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A natureza é neutra – Nietzsche – já está na minha coleção de frases.

A tecnologia também é neutra.

Fazemos dela o que quisermos.

É uma tela branca, limitada apenas pelas possibilidades, tamanho, formas de uso, etc.

Pela lógica, não há possibilidade de criar a Twittosfera, nem a Blogosfera, nem a Internetosfera.

Todas estas ferramentas amorfas, telas brancas diante de nós, servirão aos propósitos humanos.

Quanto mais humanos,  mais propósitos.

A pergunta “O que você está fazendo?” no Twitter induz a um uso inicial.

Quanto mais tempo utilizarmos a ferramenta, mais nos libertaremos dessa pergunta.

Iremos colocando nossos traços para o bem ou para o mal:

  • O que você está publicado no seu blog?
  • O que você está comendo?
  • Quem você está comendo?
  • Quem você está matando?
  • Que genomas acabas de decifrar?

O uso de qualquer ferramenta começa homogêneo e pode dar uma falsa impressão, uma ilusão passageira, que marcará aquele tipo de tela branca.

Um computador na mão do neófito é muito a cara do fabricante de software.

Há pouca customização.

Em um especialista, muda-se tudo, customiza-se os mínimos detalhes.

É o amadurecimento do uso de cada ferramenta que vai emprestando à tecnologia nossa subjetividade e afastando qualquer possibilidade de se identificar traços culturais na tecnologia.

O cinema é o cinema.

O cinema novo foi o ideário de um grupo em cima daquelas possibilidades.

Já postei que o blog venceu quando morreu a blogosfera.

O uso do Twitter hoje, no qual seguimos como boiada “O que você está fazendo” vai se perder no tempo.

A Internet em um cibercafé é vasta:

  • Um, fala com a namorada na Argentina, via Skype;
  • Outro, bloga;
  • Outro Twitta;
  • Outro Orkuta!

A idéia de procurarmos criar uma cultura em torno de dada ferramenta nos levará a um beco sem saída, pois o humano sempre tenderá a repetir com ela o que já faz aqui fora, com novas possibilidades.

Não há, assim, uma nova cultura, mas uma atualização da mesma em um novo ambiente, basta o tempo deixar rolar.

Não me venham, assim, falar em Twittosfera e outras tantas eras aqui na rua.

O pitbull da vizinha começa a babar horrores.

Au, au.

E tu, criatura Twitteira, que dizes?

19 Responses to “A ilusão da Twittosfera”

  1. Sarita Bastos disse:

    Olá,

    “Não há, assim, uma nova cultura, mas uma atualização da mesma em um novo ambiente, basta o tempo deixar rolar”.

    Então, qual seria essa “mesma cultura” que apenas é atualizada?

    abraços

  2. Agente 99 disse:

    Mil perdões, mas eu não entendo o que é este beco sem saída. Ninguém procura criar uma cultura, mas, como vemos na história da mídia, a cultura é que muda a partir de uma nova mídia, ou neste caso, ferramenta.
    Se há novas possibilidades, então não há repetição. Lembre-se de Heráclito.

    O meu comentário refere-se a estre trecho, que, em meu ponto de vista, sintetiza o seu post.

    “A idéia de procurarmos criar uma cultura em torno de dada ferramenta nos levará a um beco sem saída, pois o humano sempre tenderá a repetir com ela o que já faz aqui fora, com novas possibilidades.”

  3. Devo ter entendido errado, e, portanto, já aviso logo. Mas acho que quando penso em Twittosfera penso apenas em uma espécie de “coletivo de twitteiros”. Penso no que este primeiro grupo de usuários, os que estão desbravando a ferramenta, estão fazendo com ela. O uso que estão dando, que criaram, apenas isso. Não penso em um ambiente fechado nem em algo restrito. Acho que é apenas a maneira pela qual nos referimos a este ambiente que, em pouco tempo, irá se fundir com outros.

    Pronto, agora você já pode desconstruir meu pensamento!

  4. Anônimo disse:

    Quem cria cultura? São as ferramentas ou são os humanos q usam as ferramentas, q dão à elas determinada ultilizaçao?
    Sendo os humanos, logo, a cultura permanece, desde os primordios da existencia humana numa linha contínua de existencia paralela a estes, sofrendo intervençoes, transformaçoes, adaptaçoes ao longo de seu convívio com seu maior interventor, numa simbiose, numa relaçao de coexistência.
    cultura

  5. Gisele disse:

    Quem cria cultura? São as ferramentas ou são os humanos q usam as ferramentas, q dão à elas determinada ultilizaçao?
    Sendo os humanos, logo, a cultura permanece, desde os primordios da existencia humana numa linha contínua de existencia paralela a estes, sofrendo intervençoes, transformaçoes, adaptaçoes ao longo de seu convívio com seu maior interventor, numa simbiose, numa relaçao de coexistência.
    cultura a serviço do homem, e nisso se incluem as ferramentas, sejam elas as mais recentes, seja a roda, são apenas instrumentos… mas quem dá forma ao produto q delas sairá é quem as usa e penso que é por isso q podemos perceber as mudanças no uso das mesmas como vc citou acima em teu texto.
    e mtas mudanças ainda irão ocorrer…

  6. Gisele disse:

    os dois comentários acima (q se repete o início) sao meus,
    teclei algo aqui, nao dominei bem minha ferramenta… rss e meu comentário foi postado primeiro metade , como anonimo…

  7. cnepomuceno disse:

    Pessoal, a meu ver, cultura do Twitter…se inicia com a pergunta “O que você está fazendo?”. E cria um ambiente no qual as pessoas respondem inicialmente a essa pergunta.

    E alguém diz: “Ah..isso é a Twittosfera”….

    Só que é o ponto de partida para que as pessoas comecem a detonar essa proposta inicial e, aos poucos, vamos colocando-o com a nossa cara, respondendo as nossas próprias perguntas.

    O Twitter não define o que iremos perguntar ou responder, ele direciona, cria uma falsa ilusão de cultura, mas, aos poucos, vamos mudando isso.

    Nos prendermos a uma cultura, a partir de uma tecnologia, nos levará sempre a um beco sem saída.

    Sarita:

    “Então, qual seria essa “mesma cultura” que apenas é atualizada?”

    A cultura humana e suas necessidades.

    Que trará para o Twitter o que já fez com a Internet.

    Todas as nossas qualidades e defeitos.

    Partimos de algo fechado, que uma dada tecnologia pressupõe que é, e vamos abrindo.

    O Twitter etaria na fase 1 – o que cria a ilusão.

    (Daqui a uns meses vão dizer que deturparam a idéia inicial, pode apostar.)

    Veja que não existe a Skypeosfera, nem a Msnosfera, muito menos houve a ICQosfera…

    Nem a Emailosfera..ou a browserosfera.

    O que houve foram novas interfaces de acesso à informação e comunicação, nas quais vamos atualizar a forma que interagimos e resolvemos problemas informacionais.

    Veremos na Twittosfera o que já ocorre na Blogosfera…uma ótima ferramenta de publicação – muito mais poderosa do que a do livro.

    Que coloca – através dela – na rede, absolutamente tudo, do oficial ao alternativo…

    Por fim, respondendo, qual é a mesma cultura?

    O ser humano que não muda sua essência, mas apenas muda a forma de vivê-las nas diferentes épocas, com as diferentes ferramentas disponíveis.

    Sugiro para ficar mais clara a idéia ler:

    http://nepo.com.br/2008/10/23/as-necessidades-humanas/

    Patricia,

    concordo com você:

    “Acho que é apenas a maneira pela qual nos referimos a este ambiente que, em pouco tempo, irá se fundir com outros.”

    E deixará de existir, como uma ilusão…o que existe é uma atualização..uma nova possibilidade de comunicação, que pode ser usada de várias maneiras, qualquer traço cultural em cima dela..nos levará a um beco sem saida, pois hoje é assim, amanhã não será mais.

    Concordam?

  8. cnepomuceno disse:

    Gisele,

    concordo plenamente.

    Uma tecnologia permite o surgimento de novas formas de interação, mas ela mesma não cria uma cultura em torno dela, pois isso é falso.

    Não existe a carrosfera, nem a aviãosfera.

    As pessoas usam os transportes para se mover, como o Twitter para se comunicar.

    É uma nova camada sobre a Web:

    http://nepo.com.br/2008/11/03/as-camadas-da-inteligencia/

    O alerta deste post é para não nos iludirmos, criarmos um clube, sim os Twitteiros existem, mas que se juntem por que gostam e se acharam ali, foi um ponto de encontro.

    Mas dentro em breve o bar vai mudar e o importante é esse encontro que houve, independente do bar que surgirá amanhã.

    É nessa linha…

    Deixar a tecnologia no canto dela e ampliar a importância da nossa necessidade de trocar.

    abraços,
    grato pelo comentário.

  9. Agente 99 disse:

    Nepomuceno, você tem bons conhecimentos e boa vontade para explicar o que pensa. Acho isso muito valoroso. Eu sinto que há uma lacuna em certas discussões suas que destacam “cultura”. Não que eu seja uma estudiosa sober o assunto, sou estudante. Você já leu um livro chamado “História Social da Mídia”?

  10. Nepô, concordo com o que vc me respondeu e com o que escrveu para a Gisele: “…Twitteiros existem, mas que se juntem por que gostam e se acharam ali, foi um ponto de encontro.” É realmente assim que vejo o Twitter. Por enquanto, ainda temos comportamentos associados ao Twitter, como o uso de algumas expressões surgidas naquele ambiente, mas aos poucos estes comportamentos estão sendo incorporados ao nosso dia a dia, deixando de ser algo próprio do Twitter para ser algo próprio das pessoas.

  11. cnepomuceno disse:

    Pat,

    o risco dos mitos do tipo Twittosfera é acreditarmos que é a ferramenta que nos une, quando, na verdade, ela foi apenas um motivo. Por isso, coloquei no título a ilusão, que é um pouco esse nosso encantamento permanente com a tecnologia, em detrimento do que acontece entre as pessoas.

    O Twitter possibilitou que uma latência que existia, não ainda possivel em outros ambientes, pudesse fluir e não o contrário.

    Sim, eu sei que tem motoqueiros que são tarados pelas Harleys e andam com elas por ai, mas tudo é motivo para se encontrarem, as motos potencializa e os tira do armário.

    Viva o Twitter…

    Mas não me falem de Twittosfera. 😉

  12. cnepomuceno disse:

    Pat, ainda diria.

    Os Twitteiros estão sofisticando, aprofundando e melhorando o uso da Web, abrindo uma picada, para que todos os demais cheguem com suas cestas de pic-nic.

    Não foi assim no passado?

    Beijos,
    Nepô.

  13. Nepô, você detectou muito bem a formação de uma patota que se considera de alguma forma proprietária da twitosfera e portanto donos dessa cultura e concordo que isso não existe.

    Um bom exemplo do que você está apontando são as diversas discussões sobre a (indesejada) orkutização do Twitter. Indesejada por quem? O perfil do ambiente (prefiro chamar redes sociais de ambientes) é definido por seus frequentadores.

    Aqui no Rio temos o conceito de “Baixo”. Tem “Baixo” tudo: Bebê, Vovó, GLS etc.

    Os lugares são, obviamente, lugares e é a frequência que define suas características culturais.

    Entendo sua irritação com o lance das esferas, mas há sim blogosferas, twittosferas e, como gosto de chamar, digitosferas ou mesmo memeesferas (que incluem o papo de bar que ocorre offline).

    Onde quer que um grupo de pessoas se reúna forma-se um Baixo ou uma Esfera.

    Por isso não há MNSesfera, emailesfera ou Chatesfera pois não são espaços coletivos e sim espaços privados e quase individuais.

    Em todo caso concordo que a maioria se refere às esferas como se fossem as pessoas e não os locais e isso é um beco sem saída.

    O Twitter pode nem vir a ser o Baixo definitivo. Pode aparecer outro lugar mais atraente para onde a maioria irá. Aquela twittosfera continuará ali e a limitosfera (para mim a principal característica do Twitter é estar no limite entre online e offline) pode se mover para outro lugar carregando as pessoas que transitam intensamente entre online e offline. Veremos.

    Tenho dito a torto e a direito que uma nova cultura está surgindo, uma em que importantes pilares da atual estrutura social, política, econômica e mesmo cultural e moral se tornarão irreconhecíveis, mas há o que não muda, o que na verdade está finalmente sendo resgatado das brumas do esquecimento e creio que é essa cultura que vc diz que não muda: Humanos são seres sociais.

    Sejam “baixos”, “esferas” ou “points” todos são lugares onde as pessoas se encontram, se aproximam umas das outras. A diferença é que nos aproximamos de muito mais gente…

    Telefone…

    Até uns poucos anos a gente só se relacionava com quem estava perto, então veio o telefone e passamos a poder conversar com os amigos e familiares distantes.

    Agora podemos conversar com centenas de pessoas em vez de meia dúzia em uma mesa de bar, mas a cultura é a mesma: conversas como as que tínhamos ao redor da fogueira enquanto fazíamos pinturas rupestres sobre a caçada do dia 🙂

  14. […] post “A ilusão da Twittosfera” afirmo que o Twitter é mais uma das muitas possibilidade humanas de se comunicar, através […]

  15. cnepomuceno disse:

    Querido Roney, sua interessante provocação me inquietou e eu acabei escrevendo um longo artigo que melhora o meu ponto de vista e clareia alguns pontos que possam ter ficado obscuros nesse post.

    É um amadurecimento sobre o tema que só um blog permite.

    Gostaria que comentasse:

    http://nepo.com.br/2009/05/13/o-polvo-e-a-tinta-as-atualizacoes-das-necessidades-humanas/

    abraços,
    valeu o carinho,
    Nepô.

  16. […] Lembrei do Alice no Pais das Maravilhas, ao falar que a Twittosfera é uma ilusão. […]

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