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Participamos do evento na RioInfo sobre o futuro da Internet.

Sala cheia de amigos, fala-se de tudo até que o professor da UFRJ Henrique Antoun lança a provocação.

“Vem cá, o usuário que colabora é colaborador ou apenas um otário?”.

É uma pergunta que todo mundo, no fundo, se faz. Por que alguém vai perder tempo colocando “pitacos” no Wikipedia?  Informando de engarrafamento por celular? Etc…

Enquanto ele está ali por esporte, o dono do site está à vera, ganhando dinheiro.

Será que não teremos no futuro a revolução dos otários?

Farinha pouca meu pirão primeiro?

Tenho algumas intuições sobre o assunto.

Desenvolvi duas teorias:

1) a do desespero do elevador.

Cena: todo mundo calado dentro do elevador…ele pára…silêncio e todos começam a falar.

Por quê?

Me parece que, no desespero, as pessoas sentem necessidade da interação para resolver seus problemas. Como não há ninguém de fora para ajudá-los, começa-se a tentar uma alternativa.

A colaboração, a meu ver, é a necessidade de solucionarmos problemas que ninguém pode oficialmente nos ajudar. Você comprou um carro, mas deu problema e você não sabe como solucionar. A montadora desconhece e você quer saber a opinião de outros consumidores igual a você.

Você tende a pedir ajuda e fica mais aberto para ajudar, não necessariamente nessa ordem. Mas e o outro lado de quem ajuda? Aí vem a segunda teoria:

2) o complexo de praça do interior

Me parece que o grande motivador é o combate ao anonimato. Todo mundo se sente solitário e anônimo na grande cidade e precisa sair da sombra. A colaboração é quase um reencontro da praça do interior, no qual pessoas com o mesmo interesse sentam no fim de tarde para conversar.

Se vamos perguntar por que as pessoas colaboram na rede, caberia também, na seqüência, saber por que os bares ficam lotados às sextas-feiras, as pessoas vão à praia ou festas bater papo.

Ou seja, o ser humano é basicamente um ser interativo que precisa do outro para se afirmar e se confirmar enquanto  social.

Não resta dúvida que não se bate papo sempre na mesma praia ou no mesmo bar. Algo pode mudar e acontecer que determinado site seja abandonado por outros, por facilidadades, que podem até passar por algum tipo de “recompensa”.

Mas é ver…

Ou seja, a colaboração é uma necessidade e faz parte da história humana, agora ela tem mais espaço para ser global, a qualquer hora ou lugar…

Eu responderia assim a questão levantada pelo Henrique Antoun. E você?

Sugiro ler os comentários também que estão acontecendo no Webinsider. Publiquei o post lá também (comentário incluído post-post, 30/10).

Atualizei o post hoje – 30.01.09.

7 Responses to “Otários ou colaboradores?”

  1. Kaléu disse:

    Todos gostamos de aprender e ser reconhecido (caberia entrar na psicologia para discutirmos melhor, mas de qualquer forma, Maslow definiu, há muito tempo que no topo das necessidades humanas estão o reconhecimento e o desenvolvimento pessoal).

    Encaro essa questão de duas formas (complementares).

    1) Colaborar é uma forma de divulgar seu nome (ser reconhecido) ao mesmo tempo que coloca seu conhecimento ao crivo de outras pessoas que podem criticá-lo duramente, apoiá-lo ou agragar novos conhecimentos. Isso é aprender, se desenvolver e ser reconhecido.

    Ex. Lí há algum tempo (no Wikinomics) sobre uma americana que passa horas atualizando as péginas da wikipedia sobre raçãs de cães apenas para poder conhecer mais sobre o tema (que ela ama) com outras pessoas.

    2) Somos seres sociais, como colocado pelo Nepo e precisamos saber se outras pessoas tem as mesmas opiniões, visões que temos de alguma situação, e em alguns casos saber como elas se posicionaram em busca de uma solução para algum problema. Quando encontramos problemas em algum produto, nos sentimos ansiosos por saber se alguém teve o memso problema, queremos mostrar nossa indignação, saber como isso foi resolvido, etc. É por isso que colaboramos.

  2. […] In Uncategorized on 22 Outubro 2008 at 10:47 am Da discussão do artigo passado: “Otários ou colaboradores?” desenvolvo este […]

  3. cnepomuceno disse:

    Kaléu,
    desenvolvi a partir do seu comentário um outro artigo:
    http://cnepomuceno.wordpress.com/2008/10/22/compartilhar-e-perder-poder/
    abraços,
    Nepô.

  4. Será mesmo que é apenas isto que move as pessoas a colaborarem? Somos bichinhos que precisamos de auto-afirmação e de aplausos dos outros, é só isto? E por sermos tão bobinhos não percebemos que estamos enriquecendo os “espertos” que nos usam com seus sites onde nós provemos o conteúdo? Este é o resumo do ser humano?

    Lendo isto lembrei de Viktor Frankl (http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/2008/10/mensagem-de-viktor-frankl-aquilo-que-os.html): “Não foram apenas alguns ministérios de Berlim que inventaram as câmaras de gás de Maidanek, Auschwitz, Treblinka: elas foram preparadas nos escritórios e salas de aula de cientistas e filósofos niilistas, entre os quais se contavam e contam alguns pensadores anglo-saxônicos laureados com o Prêmio Nobel. É que, se a vida humana não passa do insignificante produto acidental de umas moléculas de proteína, pouco importa que um psicopata seja eliminado como inútil e que ao psicopata se acrescentem mais uns quantos povos inferiores: tudo isto não é senão raciocínio lógico e conseqüente”.

    E por que lembrei disto? Pois vejo que retirar do seu humano o que ele tem de humano é torná-lo apenas um ser, uma coisa, um bicho.

    Sabem porque colaboro? Porque quando preciso de alguma coisa eu encontro DE GRAÇA na imensa maioria das vezes. E se eu quiser ganhar dinheiro com isto eu EMPREENDEREI nesta direção pois é isto antes de tudo, a atividade empreendedora do cara que está ganhando com o trabalho voluntário do colaborador, que está mudando o mundo (Google, Wikipedia, etc…). Mudando para melhor!!!

    Alex Brum Machado
    Cavaleiro do Templo
    http://cavaleirodotemplo.blogspot.com

  5. Luiz Ramos disse:

    O individuo é essencialmente um animal social e usa as ferramentas de que dispõe para viver e vivenciar.
    No ano de 2007, escrevi o texto abaixo no Globonliners:

    “Linguagem e pensamento

    A existência de uma farta bibliografia literária e comunicação sobre formas e estruturas narrativas com a qual estava familiarizada me forneceu uma primeira pista de grande valia… Muitas das obras dessa bibliografia apontavam para a divisão das estruturas narrativas em três grandes tipos: espaciais, temporais e causais…
    Os três tipos de descrição começaram a aparecer numa limpidez cristalina: a descrição qualitativa, em nível de primeiridade, a descrição indicial, em nível de secundidade e a descrição conceitual em nível de terceiridade.”(*)

    Que a Linguagem e o Pensamento, através de sons, imagens e palavras, preencham nossos dias e que tenhamos felicidade e solidariedade como conseqüência.

    Fonte: (*) Matrizes da Linguagem e Pensamento – Sonora Visual Verbal – Lucia Santaella – pág. 16 – ed. FAPESP/Iluminuras – São Paulo – 2005”.

    São apenas fragmentos do muito que se pode dizer sobre Conhecimento e Web 2.0.
    Abraços
    Luiz Ramos
    PS. Tenho um texto sobre o tema.Visite meu outro blog em:
    http://ramosforestenvironment.blogspot.com/

  6. […] post no Webinsider, o Carlos Nepomucemo questiona porquê os usuários colaboram nas redes sociais. Não concordo com os pontos expostos […]

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