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As novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas empresas como nas escolas – Pierre Lévy – da minha coleção de frases;

A história humana é marcada pelo desenvolvimento de duas redes sociais, sendo que a Internet inaugura uma terceira.

  • A rede social física (produtiva) formada pela chamada infra-estrutura pela qual circulam mercadorias:  estradas, aeroportos, portos, que aportam aviões, trens, caminhões, onde já passaram cavalos, carruagens, que permitiram – e permitem –  que determinada encomenda seja enviada por um pedido a carta, ou pombo correio, pela Web, celular, etc. Ou seja, por onde as mercadoria tangíveis circulam, comida, roupa, aço, ferro, petróleo. Sempre haverá no mundo mercadorias tangíveis e redes físicas. Ninguém come Bits;
  • A rede social lógica (cognitiva) é aquela em que trocamos  ideias, mensagens, nos informamos, nos comunicamos  sobre as coisas do mundo e pelo meio da qual se faz encomendam mercadorias, formada antigamente pelo batuque dos tambores, sinais de fumaça, telégrafo, cartas, telefone; e hoje, pelos celulares, sites,  twitters, etc;
  • A Internet cria uma terceira e nova, a rede social produtiva-cognitiva, que viabiliza a circulação de bens intangíveis, com a venda de produtos e serviços, comprados e consumidos pela rede lógica, tal como filmes, áudios, textos,  tradução, redação, programação, etc.

Para ilustrar melhor, Vejam abaixo as duas redes, pré-Internet separadas uma das outras:

3redes1

E a junção das duas para criar uma terceira, na pós-internet:

3redes_sociais3

Houve, assim, uma intersecção da Rede Física e da Rede Lógica, isto é uma grande novidade, justamente ela tem deixado tonto o pessoal que comercializava  produtos intangíveis nas redes físicas, através da circulação de mercadorias palpáveis: livros, cds, DVDs em  livrarias bancas de jornal, cinemas, empacotando o que era intangível.

Assim, o valor dos bens intangíveis, que circulava nestas redes sociais físicas tinha um custo e era repassado, com uma grande margem de lucro.

Dominava-se, portanto, os canais da rede física, criando um monopólio, e “tudo ia bem” para quem estava no comando e mal para quem queria consumir, pois era obrigado a aceitar as regras de um jogo nem tão meritocrático.

Com a criação de uma  rede da circulação de bens intangíveis (produtiva-cognitiva) esse custo despencou, pois as mercadorias intangíveis circulam a custo zero.

Muda-se completamente a lógica das coisas para esse grande mercado, que deve deixar de ser um atravessador entre as mercadorias intangíveis e o consumidor e passar a ser um incentivador de eventos – gerando de novo valor – oferecendo ao mercado aquilo que não está disponível na nova rede.

Por outro lado, a rede física, por onde circulam mercadorias tangíveis, há uma forte influência da nova rede cognitiva-produtiva.

Cada vez mais assistimos a inclusão de chips nos produtos, que passam a ser monitorados por satélites, pardais, formando um grande sistema de logística, que migram e se relacionam com o mundo da Internet.

Hoje, é possível saber tanto onde está o livro que você comprou, entre a postagem e a chegada na sua casa; como o Hospital Albert Einstein já sabe onde está cada uma das suas macas para economizar recursos.

Ver matéria “Um trilhão de sensores“, da Exame, 971.

Segundo a Exame nessa reportagem, o MIT calcula que até 2015 teremos 1 trilhão de sensores, já que o chip, uma etiqueta que “digitaliza a mercadoria”, caiu de 2 dólares a unidade para 30 centavos de dólar.

Veja mais exemplos de uso de chips neste post.

Essa mega rede digital interconectando as outras, tenta agilizar e reduzir custos, para para sairmos da crise de inovação produtiva que nos metemos.

Soma-se a isso a incorporação dos consumidores na produção das mercadorias, na pré e pós, como na venda, ver exemplos mais abaixo.

Assim, podemos afirmar que existe hoje três redes sociais distintas, que geram bastante confusão, na hora de se pensar estratégias para a atuação corporativa.

  • Uma é a rede social lógica (cognitiva) baseada na troca de ideias, formada pelos usuários do que chamamos “Rede Social”;
  • Uma rede social cognitiva-produtiva por onde circulam mercadorias intangíveis. É quando colocamos mercadorias para circular, onde era apenas comunicação;
  • E outra rede social física produtiva, na qual se participa (co-criando) diretamente da produção, através de ferramentas de colaboração e a incorporação mais e mais das mercadorias nesse meio, via chips.

Hoje, estamos muito mais na primeira, caminhando para a segunda e engatinhando na terceira.

Exemplos?

A rede social cognitiva “pura” é o Facebook, só comunicação, troca de ideias (apesar de já quererem colocar venda dentro dela);

A cognitiva-produtiva é a Amazon, com a venda de livros para o Kindle, que produz e vende livros digitais pela rede, unindo ao mesmo tempo a rede de cognição, produção e distribuição;

E a rede social produtiva podemos falar:

  • Na pré venda do Fiat Mio da Fiat, na qual o usuário co-cria um novo carro;
  • Na venda, a Dell, que estimula  o usuário escolher seu computador personalizado;
  • E na pós-venda, o chip da Nike que acompanha o usuário na corrida, dando informações ao fabricante do uso na prática do produto ou cria uma canal para valer entre a reclamação e a mudança de processos, produtos e serviços.

Quando se fala em trabalhar com redes sociais,  seria bom perceber que existem estas três possibilidades. E o grande mistério para sair uma boa comida é saber a necessidade de cada caso e como misturar os temperos.

  • Quem vende mercadoria tangível deve ter uma estratégia;
  • Quem vende intantígel, outra;
  • E todos com uma estratégia para incorporar mais e mais os consumidores em um ambiente digital produtivo para melhorar e co-criar produtos.

Corre-se o risco de se querer fazer um prato fino e sair um prato pra lá de grosso.

Nessa perspectiva, em termos de estratégia teríamos:

  • A primeira rede lógica envolve projetos de comunicação-cognição, que é apenas de contato, troca,  longe da produção;

(É aí que está o esforço hoje dos projetos de “mídias sociais” das empresas 1,5, que ficam apenas trabalhando tudo isso no âmbito da comunicação eunuca, sem diálogo e sem envolvimento de tudo isso na produção.)

  • A segunda envolve todos que têm produtos intangíveis para vender, livros, música, vídeos, serviços, etc, uma oportunidade enorme para quem já superou a fase inicial do susto e do medo, vide sucesso do Iphone, com seus milhares de softwares produzidos por usuários, ou do Kindle, que começam a “jantar” as editoras tradicionais, na rede cognitiva-produtiva;
  • E a terceira que vende produtos que nunca poderão circular na rede, tangíveis (carro, moto, avião, prateleiras, roupas), mas que pode usar bastante as redes sociais produtivas para projetar, vender, acompanhar o uso e melhorá-los, na rede Física.

Estamos apenas engatinhando e, com certeza, ainda chamando tomada de pomada.

Que dizes?

One Response to “As três redes sociais”

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