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Não é fácil ser dotado de inteligência e consciência e não se asfixiar no próprio ego Nilton Bonderda minha coleção de frases.

Estivemos todos lá na RioInfo.

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@marthagabriel,  Vagner de Santana, @samadeu, um representante de uma empresa que ainda não sei o nome, Eu, @DeLuca,  Marcos Dantas, @gilgiardelli (fora da foto).

Confesso, que não estava levando fé.

A mesa com muita gente, tinha tudo para ficar um negócio pouco dinâmico.

O Gil Giardelli, nosso bravo moderador, entretanto, encaminhou tudo de uma forma acelerada e as pessoas foram marcando posições e trazendo sua bagagem.

Nada como a troca.

Lá pelas tantas, fiz uma provocação:

Como é possível caminhar bem na estreita estrada entre os tecno-otimistas versus os tecnofóbicos?

Para mim, no decorrer da discussão, desvendou-se com o papo, ou tirou-se a venda, de duas questões centrais teóricas a serem aprofundadas aqui no blog e em debates futuros:

  • 1- como e de que forma o humano muda, a partir de uma ruptura nas plataformas de conhecimento ao longo da história?
  • 2- e, afinal, para responder a questão de cima, recoloca-se a questão: como o humano se relaciona com o mundo?

Vou começar com a segunda, pois define a primeira.

Nossa civilização, principalmente, a Ocidental, é marcada pelo conceito de Descartes:

“Penso, logo Existo”.

Ou seja, sou o que penso.

Os filósofos orientais há milênios  têm trabalhado com outro ponto de vista.

“Penso, logo meu ego existe”;

Na visão deles, há entre nós e o mundo um elemento construído, fruto de todos os nossos condicionamentos, opressão, descaso, desamor, abandono, que nos transforma, sem o aprofundamento necessário, mais ou menos, em verdadeiras máquinas de alimentação inconsciente do ego.

Um código salvo na nossa placa-mãe, que nem nós mesmos percebemos.

(A sociedade do consumismo se apercebe disso e estimula, gerando um ciclo cada vez mais danoso.)

Nós não seríamos, então,  o “Eu” original, mas um eu-go, precisando de uma separação.

Quanto mais atentos estivermos para isso, mais percebemos nosso condicionamento e mais temos condições de nos relacionar com as coisas do mundo sem essa lente e uma determinada prática ego-ísta.

Mais preservando a visão do todo e menos a visão de cada um.

Se o tema era algo esotérico, místico e destinado ao pessoal que acende incensos, a coisa está tendendo a mudar, justamente pela força da Ciência.

O estudo do cérebro, principalmente, as máquinas que permitem filmar e fotografar os diferentes formatos, tamanhos, composição e campos de energia têm nos ajudado a entender melhor essa dinâmica.

(Outro dia no Discovery, por exemplo, um cientista escaneou cérebros de centenas de serial killers e descobriu deformações similares em vários deles, o que o levou a repensar a disfunção sobre outro ponto de vista.)

Há ainda a capacidade de trazer de volta à vida, com sofisticadas aparelhagens hospitalares, pessoas que sofreram derrames em determinado lado, que não resistiam, anteriormente, ou quando sim, não podiam contar a estória.

O caso mais emblemático foi o da neurocientista Jill Bolte Taylor, da Universidade de Indiana, EUA, que narra a vivência em  “A Cientista que Curou Seu Próprio Cérebro”. A riqueza do depoimento é de que ela era uma estudiosa e pôde mergulhar no mundo do derrame e se recuperar pouco a pouco.

Veja a entrevista.

Ou o vídeo:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Xl7ql1wDsMM&feature=related]

Destaco:

Taylor Antes do derrame, eu tinha uma visão geral do papel de cada hemisfério, mas eu não tinha a menor idéia de como dizer qual parte do meu cérebro estava contribuindo com qual informação para formar a minha percepção da realidade.

Há, assim, segundo ela, um lado a parte que nos ajuda na linguagem, mais racional, aonde estaria o tal “ego” condicionado. E a parte das sensações, na qual estaria o nosso “Eu” mais amplo, menos condicionado.

O problema é que vivemos o mundo cartesiano, na qual uma parte ainda é estimulada, por diversos motivos e interesses, e, portanto, hegemônica.

Na minha opinião, estamos no limiar da compreensão, agora científica, de novos elementos humanos, a partir do estudo do cérebro.

A frase, “penso, logo existo” estará datada, marcada por uma fase de desconhecimento de um conjunto de elementos que nos faz existir, o que terá impacto em todos os campos do viver, principalmente do conhecimento, da informação, da inovação, criatividade, etc….

Será considerada constituinte de uma era que passou, pois negamos que o ser que pensa é, inconsciente de vários aspectos gerais. E a procura dessa compreensão nos levará filosoficamente e cientificamente a nos ver de forma diferente.

O ego hoje governa o mundo com seus ruídos.

E isso está nos levando a determinados limites de sobrevivência.

É preciso reverter o processo!

Isso, infelizmente, a Internet não traz, mas pode ajudar a veicular a ideia.

Não é dado que teremos mudanças com ela, mas é possível que ela ajude a divulgar as mudanças.

E essa é a diferença básica entre os tecnotimistas e um movimento de renovação humana.

Os primeiros acredita que ela virá naturalmente, pela força da rede. Os outros acreditam na rede, mas querem fazer uso dela para mudar a relação do humano com seu ego.

São dois pontos de vistas distintos.

Os humanistas e iluministas depois da chegada do livro industrial ao planeta, acreditaram que quanto mais livros, quanto mais luz, mais o ser humano chegaria a uma sociedade mais justa e humana.

Não foi o que ocorreu.

O otimismo diante de uma nova plataforma não se consolidou, pois o ser humano fez da plataforma mais um elemento de dominação dos outros.

Ponto.

A mudança humana, caso alguma seja possível, não se daria, então, pela tecnologia, pois ela estará por tendência sempre a serviço do nosso lado do cérebro que hoje domina.

Se há alguma expectativa de salto não é tecnológico, mas conceitual, filosófico.

Sob esse ponto de vista, compartilho com a visão de Arnold Toynbee, que fez um livro-testamento, A Sociedade do Futuro, aos 80 anos. Ele era historiador e ao ser perguntado depois de analisar tantas civilizações, como o humano evoluiria?

Disse na lata: “Só uma mudança espiritual”.

O espiritual hoje se releva algo muito mais palpável e concreto, em função das fronteiras que estamos cruzando.

Uma mudança na maneira que olhamos para nós mesmos e para nosso cérebro, principalmente.

Uma relação diferente na qual uma parte tem capacidade de se relacionar com o todo e outra, por condicionamento, não deixa.

Assim, enquanto nos mantivermos na Era do Ego, independente a plataforma de conhecimento que trabalharmos será ele que estará no comando e tudo, para ser bíblico, será feito em seu nome.

Isso explica um pouco o excesso que temos hoje na Web da a ego-laboração, em todas as ações, em sua grande maioria, e pouca colaboração despretenciosa, ou não movida pelo interesse do ego.

O que muitos chamam de avanço, diria que é uma continuidade do que sempre ocorreu.

Eu quero aparecer, não importa como!

Cada um, no fundo, sem mesmo se dar conta, ou até consciente, está mais preocupado com o número de seguidores, do que propriamente com o que está contribuindo hoje e amanhã.

Estamos entrando, a meu ver, de forma mais científica, na Era da consciência do poder danoso do Ego condicionado para poder entender como vivemos até hoje e procurar caminhos para sair dessa armadilha.

Se eu tivesse que ser otimista, ou escolhesse, talvez, uma bandeira para lutar, não seria a da tecnologia, mas a da evolução humana na relação consigo mesmo, usando a tecnologia para ajudar nessa direção, aí sim podemos vislumbrar algumas mudanças de atitude!

O que seria uma procura  mais integrada, holísitica e humana.

Possível?

Seria, pelo menos, um contraponto, mais transformador a tudo que está aí.

É isso!

Concordas?

PS- complementei as reflexões com o post “3 Revoluções“.

As três fotos de cima foram feitas pelo http://twitter.com/roneyb, valeu!!)

As outras três debaixo do meu querido primo, que tive o prazer de encontrar por lá e estava fotografando o evento, Dhani Borges.

9 Responses to “Humanidade 2.0: isso é possível?”

  1. Nepo, para mim foi um momento historico! Que bom o Brasil ter pensadores como você! Que bom eu ter um amigo digital e desbravador como voce! Lá no InfoRio tive a certeza que não podemos usar velhos mapas para descobrir novas terras!
    Boas clicadas!
    Gil Giardelli

  2. […] Bom, ainda vou falar um pouco sobre as coisas que circularam na minha cabeça depois do debate da RioInfo. […]

  3. cnepomuceno disse:

    Gil,

    adoro esta frase…
    foi para minha coleção:
    http://nepo.com.br/frases/

    abraços,

    Nepô.

  4. […] (Bom, ainda vou continuar a falar um pouco sobre as coisas que circularam na minha cabeça depois do debate da RioInfo.) […]

  5. Allan Vass disse:

    Muito bom o post! Primeira visita minha no blog, e gostei bastante..

    Estive pensando à respeito dessa relação entre ego e falta de espiritualidade. Compartilho da visão de que seja uma maneira mais transformadora, de fato.

    Abraço.

  6. Escrevi meu post sobre o debate antes de ler o seu pois esse é o meu hábito, mas agora dá vontade de fazer um post-comentário 😉

    Vou me ater somente a umas propostas de reflexão.

    Concordo plenamente que o surgimento da fala, da escrita, dos livros ou da Internet não mudaram a humanidade para melhor, mas creio que eles são criações de uma humanidade mudando para melhor.

    É inegável que as sociedades pós-escrita são melhores que as anteriores e a relação do livro impresso e o surgimento da democracia é outro ponto em que concordamos.

    Vejo a Internet (a TV, os livros e a fita cassete) como bilboquês 😉 São coisas que criamos para exercitar habilidades que precisaremos para construir a próxima cultura.

    Depois de passar uma semana imerso na Campus Party desse ano cheguei a conclusão que as pessoas estão ali para baixar filmes, seriados, músicas, jogos, ver e ouvir tecnologia, brincar com os amigos e paquerar.

    O interessante é o que as pessoas fazem sem querer 😉 ou seja, elas constroem novos padrões culturais ou são veículo para essa construção.

    Acredito que boa parte da gênese desses processos está na psicologia evolutiva e na aplicação da teoria dos memes, mas tenho que estudar isso bem mais a fundo. Tem bastante coisa interessante no MIT OpenCourse.

    Já linkei esse e o próximo post no meu e vou ler o 3 Revoluções agora!

  7. […] (Well, I’ll continue to talk a bit more about ideas going through my mind after the RioInfo debate.) […]

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