Toda a ciência nada mais é do que o refinamento do pensamento cotidiano – Einstein – da minha coleção de frases.
Imagina um avião que cai com todos os passageiros.
Descobre-se que um parafuso XYZ estava solto.
Providencia-se um manual, treina-se as pessoas, aquela causa de acidente foi sanada. Se seguido os passos, antes desconhecidos, não irá mais ocorrer.
Porém, as pessoas que morreram, por motivo daquele problema, morreram sem motivo aparente.
Foi uma coincidência estarem naquele avião.
Ou seja, há algo caótico, em parte, e lógico por outro.
Os parentes se perguntam o motivo “por que ele/ela?” e não têm resposta.
Apelam para tudo, mas nada irá explicar estarem aquelas pessoas naquele lugar: destino? Deus? Na hora deles?
É o lado caótico da vida.
A vida é caótica e nós por insegurança precisamos tentar estabelecer alguma lógica para não enlouquecermos.
Muitos apelam para o místico ou para a religião, mas o centro de tudo é sempre a nossa relação com o inexplicável (até que uma lógica científica nos ajude a parcialmente colocar uma lógica nas coisas.)
Um exemplo:
Será que somos uma célula, todo o universo, no corpo de um ser muito maior?
Por que não?
Ninguém prova que sim, ou não.
Possível?
Toda a Ciência vai nessa direção: tateando e colocando, parcialmente, luz no escuro.
Do caos, do início do mundo, ao que podemos “entender” parcialmente hoje.
Acredito que é a mesma lógica de uma formiga, que alguém pisa sem querer.
O motivo: o caminho do formigueiro está exposto, mas por que aquela formiga em particular foi esmigalhada?
Não se sabe.
A Ciência, qualquer uma, lida com o trabalho de reunir dados, informações, juntá-las para criar determinada lógica que nos ajude a prever o futuro.
A ciência sempre será uma construtora de lógica, a partir de novos dados, conseguidos por novas tecnologias (telescópio, microscópio, tomografia do cérebro) aliado a mentes inteligentes que conseguem juntar as partes de forma diferente.
Quanto mais simples e exata, melhor!
Se o elemento X juntar com o Y vai dar Z.
É a lógica da coisa.
Olha-se o passado, no presente para se prever o futuro.
Evitar doenças, ou tratá-las.
Saber como se pode enviar um foguete para a lua, prevendo todos os obstáculos a serem contornados.
Há, nesse processo, além dos fatos ocorridos, acontecimentos novos.
Pois o universo está em expansão, como tudo.
Estamos nos movendo, não estamos parados.
Nem o sol, a terra, os planetas, tudo está em movimento.
O fato de não vermos é outro problema!
Sob esse ponto de vista, teríamos duas possibilidades de fenômenos:
- os que já aconteceram e se repetem de forma aparentemente similar, mas que olhamos para eles de forma equivocada e agora evoluímos por vários motivos, novas visões, equipamentos, etc;
- os que nunca ocorreram, em função de fenômenos totalmente novos, um choque de satélites no espaço, por exemplo. Ou um bebê de proveta que passa a ter problemas genéticos inesperados. Ou ainda algum tipo de doença advinda da energia nuclear.
Assim, muito mais do que olhar os fatos, os dados, é importante estudar a lógica das coisas. E isso se prende, basicamente, no caso da sociedade, nas necessidades humanas e como fazemos para resolvê-las, algo imutável, desde que somos gente.
A manipulação dos fatos tenta sempre esconder a lógica das coisas.
Procurar a lógica é fugir da manipulação dos fatos.
Falo para meus alunos e repito aqui: procure a lógica das coisas, não se mexa, ou faça com cuidado, enquanto não entender como o jogo está sendo jogado, pois é capaz de perder e achar que ganhou, ou vice-versa.
O que existe por trás dos movimentos e dos processos, que se revestem de elementos novos ou velhos e acontecem de forma similar.
Muitos problemas do estudo da rede se dão nessa direção.
Antes, vivíamos a fase das plataformas de conhecimentos materias e tangíveis. Elas demandavam tempo e investimento alto para se mexerem.
Demoramos séculos ou décadas para sair do livro manuscrito para o impresso. Para inventar o rádio e a tevê.
Hoje, aparece um Twitter a cada seis meses.
Há uma lógica por trás de todo este caos, que ainda não conseguimos dominar, mas é urgente que o façamos!
Estamos apenas tateando sobre como as plataformas de comunicação e informação afetam nossas vidas.
E, com um fenômeno novo, como elas dentro de um ambiente digital, na velocidade que estão, irão mexer com a sociedade, nos tirando o chão a cada esquina.
Obviamente, que o passado pode nos ajudar a fazer relações e nos ajudar um pouco mais no caos inevitável.
Assim caminha a ciência…e, por sua vez, a humanidade.
Fecho com um trecho de um pensador que gosto bastante: Marcelo Gleiser, que publica na Folha e no seu blog Micr/Macro.
Sempre existirão questões não perguntadas e não respondidas; e mesmo questões que nada têm a ver com a ciência. A escolha do que fazemos com essa nossa ignorância perene é pessoal: existem aqueles que preferem optar por ter fé em entidades sobrenaturais e existem aqueles que, como eu, preferem aceitar a simplicidade do não-saber. Não ter todas as respostas é a pré-condição para o nosso crescimento. Nesse sentido, mesmo se a ciência não resolver o enigma da primeira causa – e existem obstáculos complicados que ficam para outro dia-, prefiro continuar tentando e aceitar que, por ser humano, minha visão de mundo tem limites (mais aqui).
Eu concordo com ele. E você?