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Não estamos numa época de mudanças, mas em uma mudança de época – Chris Anderson – da coleção;

Outro papo que rolou  no grupo de estudos II, que começou há duas semanas, foi sobre a questão das revoluções.

Que desembocou na necessidade de  explicitar  duas revoluções  humanas possíveis: as sociais da contra-informação e as informacionais, que me parecem emboladas teoricamente.

Vamos a elas.

Vamos detalhar algumas coisas, que são premissas básicas.

  • 1- o ser humano precisa de ideias para viver, que é a mola propulsora do cérebro.  As ideias estão contidas naquilo que chamamos de informação. Sem elas, adeus humanidade;
  • 2- toda sociedade estabelece uma estrutura de poder, que cria um ambiente informacional para que as ideias correntes, ou o senso comum, ou um bolsão de valores, seja majoritariamente aceito. É o que acaba circulando majoritariamente por aí;
  • 3- estabelece-se, para isso, filtros, controles informacionais, por limitações tecnológicas, por um lado, e interesse de continuar doutrinando por outro. E estabelece-se que isso é o “bom”, “muito bom” e repete-se isso,via meios disponíveis.

É assim que considero que funciona qualquer sociedade.

Assim, sempre precisaremos de ideias, de filtros, de bolsões de valores, de poder para podermos viver em sociedade –  fazem parte do jogo humano, até aqui.

Não há sociedade sem isso.

(Não se pode saber o que virá com a mudanças dos genes, que pode alterar o que somos, mas até aqui nessa humanidade, é assim que nos parece.)

A forma como isso se estabelece nos cria zonas de conforto e desconforto sociais.

Quando há uma zona de desconforto, quando boa parte da população não está mais conseguindo resolver seus problemas (que podem ser básicos ou abstratos), dependendo do nível de desenvolvimento, há a possibilidade de uma revolução.

Toda revolução social acontece quando um determinado grupo de visionários/revolucionários:

  • a) percebe/sente o desconforto;
  • b) se utiliza de forma criativa dos  canais de emissão de ideias existentes  e passa a jogar uma contra-informação (furando o bolsão de valores corrente) para que se aponte  nova possibilidade, através de novos conceitos, vindos principalmente de pensadores e filósofos, que elaboram os novos conceitos, que vão ser a base para a construção do pós-neo-bolsão-de valores;
  • c) o movimento chega a um ápice, retira-se do poder quem definia o bolsão, coloca-se novas pessoas, criam-se novas leis, novos filtros, novo bolsão de valores, cai-se de novo na zona de conforto e a vida segue.

Vamos chamar essa mudança radical de:

Revolução social a partir de um processo de contra-informação utilizando os meios de divulgação de ideias vigentes.

Que pode ser resumida de:

Revolução social pela contra-informação

Basicamente, é esta a história das mudanças sociais, incluindo-se da Revolução Francesa à Soviética, para falar de duas relevantes em história recente.

O fenômeno Internet foge desse regra geral de mudanças revolucionárias, ainda não estudada pela sociologia, por falta de repetições históricas.

A passagem do mundo pré-Internet para o pós-Internet segue uma lógica diferente, com algumas semelhanças, vejamos, que é uma revolução, mas de outro tipo, com consequências muito mais explosivas:

  • a) há um desconforto geral, por problemas de consumo e produção da informação, que não são latentes, são invisíveis, pois é algo que as pessoas mesmos não sentem, que é uma característica das crises informacionais, caladas (sente-se que há problemas, mas não se sabe de onde ou como vai se resolver.);
  • b) nesse tipo de revolução informacional não há ninguém que se apropria dos canais de emissão de ideias e joga uma contra-bolsa de valores para que aponte uma nova possibilidade. Há, ao contrário, uma tecnologia que surge por baixo da sociedade, que recebe uma grande adesão, pois resolve a latência invisível, porém ela não vem para a sociedade com essa intenção, mas é apropriada por ela, pois resolve a latência invisível;
  • c) esse novo ambiente informacional-tecnológico permite uma oxigenação social – aí sim – potencializando que novos conceitos, vindos principalmente de pensadores e filósofos, antes sem voz, que sustenta o pós-bolsão possam começar a circular suas ideias na sociedade. É um ambiente de pré-revoluções sociais;

  • d) o movimento informacional-tecnológico se massifica e cria o espaço da pré-condição para que as Revoluções sociais pela contra-informação possam ocorrer em larga proporção, foi o que se viu depois do livro impresso. É um renascimento de ideias para se reestrutura de forma profunda, e não superficial, TODO nosso conceito de humanidade e sociedade.

Motivo: crescimento populacional. (Mais sobre isso aqui.)

Assim, a Internet é uma Revolução informacional-tecnológica, que funda uma nova civilização, pois semeia o solo para as outras revoluções sociais da contra-informação possam acontecer.

As causas para que isso ocorra, tal como o aumento da população, que exige uma nova ordem social, podem ser lidos aqui, no meu novo E-book.

O que é interessante é que quando temos uma Revolução informacional-tecnológica necessariamente temos um rompimento de velhos filtros, os bolsões de valores são questionados de forma conjunta, de maneira geral, tudo ao mesmo tempo.

Não é a toa que logo depois do livro impresso, tivemos o fenômeno da renascença e do iluminismo.

Era luz, já que ideias novas surgiam e mexiam com a cognição das pessoas, gerando uma velocidade maior de Inteligência Coletiva, tal como ocorre hoje.

Todos os conceitos – que eram fruto do controle passado – vêm para a luz do dia e passam a ser respensados, tais como agora:

Lucro, privacidade, comunicação, informação, relação, diálogo, tecnologia, amor, solidariedade, capitalismo, sociedade, economia, escola, Deus, Ciência, Religião, colaboração.

Absolutamente tudo ganha nova roupagem, pois nossa maneira de pensar é condicionada pelo filtro da vez, que cria o Bolsão de Valores.

Novos filtros, novos bolsão de valores.

Note que há uma retirada global dos filtros para todos os habitantes do planeta, ao mesmo tempo, agora!

Estamos desfiltrados, gestando um futuro radicalmente diferente.

Uau!

Numa revolução social da contra-informação os questionamentos são mais conjunturais e pontuais para resolver parcialmente um desconforto, geralmente de uma região específica, que pode se espalhar depois.

Muda-se o poder, mas se mantém a mesma relação na forma de produzir e consumir informação.

Numa revolução informacional-tecnológica os questionamos são mais globais e abarcam toda a civilização de maneira mais geral,  todo o globo, pois muda de maneira geral a forma que TODOS lidam com a informação e com todos os conceitos embutidos no Bolsão de Valores anterior, que estavam condicionados pelos filtros passados.

O poder não muda (por enquanto), mas se muda a relação na forma de produzir e consumir informação.

O que é algo muito mais radical, porém invisível para quem não consegue enxergar seu potencial.

Uma revolução informacional é algo extremamente explosivo, mas nós não nos damos conta disso.

Por isso a revolução que a Internet traz é tão radical, global, incontrolável.

É um ajuste sistêmico de um mundo A (com poucos habitantes) para um B (com mais habitantes), pois precisamos continuar a viver.

E por isso estamos numa fase de eclosão de novas revolucões  da contra-informação.

O que falta são apenas líderes que saibam usar bem os novos canais, que consigam perceber desconfortos.

Os três elementos estão aí (novos filtros/canais, desconfortos e revolucionários)  questão apenas de tempo.

Estamos com a Internet, assim, gestando revoluções que vão nascer em breve.

Não, não  sou eu que digo isso, como uma profecia.

É o que consegui apreender da história das revoluções da informação, estudo fundamental para entender o que está ocorrendo.

São prognósticos, a se repetir algo do passado.

Que dizes?

Diário do blog: as ideias não são tão novas, mas é uma síntese diferente, o que me faz abrir novas possibilidades.

7 Responses to “As duas revoluções”

  1. Lucia disse:

    “O que falta são apenas líderes que saibam usar bem os novos canais, que consigam perceber desconfortos.”

    Faz sentido, mas é assustador. O que vemos em relação a internet é uma massa humana robotizada utilizando a ferramenta no piloto automático, sem nenhuma crítica. E se esse líder for do mal? Um novo Hitler?

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Lucia, revoluções são revoluções….

    Há nelas dois pólos os que querem ampliar os espaços (mais liberdade) e os que vão se sentir desconfortáveis com isso (vide fundamentalistas).

    Os dois lados estão disputando espaço e derrubando prédios.

    Essa massa humana robotizada é o aprofundamento de uma população de 7 bilhões, se não houver padronização, não se resolve à demanda.

    Seremos mais formigas do que fomos antes? 😉

    Sim, mas trabalharemos muito mais em grupo também.

    Perde e ganha.

    Quer pular fora? 😉

    Às vezes dá vontade, às vezes não dá, basta ver obras coletivas, como essa:

    http://www.youtube.com/watch?v=Us-TVg40ExM

    bjs

  3. […] A Internet é uma revolução da informação que vai refazer a nossa civilização justamente rever a hipocrisia 1.0 e criando a hipocrisia 2.0. […]

  4. Marcus disse:

    Eu particularmente adoraria se a internet fosse ferramenta de uma revolução “das antigas”, assim não teríamos Tiriricas e Sarney’s no poder.

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Marcus,

    temos que ver tudo em filme e não em fotos…nessa direção o voto de protesto Tiririca sempre vai acontecer.

    É um jeito de dizer não, ou nulo, de algum jeito.

    abraços,

    Nepô.

  6. […] A Internet é uma revolução da informação que vai refazer a nossa civilização justamente rever a hipocrisia 1.0 e criando a hipocrisia 2.0.  […]

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