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Quando participei na minha palestra sobre Web 2.0 no Brasil, em São Paulo. em 2007 levamos para provocar o pessoal uma pessoa vestida de apicultor.

Ei-lo em traje de gala...

Ei-lo em traje de gala...

A menina  ficou lá circulando entre os presentes e ninguém entendia direito como “rimava” o apicultor com alta tecnologia. Quando eu e Marcos Cavalcanti lançamos nosso livro “Conhecimento em Rede” também colocamos na capa o desenho sugestivo de uma colméia.

Outros livros fizeram depois o mesmo lá fora.

Livro Nepô e Marcos

Livro Nepô e Marcos

We are smarter than me

Na verdade, por que essa comparação com abelhas, formigas e outros nichos tecnológicos?

Essa nova relação do ser humano com os ambientes informacionais, no fundo, se relaciona pelo jeito que passamos a acessar e trocar com as bases de dados espalhadas pelo mundo, nas quais estão praticamente todos os registros relevantes do século XXI.

A sociedade pode agora de forma direta e a um custo barato acessar  as bases de dados e sistemas internos das empresas com diversas funcionalidades. Esse acesso muda a maneira que lidamos com a informação e, portanto, com o conhecimento.

(Comentário posterior: postei depois deste post outros sobre essas mudanças: os ecosistemas de informação e sobre as redes de conhecimento.)

Estabelece-se,. assim, uma nova forma de intermediação entre as duas pontas, encolhendo a distância, ficando o antigo “gatekeeper”, gestor da informação, agora não mais com a função de selecionar, filtrar ou escolher o que o usuário precisa.

(Comentário posterior: aprofundo essa discussão sobre desentermediação no post sobre blogs: Em busca do blogueiro perdido….)

O que podemos chamar de ordenhador de vacas.

Ordenhador de vacas

Ordenhador de vacas

Agora, cabe a sociedade ir diretamente à  fonte e não só coletar as informações, mas também, colaborar para que estas se aperfeiçoem cada vez mais. As empresas, instituições, profissionais dos mais diferentes perfis que trabalham com o conhecimento.

Ou seja, a maioria, muda radicalmente a sua função social.

Veja a figura abaixo:

Ao invés de “fornecer” aos demais o que ele sabia ou sabe, passa a estimular que esse encontro entre o usuários e as bases de dados em rede seja feita da melhor forma possível, o que ocorreu principalmente na fase 1 da Web.

E, agora, com a participação ativa dos usuários complementando estas fontes, temos que passar a estimular a interação.

Fazer com que ela seja cada vez maior, produtiva, relevante e sem ruído, surgindo, então, a figura do apicultor, que espelha a nova forma que a sociedade vai funcionar, com uma horizontalidade maior do que tínhamos antes.

O usuário passa agora não apenas a acessar o conteudo na fase Web 1.0, na Web 2.0, mas a  contribuir ele mesmo complementando os registros existentes ou incluindo novos.

http://www.midisegni.it/disegni/vari/mestApicoltore.gif

A nova função social do profissional do conhecimento: o apicultor

É uma mudança tecnológica que tem forte influência na sociedade, alterando a nossa cultura, pois estamos mais uma vez “desentermediando”, como fizemos no passado e criando uma nova cultura que vai se refletir na forma como organizamos a sociedade.

As organizações vão se moldar a esse novo paradigma. Foi assim no passado e será assim no futuro.

Assim, se existe um bicho que represente o século XXI, eu cravaria no poste: a abelha…

Abelhas

Abelhas

Pós-escrito – 19.02.2009

Os apicultores já tem salário definido no mercado:

O salário dos apicultores
O salário dos apicultores

Pós-escrito – 08.04.2009

O Valor publicou ontem o artigo ” No Facebook, só Obama está à frente da Coca-Cola( o link exige senha)

Lá, eles falam da boa situação dos “apicultores”, na atual crise:

Hoje, a “mídia social” é um dos poucos setores em que as agências de publicidade contratam em vez de demitir.

Veja mais detalhes:

“Embora a incursão bem-sucedida da Coca-Cola no Facebook tenha sido involuntária, mais e mais departamentos de marketing e agências de publicidade tentam encontrar formas de, propositalmente, explorar o poder das redes sociais na internet oferecido por nomes com Facebook, Twiter, YouTube e MySpace.

Recente pesquisa com membros do Chief Marketing Officer Council (CMO Council), associação de diretores de marketing dos Estados Unidos, revelou que cerca de 30% não possuem talentos em seus departamentos de marketing para aproveitar novos programas de mídia. A mesma proporção possui compreensão limitada da mídia de relacionamento social, embora quase dois terços estejam investindo de forma ativa nelas.

“Esta é uma grande oportunidade para uma agência [de publicidade] intervir” diz Liz Miller, vice-presidente de programas e operações do CMO Council. A oportunidade vem sendo ampliada pela atual situação econômica, que obrigou muitas marcas a revisar seus gastos em formas tradicionais de marketing, como a publicidade paga.

Enquanto a agência de compra de espaço e planejamento de mídia Carat prevê queda de 5,8% nos gastos mundiais em publicidade neste ano, a “mídia social” continua um dos poucos setores em que as agências contratam em vez de demitir.

De fato, nos últimos meses, as agências estão ávidas por criar divisões de mídia social. A MPG, agência de mídia controlada pelo grupo Havas; o grupo britânico de agênciasCreston; e a agência digital LBi criaram departamentos de mídia social em março. Em janeiro, a Tribal DDB, divisão digital da agência DDB, da Omnicom, trouxe sua empresa especializada em mídia social no Canadá, Radar DDB, para o Reino Unido. A Vivaki, agência de compra de espaço publicitário da Chime Communications Toluna Publicis, lançou ferramentas de planejamento da mídia on-line para ajudar os clientes a “engajar os consumidores nas redes sociais”. “No mundo das agências, há um pouco de conquista de território no momento”, diz Mike Parsons, diretor da Tribal DDB. “Seja por ameaça ou oportunidade.”

In english.

32 Responses to “Dos ordenhadores de vaca a apicultores….”

  1. Luiz Ramos disse:

    Para o bem do Conhecimento, que seja bem-vindo o apicultor e que seja de qualidade o enxame de abelhas.
    Abraços
    Luiz Ramos

  2. Kaléu disse:

    Olá Nepô. Atuo com um grupo de pesquisa em jornalismo, lí o seu livro O Conhecimento em Rede e estanmos tentando, no grupo, entender como podemos incorporar toda a sociedade nos processos jornalísticos. Parece um bom caminho criarmos comunidades, ambientes colaborativos, inteligência coletiva, nesse contexto…

    O que você acha de vermos os jornalistas como o que vocês chamam de “animadores” das comunidades? Que orienta os demais, insere conteúdos, estimula discussões, etc?

  3. cnepomuceno disse:

    Oi Kaleu,

    descreve melhor a questão..veio twittada 😉

    Teu grupo tem link?

    Qual é a questão….me ajuda para que eu possa ir adiante…

  4. Kaléu disse:

    Nós estamos iniciando um projeto de construção conceitual e prática de uma plataforma jornalística multimídia cujo principal objetivo é integrar ao máximo todos nos processos de produção jornalística.

    Nesse contexto, tenho tentado entender como o jornalista deve atuar nessa plataforma para inserir verdadeiramente os colaboradores nos processos de criação, edição e seleção dos conteúdos jornalísticos…

    Buscando sair da visão do jornalista como produtor ou gestor dos conteúdos e relendo “Conhecimento em Rede” surgiu a possibilidade de trabalhar o jornalista como animador e arquiteto de ambientes colaborativos, como criador de inteligência coletiva, aonde ele não mais deverá apenas produzir, mas funcionar como um apicultor cultivando essas novas comunidades, novos ambientes..

    Você acha que esse é um bom caminho? tem alguma sugestão quanto a como inserir os colaboradores nos processos jornalisticos sem que o jornalista deva atuar como produtor ou gestor dos conteúdos?

    grupo: LAPJOR -> http://www.lapjor.cce.ufsc.br/
    coordenador: Elias Machado -> http://lattes.cnpq.br/7541698404489166

    Obrigado.

  5. cnepomuceno disse:

    Bom, agora cada um tem o seu espaço na rede. De produtor de conteúdo, quase no exato momento em que também é consumidor.

    Amadureço a idéia de que agora cabe aos organizadores dos ambientes, muito mais procurar quem está produzindo e trazê-los, através de ferramentas de publicação automática, tipo RSS, recriando um conteúdo, selecionando e filtrando.

    Podendo, a partir daí, sofisticar esse papel, agregando aquele conteúdo reunindo mais coisas, tais como, entrevistas complementares com os autores, produzindo discussões que alguém levanta, polêmicas.

    Na verdade, deixamos de trabalhar, de certa forma, na fonte primária, tirando leite, para uma secundária, deixando as abelhas produzir o mel e fazendo própolis.

    Ajudou a resposta?

    Caso não volte, que continuamos, abraços
    Nepô

    Grato pelo comentário…

  6. Kaléu disse:

    Com certeza ajudou..mas eu ainda busca uma visão um pouco diferente, que eu não sei se é viável..mas busco uma visão (usando a mesma metáfora) aonde os jornalistas atuem como abelhas, principalmente as que encontram primeiro o néctar e ficam rodando em oito para avisar as outras..

    Seria como ver o jornalista não selecionando o que os demais fazem e criando o mel, que na minha visão coloca uma hierarquia no processo..

    A intenção é fazer com que a sociedade crie o própolis e o jornalista talvez não seja percebido nesse processo..e talvez, esse seja um dos objetivos, o jornalista fazer seu trabalho de forma tão competente que todos irão olhar para o resultado e pensar “fui eu quem fiz isso”..

    mais ou menos por aí..

  7. cnepomuceno disse:

    Kaleu,

    acho que você tem que desenvolver mais.

    Por que não escreve sobre isso no seu blog, aprofunda e voltamos?

    Coloca o link(s) do post(s) aqui,

    abraços,

    Nepô.

  8. cnepomuceno disse:

    Kaleu,

    na verdade, hoje assisti uma palestra na qual achei interessante a idéia de que as redes sociais são um duto para que o conteúdo se coloque.

    Existe o papel do ” gerenciador de duto” que deixa a plataforma rodando, que seria o pessoal da Informática.

    Do apicultor mais técnico, profissional de colaboração em rede, que vai tentar tornar a colaboração mais dinâmica, fácil, melhor possível, interagindo mais com o pessoal da oficina;

    E do apicultor que vai pegar aquele material todo e ir co-criando novos conteúdos e estimulando a comunidade para que a produção seja cada vez mais rica, menos redundante e mais relevante.

    São estas as idéias, visitei o seu site e me pareceu qeu vocês têm um blog é isso?

    Vamos adiante,

    abraços,
    Nepomuceno

  9. […] Nesse comentário, Nepomucemo fala um pouco sobre o jornalista como co-criador de conteúdos e cultivador dos ambientes colaborativos. […]

  10. Kaléu disse:

    Interessante..
    quando você fala em Gerenciador de Duto e Apicultores, poderíamos fazer um paralelo com os responsáveis pela inteligência coletiva inconsciente (informática) e consciente (comunicação)?

    Gosto dess avisão, escrevi um pouco mais sobre isso aqui e compartilho da sua visão sobre o apicultor..

    Minha dúvida agora é como tornar viável a representação dos papéis de “apicultor” e “gerenciador de duto” em uma comunidade…

    Nosso grupo tem site apenas (www.lapjor.cce.ufsc.br). Optamos por não ter um blog pela falta de tempo para “cuidar” dele..

  11. cnepomuceno disse:

    Kaléu, sugiro ver a experiência do Stoa da USP, postei hoje um post sobre eles…

    abraços,

    Nepomuceno.

  12. […] O setor da informação muda de papel, passa de produtor a articulador. […]

  13. […] O editor hoje dá lugar ao gerador de participações. Veja mais sobre isso em Apicultores e ordenhadores de vaca. […]

  14. […] na difusão, articulação, armazenamento e recuperação da informação. Além de criar uma desintermediação do acesso à informação, já que as bases de dados, antes localizadas em ambientes não acessíveis e regionais, migraram […]

  15. […] Será que o Estado não deveria ser mais apicultor (estimular a produção do mel) do que ordenhador de vacas (colocar as parcas tetas para […]

  16. […] os professores não acabam, mas passam a apicultores e depois como gestores de robôs, além do dia-a-dia com a […]

  17. […] intermediário não vai sumir, mas sai de um papel de ordenhador de vacas e assume o de apicultor continua com o mesmo propósito:  ajudar ao seu paciente/usuário, mas com uma postura menos […]

  18. […] apresentação do Levi sobre o trabalho de “apicultor’  na Fiat, na década de 70, quando os próprios empregados fizeram seu roteiro de ônibus […]

  19. […] apresentação do Levi sobre o trabalho de “apicultor’  na Fiat, na década de 70, quando os próprios empregados fizeram seu roteiro de ônibus para […]

  20. […] (Este é um um tema que abordei na metáfora do ordenhador de vacas e o apicultor.) […]

  21. […] O departamento de marketing, de venda, de produção, passa agora da fase de fornecedor de “leite” para administração de colméias. […]

  22. […] que o Estado não deveria procurar ser sempre mais apicultor (estimular a produção do mel) do que ordenhador de vacas (colocar as parcas tetas para […]

  23. […] Mas considera que o mais valioso algo que ainda não conseguiram, que é extrair deste debate todo e poder organizá-lo de uma melhor forma. (O que seria a fase 2, a meu ver, disso tudo, começar a verdadeira missão de apicultor, saindo do conceito de ordenhador de vacas.) […]

  24. […] Mas considera que o mais valioso algo que ainda não conseguiram, que é extrair deste debate todo e poder organizá-lo de uma melhor forma. (O que seria a fase 2, a meu ver, disso tudo, começar a verdadeira missão de apicultor, saindo do conceito de ordenhador de vacas.) […]

  25. […] – Há uma mudança cultural de professor dono do saber (ordenhador de vaca) para o articulador do saber (apicultor) (ver mais aqui) […]

  26. […] Há uma mudança cultural de professor (incluindo seu ego controlador) de dono do saber (ordenhador de vaca) para o articulador do saber (apicultor) (ver mais aqui) […]

  27. […] Há uma mudança cultural de professor (incluindo seu ego controlador) de dono do saber (ordenhador de vaca) para o articulador do saber (apicultor) (ver mais aqui) […]

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