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O presidente (Lula) continua a beneficiar-se do fato de que a maioria das pessoas presta a atenção no que se diz e não no que se faz – João Ubaldo Ribeiro – da minha coleção de frases.

O Wágner foi direto na última aula do MBKM, com um tom de descrença:

“Nepô, então, você acha que as pessoas serão menos medíocres nas empresas por causa da Web 2.0?”.

Não, pois a mediocridade ou a natureza humana não mudam com a Internet.

Já disse isso várias vezes no blog, inclusive na discussão sobre felicidade e Internet.

Mas há algumas características na rede que vão dar menos espaço para determinadas mentiras, que são, digamos, para as empresas, pouco operacionais.

Vamos analisar isso.

Quando eu compro um livro de vários autores, ninguém sabe exatamente quais destes autores, realmente acabei lendo.

Para as estatísticas, todos venderam, pois é um bloco.

O mesmo se dá quando eu compro cinco livros de autores diferentes.

Quantos eu realmente li até o final?

Quais eu adorei?

E quais eu indiquei para os amigos?

Se alguém me ligar e perguntar, o que é caro e chato, por algum motivo, posso mentir.

Dificilmente ligam e dificilmente sabem.

Em resumo, a leitura de um livro não deixa rastros.

Na Web, não.

Temos os links, que definem preferências, e as nossas opções são gravadas.

Deixamos rastros.

  • A Amazon percebe isso ao indicar livros, pois ela vai aprendendo comigo, com as minhas ações, sem eu saber, ela já conhece, de certa forma, meus interesses e me coloca do lado de outros supostamente iguais a mim, que compraram  livros similares;
  • O Google idem, pois ele olha para o que você faz na Web, quem é muito visitado e quem linka determinado site, quanto mais Ibope tiver, mais alto fica na hierarquia das buscas.

Eles aprendes com meus involuntários e inocentes links e atos na rede!

Ou seja, os rastros involuntários vão mostrando para os “logs” servidores quem é quem, o que se faz na Web e quem é mais ou menos visitado.

Além disso, há ainda os seguidores, como no Twitter e nos blogs, que vão mostrando que além de você ser lido, clicado, download de seus registris, tudo isso gera uma ação de credibilidade, gerando uma reputação, ou Karma Digital.

O que pode ainda ser somado a comentários sobre o que você registrou na rede, notas positivas, etc…atos voluntários, propositais.

È preciso tangibilizar o mérito!

È preciso tangibilizar o mérito escondido no fundo do mar corporativo!

Um projeto 2.0 em uma empresa se inicia e tem o grande ganho de colocar isso que é intangível, em tangível para ganhar competitividade.

Hoje, a empresa não sabe  exatamente quem são seus funcionários mais importantes para os outros funcionários.

A avaliação, quase sempre,  é top-down, de cima para baixo.

Pois toda a informalidade dos contatos na hora do café não deixam rastros.

Os telefonemas pedindo ajuda não deixam rastros.

Não é tangível, claro, evidente, de fácil comprovação quem é mais ou menos considerado em determinado assunto, ou área.

E isso faz diferença para os negócios, pois é nessa meritocracia surda que os melhores resultados acontecem.

E quem hoje é desprezado, pode amanhã ser insubstituível!

Pois se cada funcionário tiver um espaço virtual e toda a sua produção passar a estar ali digitalmente e for monitorada, através dos rastros, poderá saber com mais precisão quem, como e aonde cada um é importante para o conjunto da organização.

Seguir e ser seguido é uma arma competitiva!

Disse ao Wágner: não, os rastros voluntários ou involuntãrios  não vão acabar nem com a mentira e nem com a mediocridade humana.

Mas dará a possibilidade de se valorizar melhor a meritocracia.

Esse tipo de prática será adotada pelas empresas?

Acredito que sim, pois se o concorrente operar e valorizar cada vez mais quem é importante para os demais, isso será um grande diferencial competitivo, o que obrigará, em cadeia, que os outros usem a mesma tática, “desmentirando” ou melhor dando mais valor a quem realmente, na prática, é importante – e como – para a organização.

A colaboração antes da Web 2.0 era opcional, agora é uma cultura embutida em uma tecnologia emergente e, como será arma competitiva, tende a se disseminar mais e mais, impulsionada principalmente pela Geração Y.

(Veja mais detalhes no post do Tudo 2.0 sobre Jakok Nielsen.)

É uma contribuição involuntária da rede a diminuição do espaço para determinadas mentiras humanas.

É igual as câmeras em uma determinada praça.

Malandro que atuava por ali, terá que mudar de ponto ou de malandragem.

Ponto.

Os medíocres terão que se adaptar a esse novo meio e vão procurar outras táticas ou locais para expandir a sua atividade.

E alguma outra tecnologia vai tentar dar conta dessa nova etapa, pois a meritocracia é a base da inovação.

Um ciclo de gato e rato.

Porém, a sopa no mel de hoje em dia, tende a diminuir nesse novo ambiente se a Web 2.0 for bem implantada .

Aqueles que hoje são mais  fumaça que fogo, cuidado!

Concordas?

10 Responses to “Rastros, mentiras e empresas 2.0”

  1. Wagner Silva disse:

    Pior que a mediocridade é a mesquinharia. “O orgulho, a arrogância e a glória enchem a imaginação de domínio”. Por muito pouco, ou nada, as pessoas dissimulam, subestimam a inteligência alheia e ainda repetem tais comportamentos até virarem hábitos, padrões e traços de personalidade. O bom das novas tecnologias é que as imposturas intelectuais e éticas são registradas com mais facilidade. Na rede é muito mais fácil aplicar “o nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, mas revelar a fonte continua sendo de bom tom. Fiz uma conexão mental enquanto ouvia o que Nepô dizia: o Darwinismo também existe na rede. Ainda bem! A teoria da evolução e o mecanismo de seleção natural foram atualizados pela cibernética e pela ciência da computação. Na aparente terra de ninguém eletrônica da Internet, as idéias úteis, originais, genuínas, boas, verdadeiras e nobres terão mais força para emergir, permanecer e criar o novo do que as idéias dos que continuam tentando apenas enganar e “se dar bem” enquanto for possível e a qualquer preço.

  2. cnepomuceno disse:

    Wagner,

    sempre não esquecendo de que tudo isso se dá por um fenômeno de aumento de acesso à informação e não por mágica.

    Valeu a visita,

    Nepô.

  3. Wagner Silva disse:

    A dinâmica natural da rede dá valor e relevância aos conteúdos. A própria sociedade virtual selecionará e indicará, pelo acesso e pelo uso, o que é importante.

  4. Cristiana disse:

    Mudando um pouco o foco e pegando o gancho do “rastro dos livros” aproveito para indicar o site “www.conhecaolivreiro.com.br” que está super legal e onde conseguiremos trocar informações sobre os livros já lidos, nossos favoritos e os que queremos ler! Além da troca colaborativa de comentários, informações e da possibilidade de criação de comunidades e etc! Se entrarem lá podem me procurar como amiga “Cristiana Tonassi”… ainda não cadastrei todos os livros que já li e todos os que quero ler mas estou fazendo isso aos poucos!
    Beijos!

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Esta matéria ganha complemento com esta:

    Segredos dos usuários são a nova mina de ouro da web – http://bit.ly/di2uVr Matéria do WSJ (português) fala s/ rastros na Web. Ótima!

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