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O brasileiro é alegre, mas não feliz – Renato Russo da minha coleção de frases;

Nós pensamos sempre, entre outras coisas, no aqui e no agora.

E achamos que temos que ver todos os problemas resolvidos na nossa geração.

O primeiro passo para irmos adiante e navegarmos em outros mares é pensarmos sempre no que fazemos, como irá impactar o país daqui a 10 gerações adiante.

Difícil?

Necessário, pois se os nossos antepassados tivessem pensado assim, não estaríamos hoje com os problemas que temos.

E qual o nosso principal problema?

Mentalidade.

O que acho que temos que rever:

  • Como sair da nossa passividade default e criar uma atitude pró-ativa do “eu reclamo” para o “me responsabilizo”?
  • Como sair dessa postura sempre individual do “meu umbigo” para  nós, “no coletivo”?
  • Como saltar da visão sempre de curto prazo para visualizarmos mais o longo prazo?
  • Como, independente do exemplo de cima, manter o sentido ético de baixo para cima?
  • Como criar a união e a preocupação coletiva de incluir e resolver os problemas da nossa BR-Índia como o apoio da BR-Bélgica?

Dizem que com a educação naturalmente iremos caminhar nessa direção?

Será? Em quanto tempo? E que preço pagaremos para viver nesse eterno país que não aprende?

Lendo o livro, “Levar Adiante“,  que recomendo fortemente para quem estuda redes, Bill Wilson o idealizador do AA (Alcóolatras Anônimos) formou uma metodologia de rede para resolver problemas de compulsão, que serve como base para solução de diversos problemas.

O interessante que a ideia da partilha do AA foi buscada nos cristãos primitivos, antes do confessionário, que, ao invés de confessarem para o padre, conversavam entre eles. O pecado era coletivamente discutido. Era 2.0! 🙂

Bill Wilson

Faço, aliás, um paralelo das ideias de Wilson com as de Paulo Freire e Augusto Boal.

O aprendizado coletivo em redes, a partir de problemas insolúveis individualmente.

Na base do aprendizado daquelas redes, baseando mais no AA,  que servem para qualquer outra, temos:

  • 1- a intervenção e discussão de grupos focais para resolver problemas coletivos insolúveis. igual ao conceito do teatro fórum de Boal e do alfabetização do oprimido de Freire;
  • 2- grupos a-políticos, a-religiosos, respeitadores de qualquer gênero, raça ou classe social;
  • 3- sustentação financeira pelo próprio grupo;
  • 4- separação do condicionamento (ego) da pessoa (consciência), não somos os que pensamos – uma forma de trabalhar de forma diferente com a culpa (judaico-cristã).

Pode, a princípio, parecer ingênuo, mas seria interessante tentar formas de criação de grupos focais para discussão de problemas, tendo como foco a procura de soluções do dia a dia sobre outro ponto de vista, questionando a nossa maneira de ver o mundo (alternado mentalidades.)

Nessa direção, o PT, nas suas origens, que participei, tinha a ideia de núcleos por bairro, empresas, etc.

O empoderamento pela base.

O problema que aqueles núcleos passaram a ser meio para se chegar a um determinado fim: o poder.

Ou seja, os grupos focais (núcleos do PT) que elegeram Lula, eram apenas um canal de transmissão para algo maior.

Na metodologia do AA, de Freire e de Boal não se trabalhava com Redes de Ação, mas Redes que visavam puramente a melhora da cognição, que levava aos participantes a terem outras atitudes, na vida, fora daquele ambiente.

O que elimina a disputa do poder interno, um dos grandes pulos do gatos, aliás, do AA.

Por isso, acredito que grupos focais de discussão (Redes de Cognição) de problemas podem ser instrumentos poderosos para melhoria cognitiva de cada participante e não devem atuar para determinado fim, mas apenas reunir as pessoas para que se mútuo-ajudem a resolver seus problemas do lado de fora, tendo como foco sempre rever a nossa mentalidade.

Pode dar certo?

Quem sabe?

Brasileiros anônimos?

É uma semente que vou desenvolver mais adiante.

E, obviamente, testar em algum momento.

Que achas da ideia e o que melhoraria nela?

Diz!

8 Responses to “Brasileiros Anônimos”

  1. Leandro disse:

    Sem dúvida é uma opção das mais difíceis de colocar em prática, acostumados que estamos todos a colocar nossos destinos nas mãos dos outros.

    Um projeto de país pode ser feito desta forma? Seria o ideal. Tenho apenas dúvidas de sua viabilidade em larga escala. Mas a cada dia vejo que a melhor forma de gerir as coisas é assim.

  2. cnepomuceno disse:

    Leandro, a ideia do AA e similares é a seguinte.

    São redes autônomas, cada um cria onde quer, onde pode a sua. não há um centro, apenas uma ideia e um conjunto de normas de funcionamento.

    Também tenho dúvidas, mas vamos vendo,

    grato pela visita!

    Nepô.

  3. Tá ai, um problema nosso, do povo brasileiro. Não conseguimos ver as coisas sendo resolvidas no dia-a-dia, no passo-a-passo, na pequena escala. Ou resolve tudo-agora ou não resolve-nada-nunca.
    A idéia do uso das redes de multiplo apoio e suporte e discussão, como faz o A.A, é sensacional. E como não são baseadas em ações coletivas, é muito boa de ser aplicada, pois muda exatamente o que deve ser mudado imediatamente: as pessoas, juntas, fazem o país.

    P.S: Nepomuceno, vc sem querer me deu a base teórica para um trabalho do @ninocarvalho. Valeu!

    @alexrodrigues43

  4. Anônimo disse:

    Nepo,

    Podemos usar o nosso futuro grupo de estudo como um piloto de sua nova teoria. O que acha?

    Abs

  5. Edilma disse:

    Nepo,

    Conheci este Blog através da minha ex-chefe que esteve aqui no Recife, nas férias.
    Gostei muito dos assuntos abordados do seu Blog.
    Acho boa a ideia das redes autonônomas, só que é preciso ter muito cuidado no gerenciamento das regras de funcionamento.

  6. cnepomuceno disse:

    Anônimo, discutir sim, mas a ideia é outra, mas se aproxima por uma lado e não por outro, como diria Caetano 😉

    Edilma, sim teríamos que adaptá-las dos atuais AA de hoje,

    grato pela visita,

    Nepô.

  7. […] Seria um processo, portanto, não matemático, mas de ruptura com o nosso modelo mental de pensamento, colados às caixas das ideologias vigentes, que tentei começar a discutir um método aqui. […]

  8. […] Seria um processo, portanto, não matemático, mas de ruptura com o nosso modelo mental de pensamento, colados às caixas das ideologias vigentes, que tentei começar a discutir um método aqui. […]

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