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As novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas empresas como nas escolas –Pierre Lévy – da minha coleção de frases.

(Para analisarmos mais as fundo a questão da mudança do consumidor é preciso para o pessoal de marketing ter uma noção melhor da relação da tecnologia e a sua influência na sociedade, isso não está ainda inteiramente claro, na hora de se pensar uma estratégia de futuro. Neste post, começo a desenvolver essa ideia.)

Acredite: o mercado vai invadir você.

Não resta dúvida que a tecnologia influencia a sociedade e esta a tecnologia numa relação simbiótica que nos leva a mudanças contínuas e cada vez mais rápidas em vários campos.

Alterando estruturas sociais.

Foi assim com a chegada do livro impresso que mudou todas as instituições nos últimos 500 anos.

As organizações sociais vêm passando um processo de mudança profunda com as novas tecnologias de informação e comunicação.

Comecei a análise aqui e desenvolvo mais.

Uma empresa que vendia produtos antes da chegada dos computadores.

  • 1) tentava advinhar a necessidade do cliente;
  • 2) produzia uma quantidade “x” de produtos;
  • 3) colocava o que produziu nas prateleiras;
  • 4) se vendeu, muito bem, se não vendeu: prejuízo.

A “mão” para acertar o quanto deveria ser produzido estava na capacidade de intuição de uma ou outra pessoa, que conseguia perceber o “sentimento” do mercado. Ou em caras pesquisas de opinião.

Detalhe: adaptar as máquinas para uma nova linha de produto era uma fortuna depois de lançada! E assim caminhava a humanidade: produzam carros de qualquer cor, desde que seja preto!

A chegada do computador no escritório e na fábrica permitiu a evolução das metodologias do marketing, através de pesquisas das mais variadas sobre o interesse dos clientes nos produtos.

Possibilitou que uma pesquisa mais científica e moderna ficasse entre o “feeling” do desejo do consumidor e o produto final produzido cada vez mais por robôs.

Foram criadas as bases de dados sobre os clientes, passamos a fazer o cruzamento de dados e fomos reduzindo a distância entre o desejo e o produto.

Quanto menos se erra, mas se ganha.

Mas note que a base de dados estava dentro da empresa e continua, de certa maneira, por lá. Ou seja, quem aperta e dispara a ordem de produção na maioria das empresas ainda é um determinado departamento que define o que será oferecido para os que estão “lá fora”.

A Internet permitiu na sua primeira fase a conexão do mundo em rede eletrônica, portanto, a chegada e a disponibilização das bases de dados on-line. Houve uma aproximação entre o ser humano e as fontes de dados. Das bibliotecas, aos dados bancários, às cadeiras de cinemas, de teatro.

Não só para acessar o que existe, como também, operar cada vez mais lá dentro.

Isso pode ser visto com temor, ou como uma grande oportunidade.

Se é possível deixar o usuário definir o que ele quer e isso render mais dinheiro, por que não?

Ou seja, a tecnologia passou a permitir que de casa ou do escritório, qualquer pessoa pudesse escolher o que, quando e como gostaria de consumir determinado produto.

Do outro lado, a linha de montagem se tornou mais flexível. Os robôs, movidos a software, passaram a poder, sem reclamar da mudança, produzir cada vez mais um número maior de variações.

Esse fenômeno atinge a indústria de carro, de roupa, de livros, de música.

Pode-se agora se ter um livro ou um CD para cada tipo de pessoa.

A partir daí, o profissional “de mão cheia”, que precisa prever o que o cliente deseja,  muda radicalmente de posição, pois o cliente mudou a dele.

A tecnologia já permite hoje que ao invés de prever o que “eles querem” é preciso chamá-los para fazer parte “do que vamos fazer para eles”. É uma mudança que atinge a todos os setores do mercado, dos jornais aos vendedores de calcinha.

Não há mais o para “eles”. Mas sim para “nós”.

É fato, na prática, não precisa mais haver separação entre o desejo do consumidor e o produto final na linha de montagem.

Agora, é possível colocar o prosumidor dentro da linha de montagem como parte integrante, aumentando sim os custos dos investimentos em plataformas cada vez mais sofisticadas de gerenciamento de comunidades. E reduzindo o investimento em pesquisa para saber o que o consumidor quer.

Estamos caminhando para o capitalismo hipercustomizado, naquele que quem aperta o botão e manda a máquina rodar ou parar está fora da empresa!

As empresas serão menos “corretoras” e mais plataformas de  “homebrokers”.

Menos ofertantes de produtos e serviços e muito mais uma  plataformas colaborativas,  distribuindo, na fase final, produtos personalizados diretamente na casa do cliente.

O departamento de marketing, de venda, de produção, passa agora da fase de fornecedor de “leite” para administração de colméias.

Quanto mais abelhas forem atraídas para dentro da colméia e quanto melhor “as abelhas consumidoras e produtoras” se sentirem lá dentro, mais produtos serão encomendados e vendidos.

É uma mudança tão radical na maneira de se pensar negócios, que levará muito tempo até que os grandes players estejam convencidos de que o caminho a seguir é este.

É uma oportunidade enorme para novos negócios, com toda a crise que se avizinha.

O jogo está aberto e pode ter certeza que não será mais você que vai “invadir o mercado” com seus produtos. Estamos justamente no início do movimento contrário, prepare-se!

O mercado está e estará cada vez mais invadindo você.

Continua o papo…

One Response to “Relação com prosumidores 2.0: o que muda? – Parte II”

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