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Existem dois autores básicos para sair da areia movediça das interpretações “afundantes” e “atolantes” sobre Internet.

As pessoas têm se perdido, ou por não terem lido, ou por não terem dado a importância devida a estes dois pontos de vistas fundamentais.

Recomendo que você escolha ler os dois para avaliar e ter opinão própria sobre os temas.

Pierre Lévy que procura na história outras rupturas similares à Web, tal como o surgimento da fala e da escrita, sugiro o Cibercultura.

Sem esta visão histórica de largo cenário, qualquer visão será limitada, superficial e pouco eficaz!

Cuidado!

Destaco ainda a relevância de Dominique Wolton que nos lembra que conexão é uma coisa e comunicação é outra, sugiro o livro: “O que é a Internet“.

Faço um mix dos dois em um liquidificador.

Existem dois movimentos que caminham em paralelo e não  se encontram naturalmente, só através de muito empenho: a plataforma da conexão e a plataforma da comunicação!!!

A plataforma de conexão é técnica.

É a novidade que a tecnologia da Internet traz ao mundo.

Lévy (e Castells também) afirmam, a meu ver com fortes reflexos na realidade, que é a primeira vez que temos um ambiente de troca de ideias que permite e conexão muitos para muitos, diferente da fase oral (um-um) e da escrita (um-muitos), onde se incluir o rádio, jornais e tevê.

Se você entrar no Facebook e publicar algo, caso não bloqueie ninguém, fala rá com muitos e se alguém comentar em aberto também todos poderão ler a réplica.

Ou seja, sem ideologia, opção, discussão, reflexão essa plataforma web estabelece, como princípio, esta possibilidade de todos falarem com todos a distância.

Diferente da anterior do livro, do jornal, do rádio, da tevê que era algo vertical de um para muitos, quando as pessoas não estavam presentes no mesmo lugar.

Esta é a contribuição fundamental que o Lévy nos traz.

1) visão histórica como princípio para a compreensão, discorde dele, mas apresente outra leitura histórica;

2) a grande novidade do muitos para muitos a distância, idem, idem.

Ou seja, ele é alguém que deve ser questionado, mas nunca ignorado!!!

Lévy

Do outro lado, Wolton, filósofofo, afirma que uma coisa é a conexão, mas outra bem diferente é a comunicação que não está dada com a Internet.

Ele chama a atenção que estamos cada vez mais conectados, mas nos comunicando cada vez menos.

O que é bem relevante.

E aí eu, pensando junto com ele, posso partir do princípio que há uma outra plataforma conceitual, acima da básica das máquinas, que é a iideológica e conceitual: a plataforma de comunicação, que se estabelece na possibilidade nova por sobre a da conexão.

Ou seja, apesar da conexão permitir o muito para muitos ela necessariamente pode não estabelecer a comunicação muitos para muitos, ou ainda, pode ser algo pobre, tão pouco aproximador das pessoas, que não estabelece mudanças.

Fica na superficialidade.

Wolton

Para que isso ocorra, comunicação, é preciso ter uma ideologia, descentralizadora e um conceito de se acreditar na rede como forma de administração de ações humanas.

Este conceito, aí sim, aplicado por sobre uma plataforma de conexão aberta e distribuída, que é uma opção de comunicação descentralizada que fortalece as pontas.

Note que essa ideologia de empoderar as pontas segue uma linha de Paulo Freire, Augusto Boal, Gandhi, Bill Wilson (fundador do AA), o projeto Linux, Wikipedia, etc.

São propostas ideológicas de rede, na qual a tecnologia é um dos elementos relevantes. Algumas propostas, inclusive, bem antes da Web.

Ou seja, naturalmente temos na Internet a tecnologia que viabiliza o muitos para muitos, mas não necessariamente este tipo de conexão desdobra-se numa rede de comunicação muitos para muitos com poder para as pontas.

O empoderamento das pontas é uma opção ideológica em cima da conexão tecnológica.

Pode, alías, haver uma sem a outra, como já tivemos vários exemplos antes da Web.

A conexão não impõe estas opção, apenas facilita, sugere, cria uma certa cultura, dá o gostinho, mas é preciso, para aprofundar a comunicação em rede muitos para muitos, uma opção ideológica e cultural para tirar todo o potencial dessa nova plataforma que estabelece a troca múltipla a distância.

Esta opção está basicamente na decisão de quem hoje detém algum tipo de poder (seja governo, empresa) perceber e procurar estabelecer esse novo tipo de compartilhamento.

A tendência é que todos os adotem, pois:

1) a velocidade atual, exige dinâmica;

2) a dinâmica é obtida dando-se poder às pontas;

3) a plataforma de conexão induz as mudanças e modelos, que influenciam os concorrentes, obrigando todos a migrar para o novo ambiente.

Mas, antes de tudo, é preciso mudar cabeças, filosofias, formas de se ver o controle da informação.

Estabelecendo-se, assim, as bases de uma nova sociedade, com modelos de instituição mais horizontalizados, dos que conhecemos hoje.

No qual aceita-se que o contro saia de em um núcle central e vertical e dê poder às pontas com a participação direta nas decisões de dado ambiente.

Empoderando, assim, as pontas.

Tenho para mim – e isso faz parte dos meus estudos de doutorado – com apoio de Aldo Barreto, que me levou à Galileu e suas teorias de sistemas.

Interpretando do meu jeito Galileu, acredito que essa necessidade de empoderamento das pontas se deve ao aumento do tamanho da população, que empurra, força uma mudança dos sistemas de conexão para que ganhem velocidade para atender às demandas de um planeta cada vez mais habitado.

Barreto

Em resumo, conectar estabelece um ambiente, mas é o primeiro passo técnico, para que um outro conceitual e ideológico aconteça que é o aprofundamento desse novo ambiente.

O primeiro está dado o segundo sempre será opcional e demanda trabalho, envolvimento e metodologia!!!

Este é o trabalho de quem quer trabalhar com informação, comunicação ou conhecimento.

O interessante, conforme li em diversos autores da história, com o tempo esse ambiente conectivo vai permitindo e influenciando, pois passa a ser utilizado por mentes brilhantes e visionárioa que o adotam para fazer as mudanças sociais, demandas e impossíveis na plataforma conectiva anterior.

Acredito que esta maneira de olhar o problema, ou a partir dela e modificando, vai nos ajudar bastante e pode tirar-nos de um certo atoleiro.

É isso, que dizes?

3 Responses to “A diferença entre a plataforma de conexão e de comunicação”

  1. Luiz Lapetina disse:

    Sou partidário de que a conexão e as ferramentas proporcionadas pela web e a grande revolução tecnológica, vem apenas dar facilidade a quem tem algo para dizer. Pois antes, haviam meios de comunicação muitos para muitos (ou pelo menos poucos para muitos ou até poucos para poucos) Você mesmo citou o caso de Jesus Cristo. Existem ainda os “Gentilezas” da vida que acabaram criando sua forma de se comunicar, em Santos/SP tem um cara chamado “Zé Macaco” que com seu mega-fone acoplado em sua bicicleta falava para quem estava nas ruas do Centro e, queira ou não, era ouvido (após uns 30 anos fazendo isso elegeu-se vereador). Como antigamente, as pontas deveriam ter o conteúdo suficientemente bom para serem escolhidas, e isso se repete hoje, em maior escala e muito mais velocidade, com todas as ferramentas que temos à nossa disposição.
    Tornou-se mais simples expressar e ecoar opiniões (veja o caso do reitor da Uniban, que em pouquíssimo tempo retroagiu em sua magnânima decisão de expulsar a moça do vestido rosa), isso, há uns 20 anos atrás teria se conseguido com uma passeata, muita negociação, etc, etc, etc… Muito mais trabalhoso, mas se conseguiria. Pense no movimento dos Cara Pintadas nos tempos de hoje, o quanto seria mais rápido, mas ele aconteceu e culminou em um presidente deposto.
    O meio, mudou sim, aceleraram-se os processos, mas o que determinará o valor do que as pontas dizem ainda é o discernimento de quem recebe a informação.
    Posto isso, acredito que nunca foi tão importante e necessário como hoje um olhar crítico sobre a educação das pessoas que escolherão estes conteúdos.

  2. Fernanda Bas disse:

    “estamos cada vez mais conectados, mas nos comunicando cada vez menos” isso me fez parar e por em xeque a teoria de que a internet é o meio que, revolucionariamente, irá democratizar o acesso e a comunicação.

    Não depende do meio, depende de nós, as pontas.

    Se meus pais há pouco tempo viviam em uma ditadura, brigando para serem ouvidos, a minha geração fica, agora, um pouco acanhada quando se vê num palanque digital.

    Pode ser piegas dizer que o que é superficial não é duradouro, mas acredito que a gente vai cansar desta conexão vazia, é uma questão de tempo.

  3. cnepomuceno disse:

    Luiz e Fernanda, sim, concordo com vocês, sobre toda a conexão tem que ter pessoas ávidas por serem cada vez mais pessoas. Valeram os comentários. Nepô.

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