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O pensamento nada mais é que uma onda elétrica pequenininha se espalhando pelo cérebro numa escala de tempo de milissegundos” – Miguel Nicolelis – da minha coleção de frases.

Se tívessemos outra capacidade visual, poderíamos olhar para as coisas e para as pessoas e ver que tudo (cadeira e mesa) e todos (seu namorado/namorada)  nada mais são de que um conjunto de pequenos quarks vibrando, a partir de uma determinada lógica, que os mantém unidos.

Animais vêm de outra maneira, alguns conseguem “ver” o calor, o movimento.

Nada no mundo está parado, mesmo que imóvel.

Nós é que não conseguimos ver as micro-partículas vibrantes.

(Uma ponte, por exemplo, tem espaços entre os vãos para que eles se dilatem, se mexam, apesar do nome estático e “substantístico”: concreto!)

No filme Matrix, uma alegoria ao mundo moderno, Neo, da metade do filme para frente, desenvolve capacidade cognitiva que o torna, “um novo homem”, “o escolhido”, pois ele é capaz de ver os números das máquinas, (os 0 e 1).

Naquele momento, percebe que tudo é código.

E deixa de acreditar no que é falso.

É uma alegoria aos visionários que vêm o que os outros ainda não conseguem.

Separam a nossa visão entorpecida de real, com o sonho, que se torna real, a partir de uma nova teoria, mentalidade, visão de mundo, ideologia.

Neo, assim, partir desse desvendar (tirar a venda) passa a lutar contra os temíveis peseguidores com apenas uma mão.

Não acredita mais naquele mundo e, portanto, pode derrotá-lo!

Há uma ficha que cai ali.

Ele passa a ver o que não era visto antes.

Nada mudou, apenas sua capacidade de olhar diferente para a mesma coisa!

E tudo se torna lento, óbvio.

É uma ruptura do olhar.

Thomas Kuhn, o estudioso do processo da Ciência, defendeu a tese, aceita pela maioria, de que o processo de descoberta humano é feito de quebras, rupturas e pulos, como a de Neo naquele corredor.

Vapt, tudo muda!

Eureka!

Não por que mudou lá fora, mas por que aqui dentro alguém pode ver de forma diferente e espalhou para os outros como onda, e, de repente, nos damos conta que, de fato, estávamos meio cegos!

Nossa pecepção do mundo, assim, não dá saltinhos, mas pula de bungee jump.

Sim, vamos descobrindo as coisas aos poucos, mas em determinado momento alguém, ou uma nova possibilidade tecnológica, um telescópio que nos ajuda a ver mais longe no céu.

Ou um microscópio para as bactérias, nos permite descortinar (tirar a cortina da frente) um novo universo.

Ou seja, o que vemos hoje do mundo é datado, contextualizado, em função do que nossos antepassados conseguiram descobrir e o que os visionários contemporâneos estão tentando nos convencer do que já é diferente para eles hoje.

Mas nossa cortina para o mundo, não deixa!

É interessante pensar que, no fundo, o maior problema de cada humano não é o outro, mas a sua capacidade de conseguir olhar para as coisas de forma diferente, seja por iniciativa própria, por novas tecnologias disponíveis ou pelo conceito apresentando por um terceiro.

Ferreira Gullar defende a ideia de que o ser humano é reacionário e consevador, como uma defesa da espécie.

Se todo mundo fosse visionário, quem construiria as pontes?

Isso, de fato, tem uma certa lógica.

Dentro dessa nossa capacidade de ver o novo, proponho dois conceitos que acho que devemos nos debruçar sobre, descobrindo (tirando a cobertura) certas verdades, a partir do estudo profundo do fenômeno Internet para pensarmos alto, sem amarras, quem sabe?

1 – Tudo é rede – o mundo se organiza em redes de conhecimento. A Web é um tipo de rede, como a rede do livro, da tevê, do rádio, eram outros tipos. Não vivemos, assim, a sociedade da rede, mas mais uma rede, com topologia própria!

(Esta eu já discuti aqui.)

  • 2- A outra, nova, é de que o que circula na rede é basicamente energia, e sempre será energia entre as pessoas e destas com o mundo, a partir da troca do que temos de mais básicos, as partículas elétricas do pensamento.

E que esta energia pode ser medida, como um registro tangibilizado dados, que nos ajudam a entender seu fluxo e processo.

Exemplos?

Números e letras, que se transforma em dinheiro e palavras, por sua vez, em valor e informação, e depois em riqueza e conhecimento.

Para entender toda essa lógica, basta seguir o fluxo da energia, que se tangibiliza em algo concreto: informação, dinheiro, produtos, etc…

Sob esse ponto de vista, toda a Ciência, no fundo, é o estudo desse movimento energético, sob determinado prisma.

Se, de fato, vivemos em redes de troca de energias, tangibilizadas em códigos, nossa grande missão, enquanto profissionais para facilitar as redes deve ser:

  • 1- conseguir, como Neo, ver a rede de conhecimento humano e perceber sua relevância para a espécie;
  • 2- ajudar para que a energia flua entre os diversos pontos e canais;
  • 3- liberar os pontos que estancam;
  • 4- estimular que cada ponto na rede, pessoa, se sinta estimulada a produzir mais e mais energia, pois energia parada é sinal de problema para cada um e para o todo.

O que nos leva basicamente a nos preocupar como saímos do movimento parado, no qual somos consumidores de energia e passamos a produtores e consumidores, realimentando todo o sistema, criando mais e mais energia.

Isso é o que, no fundo, propõem o mundo 2.0, como propôs o 1.0 e o que veio antes dele.

E você o que diz?

Concordas?

12 Responses to “Tudo é energia?”

  1. Karam disse:

    Ontem mesmo eu estava lendo sobre as pesquisas do computador quântico e pensei se sou capaz de entender toda essa transferência de energia, psiquica e tecnológica.

    Acredito que o movimento da evolução se dá em espiral. Como o movimento de pequenas partículas que se chocam.

    Um abraço

  2. O problema é quando encontramos pessoas que não querem abrir os olhos.

    É triste e não é uma exclusividade brasileira mas, as pessoas têm preguiça de pensar. Não querem ler, analisar, interpretar… Aproveitando a sua analogia, essas pessoas preferem viver na Matrix, mesmo com aquela desconfiança de que existe muito mais além, se acomodam eu seus micro universos e estão satisfeitas.

    Às vezes me sinto desestimulado a escrever no meu blog sobre bonsai, porque as pessoas não lêem. Em um determinado post, por exemplo, eu dei recomendações sobre como deve ser a freqüência da rega em um bonsai de jabuticabeira, e um indivíduo comentou perguntando “Quando devo regar minha jabuticabeira?”. A sorte dele é que é um blog sobre bonsai, então a paciência é a virtude mais valorizada… Mas qual a motivação de escrever se existem dezenas de comentários iguais à esse?

    As pessoas se acostumaram com a “facilidade” na internet, em receber tudo mastigado, pronto para imprimir, grampear e entregar ao professor. A velocidade e a quantidade de informações acabou mimando os usuários, a maioria que vê de fora acha que tudo está pronto e acessível na internet, se encontram algo que precisa de um pouco mais de raciocínio, desistem antes mesmo de começar.

    E uma ferramenta que poderia servir para disseminar o conhecimento, acaba segregando ainda mais. Os que gostam de pensar continuam se destacando e guiando o cometa… Enquanto o pessoal acomodado vai só na onda, depois que o caminho já foi percorrido.

    Como estimular as pessoas a usarem um pouco mais o cérebro?

  3. Refletindo sobre nossa missão como profissionais para facilitar as redes, por você apontada, vejo minha grande responsabilidade para que essa troca de energia seja constante.

    Também considero os quatro fatores essenciais, entretanto o quarto é o que me instiga cada dia mais. Precisamos buscar e estimular a interação entre as pessoas, pois se um ponto da rede falhar, pode-se comprometer todo o processo.

    Gostei muito do seu texto, sou uma admiradora de seu trabalho e forma de escrita.

    Abraço

  4. Olá Nepô!

    Esse exercício de receber, filtrar, interpretar e reproduzir é o que nos move.

    No entanto, neste processo, essa energia sofre “interferências” de algumas dimensões, camadas.

    Das mais óbvias como nossas referências teóricas, formação acadêmica, que de fato moldam um pouco nosso olhar de mundo…até as mais sutis como o nosso ego, que tem horas que insiste em aparecer mais que a gente precisa.

    Mas a vida é exercício mesmo. Os mais relevantes acabam sendo os mais disciplinados.

    Grande abraço pra vc.

  5. cnepomuceno disse:

    Karam, abrir a cabeça sempre. É em espiral e, acredito, por rupturas. Em pulos.

    Vinicius, o que vc tem que se perguntar é: para que vc escreve no seu blog. Deve haver um motivo, além das pessoas, algo que faz com que você pense sobre o seu fazer e que seja uma evolução cognitiva permanente na sua vida. Se for assim, independente de quem entra, você estará sempre bem. É assim que faço, os comentários são diálogos bacanas, mas não me jogam nem para cima ou para baixo.

    Paula, este estímulo entre as pessoas é o, digamos, pulo do gato. E nem sempre percebemos que, no fundo, muitas vezes estamos estimulando que cada um fique só com seu umbigo.

    Rodrigo, sim…acho que o ego é um fator, se não bem administrado, de impedir que a energia circule. O ego quer para si dominar o ambiente, definindo-o a seu jeito e não do jeito que as coisas se apresentam. Um dos fatores para a rede funcionar bem é estimular as pessoas a lidarem melhor com seus egos.

    Mandei aquela frase no Twitter e reproduzo:

    Se vc não tomar conta do seu ego, ele toma conta de você.

    Valeram visitas e comentários,

    Nepô.

  6. Liliana de La Torre disse:

    Querido Nepô, muitos pontos interessantes nesse texto. De Platão à Neo. Da filosofia clássica à Física Quântica, sabemos que o que nos move é a sede por conhecimento. Conhecer vem depois de pensar e antes de agir. A sociedade é um grande mosaico de conhecimentos. Não importa o canal. A velocidade, sim. O perigo é que com o canal certo e a velocidade errada, damos com os “burros n’água” e vice-versa. O que devemos relevar sempre é em como se dá a troca do conhecimento. Uns mais, e outros menos favorecidos. Como em tudo nessa grande esfera azul. “O ponto de vista cria o objeto”, nem sei bem que falou, mas lembro de uma aula de Estética que me surpreendeu. Se cada um tem o seu, temos muita originalidade por aí. Detalhe: a serem copiadas porque é preciso que a “fábrica” de ideais continue a processar mais e mais conhecimento.
    Beijo.

  7. cnepomuceno disse:

    Oi, Li.

    Vc disse:

    ” Conhecer vem depois de pensar e antes de agir”.

    Interessante..não seria a mentalidade que temos (o que podemos chamar de conhecimento) que define como pensamos, a partir de pontos de vistas que refletem nosso interesse, posição social, temperamento, etc???

    Estaríamos sob a armadilha dos nosso (pré) conceitos?

    E agimos, a partir do que filtramos?

    Não estaríamos todos embebidos em um tipo de panela de conhecimentos introjetados que não nos deixam ver coisas que outros vêem de outras panelas?

    Fiquei a me perguntar,

    grato pela visita,
    alguns alunos falaram que estão trabalhando contigo,
    abraços
    Nepô.

  8. Liliana de La Torre disse:

    Sim, eles me falaram. Galera boa e muito comprometida. Por favor, não os reprove. Não poderia suportar vê-los de mau humor ! hehehe Beijão e apareça no escritório para um café. Bjs.

  9. cnepomuceno disse:

    Adorei a turma….é um pessoal que domina tecnologia, que com mais conceitos e teorias podem voar…

    beijos
    Nepô.

  10. Ivan Pereira disse:

    A pergunta foi: “Tudo é energia?” Não! Muito simplista.
    Tudo é espaço, tempo e energia. Energia não cria espaço, nem tempo; tempo não cria espaço, nem energia; espaço não gera energia, nem tempo.
    Energia só se explica num determinado espaço durante um dado tempo. Pode ser aplicada para se percorrer ou dominar um certo espaço num exato tempo.
    Se não tiver um desiderato, para que energia?
    O espaço está lá, ou aqui, previamente, estático (ceteris paribus) e finito (geológico). O tempo inexora indefinidamente. Estes dois fatores mobilizados pelo fator energia (qualquer que seja), sinergizam para permitir qualquer sistema em ação. Facilitando: processam um objetivo qualquer, seja natural como o correr do rio para o mar ou da nuvem fugindo do frio para o calor, como uma tarefa humana (ou social) ao preparar um cafézinho ou lançar uma flecha para caçar um cervo.
    Tudo não é simplesmente energia. Tudo é item sistêmico, ineludivelmente. Só precisa de uma fórmula, receita ou preceito para fazer a coisa funcionar. Então, aí, vem a cultura do pensar para arrumar um jeito. Momento em que avulta o conhecimento que, paulatinamente, através de sucessivos ajustes, ou inovações incrementais, melhoram a utilização do espaço, reduzem a exigência de tempo e cria novas modalidades de geração, armazenamento, portabilidade de energia. Simplesmente para processar melhor, pelo menos no âmbito social, cuja malha(rede) de nós (nodal) humanos replica a experiência da melhor prática em redes.

  11. cnepomuceno disse:

    Ivan, muito pertinentes seus comentários, você colocou movimento no que eu pressenti que estava como um produto da rede.

    Vou refletir mais, mas desde já incorporo.

    A energia não existe parada e nem fora do tempo, em resumo o que vc disse e eu concordo.

    Grato,

    valeu a visita!

    Nepô.

  12. Ivan Pereira disse:

    Nossa querida Li compôs esta frase:
    “Conhecer vem depois de pensar e antes de agir” (sic).

    Fiquei encafifado! Mas, penso semelhante… Como posso pensar, refletir, meditar, considerar ou ter em mente alguma coisa que desconheço? Para mim, conhecimento é a resultante de um processo que começou com a constatação ou percepção de algo, um elemento conhecido ou desconhecido, seja natural ou social, por meio de sinais ou eventos manifestados. Essa primeira percepção, ou contato, me informa um dado novo ou velho no ambiente, ou mesmo contexto. Neste primeiro momento já mobilizo a mente para saber se já tenho prévio conhecimento ou não, se é relevante ou não, se é ameaçador ou não. Ou seja, já comecei a pensar…
    Nesta fase filtrante construo a informação a respeito do objeto em análise. Ou seja, penso, reflito, analiso e considero a respeito para inserir tais ações mentais ou racionais em meu acervo cognitivo. E, depois, não tomar conhecimento, porque não me significa culturalmente. Ou seja, penso que não devo conhecer. Embora tudo isso possa acontecer em milésimos de segundos ou levar muito mais tempo.
    Voltando ao encafifamento: a que ação Li se refere que vem depois de conhecer ou pensar? Ora, desconsiderar o dado a partir da primeira constatação ou percepção já uma ação a respeito do mesmo objeto. Não considerar como informação é uma ação apriorística ao pensar. Afinal, quantos se deram mal porque agiram sem conhecer ou por desconhecer.
    O indivíduo começa a agir desde o início da constatação ou percepção do objeto a considerar.
    A ação está tudo, porque portada por uma energia, num determinado local e num certo tempo. É holístico, sistêmico e epistemológicamente explicável. Assim me parece.
    “… muitos deles agiram sem pensar.” A. Herculano

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