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Versão 1.1 – 20/09/2013

Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Se o foco for em problemas em aberto, é possível um aprendizado rico e estimulante, no qual todos aprendem e se poderá utilizar todo o potencial da nova rede descentralizada mono-politeísta, caso contrário haverá tentativas de mudanças na forma ou no conteúdo, com grande risco de crises pela proa.

quadro

É fundamental para que qualquer novo projeto organizacional, principalmente educativo, seja feito a partir da consciência do momento histórico de uma macro passagem de uma rede hegemônica de construção da verdade mono-monoteísta (representado pelas mídias eletrônicas) para um novo modelo mono-politeísta (das mídias sociais, tal como Facebook, Twitter e Youtube).

Note que vivemos um movimento de massa, desde 2004, com a chegada da banda larga, barateamento de custo de acesso e a explosão das mídias sociais, o surgimento de vários serviços que abriram gratuitamente canais para que as pessoas pudessem colocar a informação. Podemos citar com um dos principais o Facebook tem mais de 1 bilhão de usuários 1/7 dos habitantes do planeta.

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  • O Facebook se caracteriza por uma rede de informação descentralizada, na qual o controle é feito sobre os canais e não sobre o seu conteúdo, o usuário tem uma liberdade vigiada, mas tem, para colocar suas opiniões e interagir de forma coletiva com muita gente.
  • O Facebook vem substituir os meios de massa eletrônico-impresso, que se caracterizam por uma rede de informação centralizada, na qual o controle é feito não apenas sobre os canais, mas também sobre os conteúdos dos canais, o que tirava/tira a liberdade e espaço para o usuário colocar suas opiniões e interagir de forma coletiva com muita gente.

(Veja mais sobre redes, canais e verdades aqui.)

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Só um louco ou um cínico poderá, diante destes dados, concluir que tudo será como antes, com boa parte do planeta se relacionando de uma forma COMPLETAMENTE diferente com a informação.

Note que uma rede descentralizada abre uma caixa de pandora que estava adormecida, desde 1450, quando algo parecido aconteceu com a chegada do papel impresso.

A macro passagem de uma rede de informação hegemônica centralizada para uma descentralizada significa que:

  • – novas verdades começam a circular;
  • – através de novos atores e fontes de informações “fresquinhas e desintoxicadas” das verdades anteriores;
  • – com as novas verdades aparecem novos e velhos problemas;
  • – que trazem sofrimentos velhos e novos esquecidos, negligenciados e não priorizados pela rede anterior.

Há um novo ambiente inovador que começa a se construir, retirando a sensação (pois é apenas uma sensação) de que havia uma verdade/realidade final, definitiva, procedendo uma sensação para algo como uma nova realidade incerta, em aberta.

(O que era considerado imortal, vida das organizações, começa a ser vista como mortal, pois o grau de inovação e de novos projetos começam a criar novas alternativas.)

As novas verdades, via novos atores, que saem da caixa de pandora não são conhecidas, não eram tratadas, os sofrimentos que temos que passar a ver são novos sofrimentos. Há, com isso, uma inversão do ponto de vista do mundo. O que vinha de cima para baixo com força, passa agora a vir também, com intensidade, debaixo para cima.

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Há, como vimos com a chegada do papel impresso, o início de uma fase de expansão cognitiva da espécie, um surto, pela ordem, filosófico, teórico e metodológico, que vai procurar construir uma nova governança da espécie mais compatível com a atual complexidade demográfica de 7 bilhões de pessoas.

(Veja mais detalhes aqui no pêndulo cognitivo.)

Essa macro-ruptura cognitiva tem um impacto muito forte na implantação de projetos que querem se aproveitar desse novo ambiente de rede de informação, por enquanto, mono-politeísta. Como estou fazendo um curso com o Wilson Azevedo de sala invertida, vamos analisar isso em um projeto de ensino.

Hoje, a escola é basicamente mono-monoteísta, pois a topologia de educação é vertical, de cima para baixo, via professor e com uma construção da verdade, na mesma direção. Há um material didático, fechado, no qual os alunos devem memorizar e atestarem que assim o fizeram.

Este modelo de ensino atual é compatível com uma rede social mono-monoteísta, porém não mais com um mundo em migração para um modelo mono-politeísta, pois a interação constante faz com que o conhecimento deixe de ser tão sólido, vá ganhando uma certa liquidez, deixando as amarras das organizações tradicionais de produção de conhecimento e se valendo da interação constante para ser aprimorado.

Além disso, os problemas que eram pertinentes na rede de informação centralizada começam a migrar para novos problemas, que virão da nova leva de sofrimentos que aparecem no novo ambiente.

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Ou seja, é preciso preparar alunos e professores para lidar com um ambiente muito mais complexo, pois a rede descentralizada traz ao mundo o que estava escondido sob o manto da invisibilidade da rede centralizada passada.

Neste novo ambiente a verdade passa a ser construída dentro de uma nova topologia de rede de informação, na qual a interação é constante, novos atores fazem a diferença e na qual antigas verdades começam a ser revistas, desde os seus argumentos e até a sua própria relevância.

O saber enciclopédico por assuntos ou especializações vai perdendo valor para algo mais generalista e dos problemas sintetizadores.

Não é apenas uma mudança topológica, na qual o professor, por exemplo, pode pedir para os alunos ouvir o conteúdo em casa, mas é preciso repensar o próprio conteúdo, dar liberdade para o aluno ouvir diversos conteúdos, pois deve haver um problema sintetizador.

E isso nos leva para a passagem de uma educação voltada para assuntos, temas, disciplinas para outra toda focada em problemas.

Um problema unifica um conjunto de conhecimento e é algo que facilita a lidar com um mundo mais complexo, pois serve de guia para a síntese.

Assim, podemos imaginar que teremos que adaptar nossos cursos não mais para geografia, ou matemática, mas algo como problemas de localização ou de quantificação.

Um bom curso, assim, será aquele que começará pelo bom problema pertinente que abre os trabalhos.

As formas de solução de problemas podem ser variadas, o aprendizado de assuntos, não.

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Se o foco for em problemas em aberto, é possível um aprendizado rico e estimulante, no qual todos aprendem e se poderá utilizar todo o potencial da nova rede descentralizada mono-politeísta, caso contrário haverá tentativas de mudanças na forma ou no conteúdo, com grande risco de crises pela proa.

É isso,

que dizes?

 

 

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