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Sou hoje o que tenho e não o que faço.

Para ter o que quero, topo qualquer coisa, pois tenho cartões de crédito a saldar.

E sou aquilo que faço para ter.

E nessa confusão de verbos, não tenho prazer de ser.

Como o ter não dá prazer, entro na sinuca de bico moderna.

Pois não sou o que quero – para ter.

E quando tenho, não sou.

E não me tragam espelho!

Por mais Nike que vista.

Todos querendo ter, não sendo. não fazendo o que gostam, o que querem – para continuar tendo.

É a coisificação do homem, pois não há mais prazer no fazer.

E quando não temos prazer no fazer, não estamos.

Ou meio estamos.

Bingo!

Quando não sou, viro coisa, sem  história, sem sentido, sem fluxo.

Não crio.

Não estou em cada momento, pois eu estou coisificando o presente.

Coisificando as pessoas.

Coisificando-me.

Não há processo.

Se isso é válido para outros países, no Brasil isso ganha dimensões absurdas.

Não temos noção o quanto somos oprimidos.

Quer uma medida?

O quanto você não gosta do que faz?

E por que você não faz o que gosta?

Daí começam as revoluções.

Nossa mudança real começa pela luta contra a nossa coisificação que nos impuseram e nós aceitamos sem gelo.

Que começa sempre do individual para o coletivo.

E não o contrário.

A verdadeira luta é contra a SUA coisificação, em primeiro lugar, e depois a dos outros!

Depois, sim, coletivo de gente que se junta querendo ser, aí vamos.

O Brasil é um país triturador de sonhos!

O Brasil é um país triturador de sonhos!

Do jeito que está, como vemos,  conhecimento passa a ser coisa, a informação passa a ser coisa, pois nós ainda somos coisas.

Não estamos em processo.

Fazer do conhecimento um processo é mais do que outra coisa (no sentido figurado) uma plataforma política.

Uma luta contra a falta do prazer de ser.

Que dizes?

PS – Não, este post não tem saida, por enquanto, só entrada.

11 Responses to “Ter, ser e a coisificação das pessoas”

  1. […] Não fui bem sucedido. Veja minhas reflexões sobre a aula no post sobre ter, ser e coisificação. […]

  2. Rany disse:

    Exemplificou bem a situação de 99% das pessoas que conheço. Infelizmente este é um círculo vicioso que nos prende desde sempre. Somos educados a não ser, para ter, com a justificativa de que na sociedade atual, você é o que tem, o que consome.

    É preciso um belo desprendimento – e um bom plano – pra driblar isso…

  3. cnepomuceno disse:

    Rany,

    concordo.

    O plano talvez seja economizar, não entrar no consumismo, saber o que se quer e ter condições para dizer não para aquilo que não está nesse caminho.

    Concorda?

    abraços
    Nepô.

  4. Rany disse:

    Concordo… infelizmente os jovens (que não nascem ricos, como a maioria dos brasileiros) têm aí um longo caminho de “não ser” até chegar nessa tão sonhada economia. A maioria das pessoas vive em função da aposentadoria, uma vida inteira de desgaste de quem vc é, para poucos anos de naturalidade. : /

    É um preço alto que se paga, mas pelo o que parece, o único possível.

  5. Gostei muito do post, e fui indicado a leitura aqui pela Rany

    Creio que tudo na vida deve ter uma meta, o problema é que muitos se perdem em meio ao processo, e acabam entrando no automático.

    Quando acordam, com um pouco mais de 30, é que reparam que nos últimos 15 anos, eles só fizeram aquilo que estava no script.

    Não, não dá pra largar tudo e se jogar em uma aventura, afinal todos temos contas a pagar, mas sim, com planejamento, eu acho que todos devemos correr atrás dos nossos sonhos, de forma concreta, com paciência e sabedoria.

    Belo post, parabéns!

  6. alessandraq disse:

    Caro amigo Nepo,

    Deixarmos de ter para ser é uma grande mudança de atitude.
    Que foi acentuada ainda mais nesses últimos séculos.
    Mas acho que como sociedade ocidental sempre fomos mais estimulados a ter do que ser.
    Essa briga sempre existiu para quem se foca no poder. No se impor aos demais, no conquistar, no se enganar.
    Porque quem conquista o outro, esquece de si.
    Esquece de suas prioridades, de seus desejos e vontades.
    Vivemos isso desde o nosso nascimento.
    Nesse aspecto vejo a sociedade oriental mas adiantada.
    Mas acho mesmo que o quê nos leva a ser mais do que ter são as necessidades/oportunidades.
    Somente elas tiram qualquer desculpa e nos levam a nos vermos com exatidão.
    Nús diante do espelho.
    O exercício de ser mais do que ter é diário, intransferível e árduo.
    O consumo é somente uma das válvulas de escape para fugir do encontro da gente com a gente mesmo.
    beijos,

    Ale

  7. Luciene disse:

    Muito do que temos diz quem nós somos. Adoro ter livros e cds e dvds, não por tê-los somente, mas por revisitá-los e relembrar os prazeres que me proporcionaram no momento que os senti na primeira vez.
    Parabéns pelo post!
    abs

  8. cnepomuceno disse:

    Luciene, o que é a diferença entre o consumo e o consumismo. O primeiro faz parte, nos preenche. O segundo nem tanto. Concordas?

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