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Não existe nada mais privado do que uma comunidade estatal que percebe os excluídos como uma ameaça, e se preocupe em mantê-los à devida distância – Slavo Zizek da minha coleção de frases.

Digo logo, não sou entendido da Indústria de Energia, nem quero privatizar a Petrobras e nem estou financiado pela Esso.

Porém, não tenho gostado da maneira da condução da discussão do Pré-Sal, que afeta nosso futuro e de nossos filhos.

A bandeira do “Petróleo é nosso!“, a meu ver, é falsa.

1- o óleo do pré-sal, por enquanto, não é de ninguém, está a 7 km da superfície do mar, só será de alguém se forem lá tirar;

2- o que tem que se discutir, então, qual o melhor modelo para que possamos: melhorar nossa economia, aumentar a distribuição de renda, através do dinheiro arrecado com o petróleo extraído, quando sair de lá;

No fundo, o que se discute é:

“Quanto é e para onde vai o dinheiro que for levantado com as reservas do pré-sal?”

3- as propostas atuais do Governos estão na contra-mão do que vejo no mundo, na Internet, no sentido da descentralização: a Petrobras retoma o monopólio, cria-se uma fiscalizadora centralizada (a PetroSal) e um Fundo Social, administrado pelo Governo, que continua cobrando o mesmo imposto do cidadão;

(Eles sabem o que fazer com o meu/nosso dinheiro?)

4- Pior: se você for contrário, tiver uma ideia diferente, a tudo isso, não é brasileiro e está se vendendo!

(Notem que o mais radical republicano, que anda com a bandeira dos EUA na cueca, ao defender um estado menor nunca é chamado de vendedor da pátria. É uma maneira de pensar em formas de produção ou de quanto mais o pais pode tirar e mais rápido de um negócio e para quem vai o dinheiro. Não, não sou republicano);

5- acredito que devemos aliar a discussão do pré-sal a descentralização do estado e aumento de poder de decisão do cidadão. Assim, vejo com bons olhos várias Petrobras brasileiras, com capital misto, competindo entre si, e desenvolvendo tecnologias cada vez melhores para tirar o óleo para valer, inclusive, com gente que hoje está na Petrobras, diminuindo o tamanho daquela Estatal e pulverizando a tecnologia para mais inovadores;

6- o dinheiro arrecado, ao invés de fundo, servirá, por lei,  para reduzir impostos. Quanto mais pré-sal, menos impostos nós vamos pagar. Isso sim, é dizer que o dinheiro do petróleo será realmente nosso!

7- Assim, não concordo nem com o governo, nem com a oposição. É preciso pensar um novo modelo. Nem o de antes – o da ditadura-  nem o atual, do FHC,  mas um novo que garanta descentralização em todos os setores de produção, com várias empresas público/privadas, e não uma só, visando criar um país 2.0, que tenha como meta a descentralização de poder, empoderamento do cidadão e distribuição de renda sustentável, com cada um decidindo o seu destino, sem a tutela ou a dependência do Estado ou de uma empresa única que ficará responsável pelo nosso destino.

Um pré-sal 2.0 abre esse caminho!

As duas propostas que vejo na mesa, infelizmente, não.

Que dizes?

9 Responses to “Pré-sal 2.0: para que o petróleo seja nosso!”

  1. Alberto de Francisco disse:

    (Um pequeno erro: Não 7 mil km., 7 Km. o 7 mil m.)

  2. Marcos Cavalcanti disse:

    Nepo,
    Acho que os principios de descentralizar e empoderar os cidadãos são mais do que corretos. Ou fazemos isto ou vamos ficar ainda mais pra trás. Mas não dá pra ter duas ou mais Petrobras! Pelo simples fato que o conhecimento necessário para se tirar o petroleo lá debaixo não se constroi da noite para o dia. É resultado de anos de esforços, de erros e acertos, de idas e vindas, de algumas plataformas afundades e inclusive de algumas mortes. Plantar soja é mais fácil de aprender. Mexer num IPOD podemos aprender em um mês. Mar ir pra lua, tirar petroleo tão fundo ou biotecnologia demanda experiência, tempo. E isto não conseguimos passar para a outra empresa, mesmo que levemos os engenheiros da petrobras para lá. Vai faltar o ambiente, a estrutura. O Pelé, no Fluminense, não ia fazer tanta diferença assim no meio de tanto cabeça de bagre que se acha, no meio de uma estrutura arcaica e de um modelo de gestão equivocado.

  3. cnepomuceno disse:

    Marcos, concordo e não concordo.

    Que acho que não é fácil e não se constrói da noite para o dia.

    Mas acho que esse pool de novas empresas deveria pensar em um processo colaborativo, no início, pelo menos para trabalhar essa tecnologia.

    E a Petrobras seria parceira nesse processo.

    Não acho que um modelo como esse seja viável, não pelo que propõe, mas pela capacidade que hoje temos de abordar determinados problemas.

    Estamos caminhando para um erro estratégico muito grande e sinto vontade de alertar para isso.

    Vamos em frente, grato pela visita,

    Nepô.

  4. Sérgio Lima disse:

    Opa Nepomuceno,

    Eu acho que você deveria ler a aula de política pública, de visão estratégica e História do Brasil no discurso de lançamento do marco regulatório do Pré-sal.

    Está aqui:
    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16131

    Lá está várias (e ótimas) ponderações a suas indagações! Acredite-me. Leia se ainda não o fêz!

    Pode passar também por uma leitura ao livro “culto do amador”. Nem concordo com a histeria do autor, mas há alguns pontos que são pertinentes.

    Tem coisas que me parecem, básicas! As que o Marcos Cavalcanti levantou acima é apenas uma delas!

    abraços

  5. cnepomuceno disse:

    Sérgio, o culto do amador, em resumo, diz o seguinte: como era bom o tempo que pouca gente podia escrever suas opiniões livremente, conforme determinados filtros sociais.

    Lembrá-lo é sempre uma temeridade, pelo lado elitista e autoritário do que propaga.

    Algo assim sustenta a ideia de limitar o papel dos blogs na eleição e concordo contigo é uma histeria.

    Sugiro não trazê-lo ao palco, mesmo com ressalvas.

    No caso do Pré-sal e no geral no país, a meu ver, nada é básico, nada é claro e nem nada já está dado.

    O artigo citado é mais um superficial na briga PT xPSDB, que a meu ver nos tem levado a ter o pior do estado máximo e o pior do estado mínimo, vide texto que escreverei no blog.

    Tudo é passível de aprofundamento, de engano, de discussão, desde que haja abertura.

    Grato pelo comentário e visita,
    abraços
    Nepomuceno.

  6. Sérgio Lima disse:

    Opa Nepomuceno:

    Você diz:

    No caso do Pré-sal e no geral no país, a meu ver, nada é básico, nada é claro e nem nada já está dado”.

    Que o Petróleo deve ser explorado submetido aos interesses do País é básico, não cabe discussão nem relativismos!

    Que o Mercado pode regular isto, como propõe aqueles que quiseram acabar com a Petrobrás e se apegam ao modelo de exploração proposto em plena histeria “do deus mercado pode tudo” é básico sim.

    Há várias questões que obviamente podem e devem ser discutidas por todos os interessados (especialistas ou amadores), mas o “sul” (o norte é a visão do colonizador) de como será feito deve ser determinado em termos de conceitos indiscútiveis: A riqueza do nosso subsolo deve está subordinada aos interesses do Brasil, não do mercado.

    Este é o ponto central! Não se trata de PT versus PSDB! Isto é superficial e circunstancial. Soberania e interesses do Povo Brasileiro é que não é!

    abração e obrigado por estender as conversações!

  7. cnepomuceno disse:

    Sérgio,

    nem eu acho que todos que defendem o modelo do Governo querem o bem público, nem quem é contra e propõe um outro.

    Há interesses de ambos os lados, temos que saber tirar dos dois, o melhor.

    A defesa do Brasil é algo vago e, o que pode parecer radicalmente certo, no detalhe e na prática, não se consolidar se não houver aprimoramento e controle.

    Veja uma aprofundamento desta discussão no meu novo post:

    http://nepo.com.br/2009/09/08/brasil-2-0-nem-maximo-nem-minimo-um-pais-eficaz/

    abraços,

    Nepomuceno

  8. […] Fala-se em passar tudo para a educação, saúde, etc. Mas será que vai virar mais um FUST? […]

  9. […] O debate nos leva a pensar também no fundo que querem criar do pré-sal. Fala-se em passar tudo para a educação, saúde, etc. Mas será que vai virar mais um FUST?. […]

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