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A realidade sempre vence a representação, o marketing deve gerar valor real – Frank Striefler – da minha coleção de frases;

Cada vez mais, pensa-se sobre as crises, hoje globais, interconectadas, peladas, inesperadas e com velocidade de fogo mato acima.

Os prejuízos são cada vez maiores.

Tenta-se se fazer uma gestão destas para que, no fundo, quando venham não tenham grandes impactos.

Separa-se nos cada vez mais extensos estudos sobre crises, dois enfoques distintos:

  • As crises provocadas pela natureza, na qual exige-se um tipo de monitoramento;
  • E as crises humanas, outro.

Estudando-se as provocadas pelo humano vemos que:

– uma crise não surge do nada, sempre será reflexo de pequenas crises, relegadas, não percebidas, não monitoras, que nos leva a maiores proporções;

– ou seja, uma crise sempre será o reflexo de pequenas crises anteriores, que não foram percebidas, podemos dizer invisíveis para olhos destreinados.

Aquela dorzinha que vamos deixando para lá, que vira um câncer não diagnosticado a tempo.

É preciso ter uma noção que o mundo – e todas as suas atividades – são um processo, que tem o início, um meio e um fim, diferentes fases e fatores que podem acelerar ou retardar cada momento.

Fases mais amenas ou mais agudas.

Tudo, assim, é um grande processo, que nasce e recomeça com outros parâmetros e assim, sucessivamente.

Um ciclo.

Pelo medo da morte, principalmente, o humano gostaria que a realidade fosse uma eterna eternidade.

Quanto menos mudar, melhor, pois alimenta a ilusão de que não morremos.

A cegueira que temos para ver as  micro crises  resultam, basicamente,  da nossa prática de ligar o piloto automático.

Viver é mudar, e mudar é lidar com a morte…

Quando vamos inovar e criar estamos, no fundo, indo contra a essa força poderosa de combater essa invisível vontade de todos de não querer sair do seu mundo imaginário, no qual a morte não existe.

Mudar é matar alguma coisa!

E ajustar o tempo todo é fugir desse mundo sem mudanças.

Talvez as crises sejam maiores, quanto mais nos cegamos para o que está ao nosso redor.

Vamos a alguns exemplos.

Vi um documentário sobre o triângulo das bermudas, no Discovery, que apresenta acidente aéreo, no qual uma esquadrilha, formada por cinco aviões militares desaparecem, ao mesmo tempo.

Especula-se no documentário claramente que a causa do acidente foi, além de outras tantas, o fato do comandante da esquadrilha não querer acreditar em momento algum que sua bússola estava com problemas.

E foi levando todos cada vez mais para o mar e não de volta à terra, apesar das sugestões de todos que estavam com as bússolas sem defeito.

Um fato similar Ivan Sant´ana detalha bem no livro Caixa Preta, quando reporta os fatos sobre  outro acidente aéreo ocorrido no Brasil, no qual o comandante do vôo, marcou a rota errada no aparelho responsável pelo plano de vôo.

Em nenhum momento se dá por perdido e vai cada vez mais se distanciando de um aeroporto.

A cegueira operacional e a vaidade de não admitir o erro, levou à queda do aparelho na mata, com vários mortos e poucos sobreviventes, que ficaram  sequelas físicas e emocionais.

Assim, as crises – como a queda de uma aeronave ou a explosão de um poço de petróleo da BP em alto mar –  são resultados de ações humanas e das nossas deficiências afetivas-cognitivas de aprender com nossos erros, tanto na hora de confiar ou desconfiar de instrumentos.

Ou seja, das tecnologias e metodologias que criamos para nos ajudar a viver nesse planeta inóspito, criando melhores práticas para reduzir os efeitos das crises, que sempre virão, pois tudo muda.

  • Há, entretanto, situações, operações, fatos que têm um risco maior, justamente aqueles em que temos menos experiência, ou menos controle, agravado por decisões, que devem ser tomadas de forma mais rápida, como é o caso de situações inesperadas durante um vôo ou um poço de Petróleo que começa a vazar no fundo do mar;
  • E outras que temos mais controle sobre panes, como em uma viagem de carro ou de trem, que sempre é possível parar para ver o que está acontecendo, ou um poço de superfície que rapidamente pode ser solucionar um vazamento ou um incêndio.

Para cada caso, exige-se um tipo de monitoramento.

Essa relação de risco x controle é algo interessante para se pensar sobre Copa do Mundo, que é um bom momento de aprendermos coisas sobre o ser humano e crises.

Ali, os dramas humanos esportivos estão à beira de um ataque de nervos.

A maiorias das pessoas, incluindo experientes comentarias vêem a Copa como uma campeonato lógico, coerente, como se fosse de pouco risco.

Tanto que arriscam palpites baseado em critérios esportivos, somente.

E aí se valem de estatísticas, prognósticos, etc…

Porém, ali, a lógica é bem outra.

A Copa é um torneio de pontos corridos, durante três jogos, com mais quatro em sistema mata-mata.

Nos dois casos, existem riscos e lógicas completamente diferentes.

  • A primeira fase, tem um risco X, pois pode-se se rever erros com uma possível derrota.
  • Na segunda, o risco tem esse mesmo X multiplicado por 10.

No mata-mata há um risco próximo ao de um vôo de avião e de um poço de petróleo submarino: se estiver perdendo e for chegando o final, já era…

Esse tipo de realidade X fator de risco,  exige sempre um tipo de estratégia adequada a essa equação.

É preciso sempre reduzir riscos, basicamente, que envolve:

  • – time versátil para lidar com situações adversas;
  • –  jogadores mais equilibrados, que perdem menos a cabeça, pois uma expulsão pode ser fatal;

  • –  variações táticas, de mudança radical de postura para sair de um placar adverso;
  • –  jogadores mais acostumados a improvisar.

Num campeonato de pontos corridos, no qual uma derrota, não elimina, o risco é menor, vale mais a regularidade e menos a capacidade de improvisação.

No fundo, uma seleção poderia ter um tipo de time para as eliminatórias e a primeira fase da Copa, mais da rotina.

E outro para a fase mata-mata mais improvisador.

Com alguns jogadores que entrando e saindo, pudessem criar esse cenário.

Variando em cada fase do campeonato ou a cada jogo.

Fator fundamental para o sucesso.

Tenta-se, assim, chegar a um misto dos dois, um para a fase 1 de classificação mais regular e outro para a fase 2 de improvisação.

E, claro, principalmente, um técnico experiente, com várias lições aprendidas, que consiga lidar bem com ambos os momentos.

E prepare uma seleção para esse alto risco.

Experiência significa ouvir sugestões e saber quais são procedentes, transformando-as em ação na direção de dirimir riscos.

Mais do que uma derrota de um time, como vimos com o Brasil e Argentina na atual Copa,  o que tivemos foi uma distorção da maneira de se encarar o problema: Copa do Mundo.

Nem Maradona, nem Dunga sabiam, me parece, exatamente qual era o fator risco envolvido.

Não se viu o que iríamos realmente enfrentar, principalmente, o treinador (mal) escolhido, no caso do Dunga, como detalhei aqui.

E qualquer mudança que for feita, por qualquer novo treinador, deve levar em conta a gestão de crises, percebendo que uma Copa do Mundo é – e sempre será se as atuais regras forem mantidas –  basicamente navegar em um vôo noturno com a bússola com defeito.

É preciso chamar quem consegue ter muita calma (e competência) para levar o “avião” até a pista sem perder a calma.

Perder faz parte do processo, mas a graça de tudo é ver como é a brincadeira entre o risco e a tentativa de superá-lo.

Sob esse ponto de vista, a participação do Brasil foi pobre.

Que dizes?

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