A verdade que é revolucionária não é a ilusão; temos que ver as coisas como elas são – Ferreira Gullar – da minha coleção de frases.
Já estou a um tempo para comentar a pesquisa que disse que 40% do que se posta no Twitter é besteira.
Comentei lá no blog da Raquel Recuero e agora aprofundo.
Existem alguns erros conceituais sérios naquela abordagem.
O Twitter não é um canal de tevê, ou um conjunto de canais de tevê.
Um canal da mídia tradicional é algo fíxo, com programação, com audiência mais ou menos regular, que é possivel, mesmo com problemas de recepção, de ser aferido.
É um, fechado, para muitos sem alternativa.
Mensagem A –> público B = Reações.
Aferir ali é:
- Analisar o conteúdo do canal e saber exatamente o que ele se propõe;
- E saber, posteriormente, como a mensagem chegou ao público que o assiste.
Este modelo de aferição funciona razoavelmente bem para uma rede unidirecional.
São anos de experiência.
Para a Web e suas ferramentas, esse modelo não serve.
Aqui, temos uma rede multidirecional, na qual o usuário tem liberdade total de ação.
De cada perfil, de cada uso.
Quanto mais gente usar, mais webs vão haver, pois ao mesmo tempo que o usuário é platéia é palco também.
Todos somos micro Rede Globos, ligando e desligando canais.
Entrando e saindo do ar para o nosso micro público!
Ou seja, quanto mais usuários entram no Twitter, mais Twitters vão haver.
Diferente da TV Globo, pois lá quanto mais gente usar, só vai haver uma TV Globo!
O mesmo é válido para todas as outras ferramentas da Web multidirecionais.
Em resumo: devido a seu alcance e dimensão, depende de cada usuário.
Isso vale para tudo, desde o uso do browser, do e-mail, do MSN e, agora, do Twitter.
Não existe, assim, um Twitter, mas cada Twitter de cada pessoa, com a sua rede de quem segue e é seguido.
Não existe o canal, nem os registros do canal, mas as pessoas.
Duvido que tenha alguém igual em termos de seguidos e seguidores.
Já pensou nisso, cada um vê um “programa” diferente, todos no mesmo lugar?
Se querem fazer algo, pergunte para as pessoas como elas usam, como estão se sentindo.
E tem que perguntar: como você recebe e como você dá.
Quantos você segue e quantos te seguem.
E qual a relação entre tudo isso.
É um tipo de Ibope 2.0.
Não dá para analisar a coisa avaliando os registros, pois o registro isolado não permite ver a riqueza da rede!
É usar um caminhão para cortar rosas no jardim!
Ou seja, se eu crio uma malha de seguidos e seguidores para jogar abobrinha fora, ou de trabalho, ou seja lá o que for, é uma opção minha, a partir das minhas necessidades para me manter em equilíbrio, ou em desequilíbrio saúdavel, como acho que acaba funcionando. 🙂
Assim, como é possível definir uma ferramenta que não existe em si, mas depende basicamente do uso que cada um faz dela?
No fundo o erro conceitual dessa pesquisa e de várias outra na Web, é justamente uma visão equivocada ampla, geral e irrestrita de que o que importa agora é a força da rede, não do que se produz nela, que é extremamente dinâmico.
Antes, era possivel, ou tentava-se com menos taxa de erro, analisar fenômenos informacionais a partir dos registros, pois eles vinha de uma fonte só. Hoje, são tão vastos, mudam tanto, que é preciso acompanhar as pessoas.
Isso nos leva para uma viagem sideral conceitual, que deixo para depois, pois o post já ficou grande demais.:)
;
(Mais avaliações minhas sobre Twitter aqui.)
Que dizes?
Fala Nepo
Vc usou o exemplo da rede Globo, certo ?
Olha que as pessoas conseguem fazer, quando tentam aplicar o modelo “um pra muitos” no twitter :
http://oglobo.globo.com/cultura/revistadatv/mat/2009/08/26/xuxa-briga-com-internautas-pelo-twitter-767328004.asp
Lamentavel…..
Retiro um paragrafo de um texto escrito pelo filosofo Olavo de Carvalho
“Não creio que haja, entre os céus e a terra, nada que mereça imunidade a priori contra a possibilidade de críticas. Nem reis, nem papas, nem santos, nem sábios, nem profetas reivindicaram jamais um privilégio tão alto. Nem os faraós, nem Júlio César, nem Átila, o huno, nem Gengis Khan ambicionaram tão excelsa prerrogativa. O próprio Deus, quando Jó lhe atirou as recriminações mais medonhas, não tapou a boca do profeta. Ouviu tudo pacientemente e depois respondeu. As únicas criaturas que tentaram vetar de antemão toda crítica possível foram Adolf Hitler, Josef Stálin, Mao-Tse-Tung e Pol-Pot. Só o que conseguiram com isso foi descer abaixo da animalidade, igualar-se a vampiros e demônios, tornar-se alvos da repulsa universal.
Nada é incriticável.”
——
http://www.olavodecarvalho.org/semana/070524jb.html
O Twitter se tornou muito relevante para mim. Não leio mais jornais a muito tempo, faz uns dois anos que leio apenas revistas e posts em blogs e artigos focados. O Twitter me deu a liberdade de pensar em outras coisas que tambem fazem parte da vida mas não são tão relevantes no trabalho.
É preciso, como tudo, se acostumar para poder entender e gostar.
Pedro,
gostei bastante do texto….Carla, sim, olhar de fora é fácil, mas quando se vive e usa-se a ferramenta percebemos o seu potencial e nos apoderamos dela.
grato aos dois pela visita,
Nepô.
[…] Ontem, escrevi que somos todos um pouco Rede Globos. […]
Caro Nepomuceno
Aos poucos vou twittando, twittando e criando o meu próprio twitter. O twitter é besteira para aqueles que não sabem o que querem e o que falam. Para quem sabe o que quer, ele é a ferramenta do futuro.
Valeu pelo post, muito esclarecedor!
Valeu Adinalzir!