existiam antes e começaram a mais atrapalhar do que ajudar.

São premissas filosóficas bem diferentes das existentes, que permitem enxergar de forma distinta os mesmos problemas.

Podemos dizer que são disrupções filosóficas, que animam pensadores a se unir em torno do que vou chamar de “Absurdos Filosóficos”.

Absurdos filosóficos seriam a grande motivação para o surgimento de Escolas de Pensamento. É tão absurdo para determinados pensadores, que faz com que eles se engajem durante toda uma vida para tentar provar.

E a partir de um novo eixo filosófico se inicia nova jornada, de uma nova Escola.

É o que nos diz os epistemólogos Imre Lakatos (1922-74) com a ideia dos núcleos duros formadores de grupos de pesquisa e Thomas Kuhn (1922-1996) de novos paradigmas, que criam revoluções científicas.

Acho que já temos hoje certa maturidade de pesquisa para poder comparar duas escolas, que se aproximam muito e que precisam permutar paradigmas: a Escola Canadense de Comunicação e a Austríaca de Economia.

Segundo Ubiratan Iorio, uma das referência da Escola Austríaca no Brasil, o núcleo central dos Austríacos é constituído por três eixos:

  • Utilidade Marginal;
  • Ordem Espontânea;
  • E Subjetividade.

Podemos dizer que este núcleo é composto de dois elementos filosóficos e não necessariamente econômicos: de ordem espontânea e subjetividade.

E um claramente econômico: Utilidade Marginal.

Quero me debruçar mais agora sobre o da Ordem Espontânea, que aparece (não sei se de forma original ou com mais publicidade) em Adam Smith na ideia de “mão invisível”.

A mão invisível é a ideia de que a sociedade funciona das pontas para as pontas, a partir dos indivíduos e não conduzida por um poder central.

A Ordem Espontânea vai aparecer na Escola Canadense de Comunicação pelas interpretação das mídias como forma e não conteúdo.

Mídias se disseminam na sociedade e acabam por influir não pelo que divulgam no seu conteúdo, mas pela forma como que condiciona a sociedade.

(Há várias citações por autores da Escola Austríaca lembrando que a linguagem humana é outro exemplo de Ordem Espontânea. A linguagem humana é uma mídia, oral.)

O que acho interessante é que há uma convergência no que podemos chamar de núcleo duro das duas escolas, principalmente no conceito de Ordem Espontânea, que não pode ser visto nem por um conceito econômico e nem da comunicação.

É uma premissa filosófica dos individualistas, aqueles que acreditam que o ser humano não tem uma missão coletiva na terra, a não ser viver da melhor maneira possível.

(Isso é explicitado por Ayn Rand, nas duas visões dos individualistas (vivemos para sobreviver) versus coletivistas (a espécie tem uma meta coletiva a ser alcançada).

Assim, a história humana não é feita de pessoas ou a partir de um centro que determina os rumos da espécie, mas por movimentos descentralizados e distribuídos, que se auto-regulam, pois todos, ao final de contas, querem continuar vivos.

Essa visão filosófica da Ordem Espontânea pode ser aplicada em diversos setores, entre eles na Economia e para fenômenos da Comunicação, entre outras áreas. É espontâneo:

  • a disseminação de novas mídias e as adaptações de uso;
  • os preços;
  • o crescimento demográfico;
  • o mercado.

Pierre Lévy (1956-), representante da terceira geração da escola canadense, defende que a Internet, por exemplo, permite o fortalecimento da Inteligência Coletiva. Tais termos passaram a se disseminar e ganharam popularidade no meio digital, tais como Cultura da Participação e Sabedoria das Multidões.

No fundo, o que temos é uma linha de pensamento individualista, filosoficamente falando, que trabalha com o conceito de Ordem Espontânea como uma visão filosófica de como a espécie caminha.

E se pode ver aplicações do mesmo conceito em diversas áreas, não sendo uma exclusividade nem da economia e nem da comunicação.

Certamente, se aprofundarmos o tema, iremos descobrir filósofos que problematizaram isso e tiveram conflitos mais atrás, separando as duas visões.

Assim, o que temos são Escolas de Pensamento que analisam diversos problemas – que vêem a Ordem Espontânea como eixo central com diferentes aplicações, a partir dos problemas analisados.

Pois são Escolas de Pensamento Individualistas!

Assim, não podemos dizer que a Ordem Espontânea é um conceito nem econômico e nem de comunicação, mas filosófico, aplicado em diversos campos – o que nem sempre está claro para muitos.

E o que permite uma permuta muito interessante entre diferentes escolas com o meso eixo.

É isso, que dizes?

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