Toda a banda larga é inútil, se a mente for estreita – José Otávio, da minha coleção de frases.
Ah, meus 100 leitores….que dura é a vida de um blogueiro opinativo não-midiático….
Por que eu ainda escrevo e vocês?
Pior, insistem em me visitar – e até comentar – nessa esquina perdida da rede?
Quanto mais eu leio e vejo os maiores absurdos, mais eu penso em vocês, amigos virtuais de jornada inglória.
Me apoiem, me incentivem, que já ando pensando em viver off-line em alguma serra perdida, movida à luz de vela.
Lá, onde meu único carregador será um jegue sem fio.
Lá, na minha casa de campo, com direito à estátua do Zé Rodrix no jardim, na qual a única pseudo-antena apontada para o céu será minha vara de pescar.
Pacientes leitores, que me escutam e sabem o quanto eu tenho aqui com meu pitbull de plantão, latido nas madrugadas contra o excesso de barulho e desatenção generalizada, que tem invadido esse já-ex-neo-utópico-sonho-do-socialismo-on-line.
Sim, só o humor constrói.
Agora, vem o caso do blog da Petrobras.
Antes de tudo, aliás, de cara, de sem-pulo:
Viva o Blog da Petrobras!!!
Quando todo mundo deveria estar batendo palma em pé para a primeira empresa do Governo, que cria um site colaborativo, mais dinâmico e permite comentários, ao contrário, leva tiro de todo os lados.
Claro, que houve erros iniciais no processo.
E erros continuam, mas vamos separar o óleo do petróleo.
O pré-sal da pimenta, antes que joguem o bebê e a água plataforma abaixo.
O Presidente da Petrobras já disse ao Valor, de quinta, dia 10/06, que não colocará no blog as perguntas que o jornalista pedirem sigilo.
Ok, muito bom, parabéns!
É simpático, educado e de bom tom, pois não se divulga o trabalho alheio sem permissão.
(Detalhe, no novo mundo Web é o jornalista agora que tem que dizer baixinho: Mermão, é off-the-blog-records, ok!) 🙂
Tudo certo, isso se ajeita.
Teve também um filósofo, que disse ao Globo, no dia 10/06, que a Petrobras está praticando no blog “Terrorismo de Estado“.
Recomendo mandá-lo para Palestina em temporada de bombardeio para separar o míssel da missiva.
No fundo da polêmica, lá no âmago, há uma revolta contra a perda de poder da mídia. E um espanto, uma falta de informação, diante das novas possibilidades que a rede permite.
A mídia hoje tem sido obrigada a tirar, com abridor de latas, a armadura pesada que ganhou, a partir de 1450, com o surgimento da prensa do Gutemberg.
O jornal em papel é mono, a rede é polifônica.
O jornal de papel é estéril, a rede é, no mínimo, estéreo.
Toda a empresa, principalmente do Governo, deve, deveria e deverá prestar conta direta a seus consumidores.
Seria bom, seria ótimo!
Atendê-lo em todas as suas dúvidas, pois em última instância são os micro-patrões, pedindo satisfações.
Isso deve ser saudado e não questionado.
E mais: os consumidores estão ganhando o direito de saber o que os outros consumidores perguntaram e o que a empresa respondeu a eles.
(Alías, esse é o novo direito humano de expressão e acesso à informação, que surge com a rede: leitor sabe o que o outro leitor reclamou, vide Amazon. Vou blogar mais adiante sobre isso.)
Isso, e apenas isso, é a grande novidade da presença da Petrobras na rede, que, diga-se de passagem, não começou hoje, apenas agora permite comentários dos leitores em um site, digamos, mais vivinho do que o anterior.
O resto é fumaça!
Leitor agora lê a opinião de leitor sobre o que rola na empresa, estimulada pela Petrobras, que bom!!!
E com direito a réplica da empresa?
Melhor ainda!
São milhares de “jornalistas-participativos”, indagando, perguntando, sugerindo, denunciando, apurando.
Quanto a Petrobras vai economizar em pesquisa de opinião?
Saímos do SAC com fundo (onde a empresa escuta as queixas, mas não compartilha) para o Saco sem fundo, na qual as críticas e elogios são compartilhados com o mundo.
Até rimou!
É aí vem a minha crítica ao novo site dinâmico e colaborativo da Petrobras, que muitos gostam de chamar de blog.
Galera, moderar comentário é tiro contra, bola fora, não é assim que rola por aqui no novo mundo colaborativo.
Não aceitem comentários anônimos, isso sim, mas se um brasileiro (ou qualquer outro internauta, já que a Petrobras é multinacional) quer comentar, ele tem o direito de fazê-lo sem censura, sem mediação.
Que digam os maiores absurdos, mas não falem pelas costas, falem diretamente a vocês!!!
Façam como fez o Globo on-line.
Deixe um espaço para denúncia de comentários indevidos, racistas, mentirosos.
Coloquem um filtro de palavrões.
É a comunidade que vai afastar os que estão ali para sabotar, para criar ruído e não somar.
Na rede, quem define isso é a comunidade e não o “dono” do site!
E quando as críticas forem improcedentes?
A empresa tem que trazer dados, abertos, claros, cristalinos.
Ah, bom, e se, digamos, a empresa estiver errando, a denúncia tiver procedência?
Aí, meu caro, vem o preço de ser colaborativo, de ser 2.0, tem que mudar!
Pois denúncia no SAC é um fato isolado e no blog é um fato político!!!
Apenas isso!
E aí vem a segunda parte dessa novela, a pergunta que não quer calar:
Aviso aos navegantes 2.0 neófitos: ser 2.0 não é um passo tecnológico, mas ideológico! Cultural.
- Se as críticas forem censuradas, é uma empresa 1,2;
- Se as procedentes não tiverem impactos nos rumos da empresa, será 1,5;
- E se começarem a criar um novo canal de participação e decisão, aí sim, haverá um equilíbrio entre o mundo veloz, participativo e dinâmico 2.0 e a Petrobras 2.0.
É esse o desafio saudável que a empresa assumiu no seu novo espaço virtual, repito, que muitos gostam de chamar de blog.
Para o bem ou para o mal, o case servirá de modelo, de discussão para todas as outras iniciativas, tanto no Governo, quanto fora dele sobre empresas colaborativas.
É ver no que vai dar!
Por enquanto,
Viva o Blog da Petrobras!
Concordas?
Olá!
Adorei o post e concordo plenamente. Achei muito legal a Petrobrás ter aberto esse meio de comunicação e a imprensa precisa se modernizar e se adequar a nova realidade. Não tem como impedir a expansão das redes sociais e de tudo o que está acontecendo. Ajustes como os que estão sendo feitos, são necessários. Mas se empresas como a Vivo já possuem blogs e estão se relacionando com seus clientes (imagine o turbilhão de reclamações), por que a Petrobrás não pode fazer o mesmo?…
Abraços!
Gostei da ideia de mandar o filosofo passar um tempinho lá na Palestina. Dou a maior força!! Terrorismo de estado??? O mínimo que um professor universitário deveria saber é conceituar direito as coisas, não?
Mas, pois é… vamos aguardar pra ver e a Petrobras vai bancar mesmo o blog até o final, sem medo do diálogo aberto. Torço pra que sim!
bjs
Bia
Bia, também torço.
É uma locomotiva que irá puxar os outros vagões.
beijos,
Nepô.
Valeu Simone.
Abrir um blog é fácil, o difícil é passar a conviver com leitor – lê o que o outro leitor escreveu e o que a empresa respondeu.
Essa é a grande novidade, não vi ainda o blog da vivo.
Está aqui, vou olhar e depois, quem sabe, comentar:
http://www.vivoblog.com.br/
bjs,
Nepô
Off toppic, mas preciso dizer: essa mania de comparar coisas no Brasil a faixa de gaza, terroristas e ditadores cruéis ao redor do mundo é de uma falta de sensibilidade terrível contra quem realmente vive nessas condições…
Tenho a impressão que praticamente só a mídia velha está fuzilando o blog da Petrobrás. Ela e alguns leitores mais iludidos pelo terror jornalístico.
Minha maior curiosidade agora é ver se a Petrobrás está preparada para o que vc apontou e acontecerá inevitavelmente. Cheguei a deixar um comentário lá falando sobre isso, mas não voltei para ver se houve resposta.
Tenho certeza que a Petrobrás não pensou muito na cobrança que ela passaria a sofrer por nós, vozes anônimas timidamente conectadas. Creio que ela deve ter pensado apenas em equilibrar sua voz frente à voz da mídia.
Isso pode levar a empresa a sérias dificuldades se ela demorar a perceber que o poder das vozes coletivas caminha rapidamente para se tornar maior que o da mídia velha.
Seja como for estou achando fantástico testemunhar seja lá o que for que está acontecendo nesse início de século que mais parece início de milênio 😉
Roney,
pois é, agora é ver o desdobramento.
Abraços,
valeu a visita!
Prezado Nepomuceno,
Continuo te seguindo, estou estudando a colaboração, me parece que a colaboração demora a acontecer mesmo, o que leva uma pessoa a colaborar?
Felicidades,
Formanski
Formanski, chutaria: necessidade de informação, aguardando troca, e de reconhecimento perante os outros.
Concordas?
abraços,
Nepô.
eu ainda espero os desdobramentos digamos históricos para acreditar em todas as promessas 2.0.
se por trás desse troço está o bicho homem, desconfio.
o retrospecto me aponta este ‘caminho’ como sendo o mais indicado…
mas, claro, não nos recusemos a operar a coisa. a vida é para ser vivida, como der.
no mar de lama onde, às vezes, encontramos petróleo, nossa petrobrás até que fez bonitinho. inclusive, tem encontrado o tal.
‘a veire’, o que faz com ele.
Sergio, vamos ver, grato pela visita!
Adorei a matéria “Viva o blog da Petrobras!”. Há um convite ao diálogo do que se comunica na blog da Petrobrás, sinal de um processo forte de ética com responsabilidade. Talvez por isso, a CPI do PSDB&DEM dita ZERO para a referida empresa. Por enquanto, com seu comentário em busca da verdade vital do blog da Petrobrás, registro nota máxima 2.0 para o Viva o blog da Petrobrás nesse elogia do Nepôsts para o blog da Petrobrás.