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Temos associado que só é possível ser “bom” ou éticos se temos debaixo de nós (ou acima) uma religião.

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Religiões, a meu ver, são definidas pela sua proposta diante da morte e a sua grande força é justamente esta: dar conforto, respostas para as pessoas diante dessa tragédia humana.

Sabe que vai morrer e não pode fazer nada diante disso.

Ou seja, se um dia formos imortais, ou quase isso, será que as religiões serão tão necessárias?

Independente isso, podemos entrar em outro campo.

É possível ser ético sem religião?

O problema é que as religiões, ao definir um significado para a morte, sempre há algo depois, que estruturam todas as religiões, passam a defender, a partir disso, um significado para a vida.

Note bem que a vida passa a fazer sentido, pois existe algo que vem depois.

É muito difícil não cair para um hedonismo não religioso se sabemos que somos iguais às formigas e que nossa vida começa e acaba aqui.

Assim, a ética religiosa, seja ela qual for, é baseada em que há algo depois da vida e esse algo define a nossa existência.

Seria uma ética religiosa, pois há algo além de nós.

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E aí surge a figura de alguma coisa maior do que o ser humano na figura de Deus, que extrapola nossa vida individual e, além da morte, dá esse sentido mais ético em relação à existência.

Há, porém, a possibilidade da ética sem religião que é o que procura apontar a filosofia, que incorpora Deus de outra maneira, não pela emoção, ou procura do conforto, mas pela procura de lógica.

Assim, podemos apostar em um sentido maior na procura de um legado, que talvez preencha alguma demanda do ego e da tentativa de deixar uma marca, como se fosse possível transcender a morte, deixando algo.

Vê-se bem isso nos túmulos.

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Há, assim, uma procura de significado não por um sentido religioso, vida depois da morte e o compromisso com Deus, mas algo que poderia ser deixado, como um túmulo como este da moto, que deixaria uma pegada da pessoa na “areia da vida”.

O que seria uma procura espiritual, ma não necessariamente religiosa.

Nos dois casos estamos lidando com o mesmo fenômeno: o medo da morte e o que podemos fazer a partir dele.

Há, assim, em ambos os casos a necessidade de se ter um significado.

O que nos leva a outro ponto que é o bem-estar e a luta contra a depressão, uma das maiores doenças do século, sejam as provocadas por doenças químicas ou as conjunturais por crises existenciais.

A falta de significado, seja religiosa, ou espiritual, é justamente o que dá, para um conjunto de pessoas, uma sensação de vazio.

Tem gente que vive bem também sem isso.

Crises existenciais são em geral crises de falta de significado.

Assim, defenderia a seguinte ideia:

  • – ter um significado na vida, como algo que pode deixar um legado, cria na pessoa um propósito;
  • – este propósito, seja religioso, ou não, gera um projeto de vida;
  • – este projeto de vida, pode abarcar sentimentos coletivos, no sentido do bem servir ao público;
  • E este conjunto de condutas podemos definir como uma ética, que tem algo de espiritual, pois transcende a matéria e a vida, mas que não é necessariamente religioso.

Muitos dirão que tem gente que é ética e não tem um propósito de vida, seriam os céticos éticos.

Porém, estou aqui a pensar em um tipo de ética espiritual de transcendência.

A pensar.

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