Onde está o conhecimento que perdemos na informação? E onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? – T.S Eliot – da minha coleção de frases.
Imagine a cena.
Geralmente, passa em diversos filmes de guerra antigo na tevê.
Um grupo de prisioneiros consegue construir um rádio e tem esparsas informações sobre a guerra.
Ufanismo de um lado, ufanismo de outro.
O que, de fato, está ocorrendo?
Vive-se a escassez da informação, precisa-se de dados, qualquer dado!
Vale a pena arriscar-se a morrer numa fuga ou esperar a guerra acabar?
Por outro lado, no QG de guerra, seja alemão ou inglês.
Informações vêm de todos os lados, muitas, em demasia.
Quais são falsas, verdadeiras?
Quais são importantes, se destacam?
Como filtrar tudo e ter uma visão clara do que fazer?
Onde atacar, onde se defender?
Como ganhar a guerra?
Qual o próximo passo?
No mundo atual saímos do campo de concentração direto para o QG de guerra e estamos tontos.
Diabéticos informacionais dentro de uma banheira de chocolate!
Da virada de uma plataformas de conhecimento para outra, estamos saindo, como vários autores têm ressaltado (destaco o Chris Anderson, no “Free” e o Clay Shirky, no “Here Comes Everybody“) de uma entropia da escassez para a abundância.
- A idade mídia nos privou de canais de troca de ideias.
- A Web está nos saturando deles.
No primeiro, ninguém consegue tomar decisões sábias sem informação.
No segundo, ninguém consegue justamente pelo excesso delas!
Assim, repito, estamos saindo dos canais limitados dos rádios, tevês e grandes jornais para o QG moderno, no qual tudo vem para nossas telas, sem filtros.
- Quanto mais abundância, mais teoria, conceitos, para se chegar a sabedoria são necessários.
- Quanto mais escassez, mais canais.
Há uma relação entre os dois.
É preciso nestes momentos sabedoria, abstração, imaginação para construir grandes cenários.
Tem que se apostar na parte central do triângulo:
É preciso se repensar o quadro geral.
O resto está aí, dado, barato e fácil.
É o caminho para as empresas 2.0, tanto da mídia, como para as outras.
É o que fará a diferença!
Arrisco dizer que foi o que ocorreu na chegada do pós-livro industrial na Europa.
(Não existe momento tão parecido e com fontes disponíveis ao que estamos passando hoje, que merece mais e mais ser estudado!)
Nó século XVII, o livro impresso abriu a porteira para o iluminismo dos grandes pensadores, que precisaram diante de tantas ideias novas, um movimento amplo de repensar o mundo, o humano, as religiões para que pudessémos olhar de novo para tudo, com um novo olhar.
O movimento era coerente com o afluxo das ideias que, na química entre elas, que geraram novas perspectivas e, depois, uma nova sociedade, se contrapondo ao deserto árido dos canais escassos e censurados dos reis e papas da Idade Média.
Ou seja, lá também criaram as redes sociais, uma revolução igual à que assistimos para a época.
Vimos claramente um “Orkut do livro“, através do fazer da Ciência, com links para as citações e bibliografia dos outros pensadores, que resultou em todo o avanço tecnológico e do pensamento, que esculpiram a nossa sociedade contemporânea.
(Já falei mais sobre isso aqui.)
Era preciso, antes de tudo, gente que pudesse juntar as partes com as novas ideias para criar novos conceitos, na maré da explosão informacional.
(Vide abaixo Descartes “blogando”.)
É o mesmo que assistimos agora na Web 2.0!
Estamos entrando, assim, na fase da necessidade da revisão de valores, contra a overdose de informação!
A maioria das coisas que nos chegam é a mesma coisa, com várias pontas, mas não conseguimos juntar.
É preciso economizar tempo, estudando e criando novas teorias.
E é justamente isso que queremos ver estampado nos canais que dispomos, pois da informação já estamos cheios.
Hoje, quando toda a mídia procura o eu papel, rediscute-se o currículo dos jornalistas (e se fala até em mais prática!!!), é interessante colocar este novo cenário.
Não se quer mais e mais informação, mas filtro, síntese, análise, debate, criatividade para analisar os dados!
O que se deve buscar é gente com este perfil capaz de fazer com que o conjunto “toque” sentido.
Estes são os caras!!!
Notícias isoladas criam ansiedade, preencheem o tempo, mas, ao invés de nos conscientizar e nos fazer tomar decisões maduras, ao contrário, vão mais e mais nos alienando, infatilizando, pois estamos olhando tudo com o olhar da Idade Mídia, passada!
Nos tornando autômatos, bobos….ao invés de podermos interferir no processo.
É preciso uma revisão geral dos conceitos.
E quem vai fazer isso?
Entramos na fase de que os pensadores modernos serão mais e mais úteis.
Prevejo, como já vemos, a explosão dos pensadores, um novo iluminismo 2.0!
Cada vez, menos geradores de notícias, como sugere o NYTimes, na visão equivocada que ele e a maioria de seus pares têm insistido.
Consideram que vivemos uma mudança de suporte (papel para o digital) e não de uma nova forma de trocar ideias (vertical para horizontal), como, de certa forma, ocorreu na pós-idade-média.
Vejam o exemplo prático do contínuo equívoco, marcas em vermelho:
‘NYT’: uma empresa de notícias, não de jornais
O Globo
NOVA YORK- A New York Times Co., que publica o jornal homônimo, é uma empresa de notícias, não de jornal, afirmaram esta semana seu diretor-executivo, Arthur Sulzberger, e sua presidente, Janet Robinson. Em comunicado interno distribuído no último dia 14, eles ressaltam a importância de distribuir conteúdo às pessoas, seja por meio impresso, seja on-line.
– Temos o compromisso de oferecer a nossos consumidores nosso conteúdo onde e quando eles quiserem, até em maneiras que eles não imaginavam – impresso ou on-line – em texto, gráficos, áudio, vídeo ou eventos. Por causa de nosso jornalismo de alta qualidade, temos marcas muito poderosas e confiáveis, que atraem um público educado, afluente e influente. Esse público é uma verdadeira vantagem competitiva à medida que estamos em um mundo cada vez mais digital – afirma a nota.
Muda-se a casca, mas não o conteúdo.
Me alinho em parte com a opinião do Ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva, em entrevista, que saiu hoje:
Concordo com ele quando fala em aprofundr a investigação, ampliar a complexidade e o poder de análise. Os fatos são fundamentais, mas cercados de sentido.
Antes, eles eram os que informavam, hoje não são mais.
É isso!
Concordas?
(Falo mais sobre a diferença entre dado, informação, conhecimento e sabedoria aqui.)
Concordo. Gostei do termo Diabéticos informcionais!
Você tem razão, vivemos numa sociedade muito parecida com a Idade Média. Pouco mudou nos serviços prestados, governos e relações entre pessoas. Mas uma coisa não podemos negar, a comunição de hoje é mil vezes mais rápida. Só que esta velocidade gera vários fatores negativos ao homem. Um deles é a depressão.
Segundo dados da OMS, a depressão é a nova pandemia que assola a sociedade. Esta pressa em conhecer tudo e acompanhar as informações em tempo real esta gerando uma sociedade aflita por qualquer informação.
Claro que ter conhecimento amplo de vários assuntos pode ajudar o ser humano a encontrar respostas para tudo. Porém, até que ponto conhecer tudo é importante pra nossa vida? Será que conhecer pessoas ou comunicadores que sabem um pouco de cada coisa é mais importante?
Na minha opinião, a socidade ainda não aprendeu a conviver ou organizar as informações que recebe diariamente. Quando isso acontecer e se acontecer, o homem viverá numa especie de Twitter, onde segue quem ele quer e não quem ele é forçado a seguir.
Gustavo, valeu a visita!
Demevir, acredito que quanto mais informação, mais sabedoria devemos ter, que passa pelo auto-conhecimento e aprofundamento filosófico para separar o joio do trigo, grato pelo comentário e visita.