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Aquele que não conhece história, está condenado a repeti-la – George Santaiana – frase da coleção.

Individualmente, estamos vivendo intensamente a hiperminésia.

Nossa luta inglória para acompanhar os dados que saltam de todas as janelas do planeta.

A incapacidade de juntar 2 com 2.

Não estamos conseguindo chegar nem a informação.

É só dado, dado, dado.

O que gosto de chamar de fofoca.

A sociedade do dado.

A sociedade da fofoca.

Ou como gostava de dizer já em 1967 Guy Debord, estamos na “A Sociedade do Espetáculo”.

(É mais um que diz que sem história não se consegue fazer estratégia.)

Para começar a subir na escada precisamos consolidar informações, que é juntar os diferentes dados.

Passar pelo conhecimento e começar a jogar na praia da sabedoria.


Um longo caminho que começa no como fazemos as coisas e não exatamente o que fazemos.

E depois que passamos a fazer diferente, voltamos ao que fazemos de uma nova maneira.

Veja uma discussão sobre isso com o Ego e o Lego.

Muito bem, agora vamos a outro diagnóstico mais grupal.

Se estamos vivendo a sociedade da hiperminésia individualmente, no âmbito coletivo estamos caminhando a passos largos para o túnel escuro da amnésia coletiva.

Lemos e vemos o que está na rede, nos contemporâneos que jogam dados para os outros pescarem.

Ficamos mordendo os dados e morremos pela boca, ou pelos olhos, como queiram.

Note que a chegada da escrita ao mundo permitiu a recuperação da memória humana.

Antes era o papo do eu te conto e você me conta.

Não se sabe de nada daqueles tempos, supõem-se o que aconteceu.

Não há registros.

Viemos acumulando, através dos livros, a passagem de pensadores mais ou menos brilhantes, que vêm escrevendo, aos poucos, com muita dedicação e suor o manual do mundo.

É preciso revisitá-los com nossos olhos de Século XXI.

Tirem dos túmulos os historiadores, os filósofos e os artistas!

Muitos deles não estão na rede.

E se estão, não estão dando Hits.

Seria bacana um blog de cada filósofo, não?

Como se vivos fossem.

(Eles estão fazendo falta!)

E o que vemos?

Nós, no alto da sociedade da arrogância, nos proclamamos a sociedade do conhecimento e da informação (ambas um mito).

Estamos cada vez menos no estágio da sabedoria – ponto alto – e estamos cada vez mais nos dedicando ao dado solto, a rabeira da cadeia alimentar informacional.

Vamos dormir com a certeza do dever cumprido, mas de comprido e rico não tem nada.

Doce ilusão que nos embala na falsa rede do conhecimento.

É o obscurantismo reinventado.

Achamos que podemos entender para onde o ciclone vai no olho dele.

Para traçar sua rota é preciso se afastar ao máximo, ver de cima.

É urgente nos dedicarmos 80% do tempo informacional que dispomos (quando possível)  ao conhecimento dos sábios do passado para poder  olhar de quando em quando para os dados do presente com sabedoria.

E não o contrário, como é de uso corrente.

(Saiam de tudo que é lixo, dos e-mails, fujam, esqueçam, deletem, finjam-se de mortos.)

Há o risco do retorno a uma Idade Média pós-moderna, no qual o computador em rede será nossa mais nova revista de fofoca atualizada com tudo que temos direito.

Quem quer fazer a diferença, estar no mundo, ajudar aos outros e, por que não, ter uma vida profissional gratificante, deve fugir da boiada.

Múúúúú 😉

Termino com Nelson Rodrigues:

“Toda unânimidade é burra”.

E complemento:

“Ainda mais em rede”.

Que tal sair da burrice coletiva que estamos caminhando para abrir mais brechas para a inteligência coletiva?

Que dizes?


4 Responses to “A amnésia coletiva”

  1. cnepomuceno disse:

    Pat, grato…já entrando e mostrando que esse movimento se espalha:

    CEO do Google pede: “desliguem seus computadores”
    Recomendação dada por Eric Schmidt durante cerimônia de graduação na Universidade da Pensilvânia (EUA) pretende levar jovens à descoberta de tudo que é humano e importante
    19/05/2009 – 21:12
    O que não se imaginaria de um executivo de uma das empresas mais valiosas do mundo digital aconteceu nesta segunda-feira, 18. Eric Schmidt, CEO do Google, recomendou a recém-formados da Universidade da Pensilvânia (EUA) que desligassem seus computadores e celulares. O pedido foi feito com o acréscimo de um “infelizmente” à frase. Por trás dessa orientação aparentemente contraditória estava o desejo de Schmidt de que os jovens descubram o que é realmente importante, o que é humano. Para isso, só saindo do mundo virtual para entrar na vida real. “Nada supera a sensação de segurar a mão de seu neto enquanto ele dá seus primeiros passos”, declarou.

    Schmidt fez um discurso marcado pelo humor e recheado de referências tecnológicas. As palavras do executivo do Google, que recebeu um grau honorário de doutor em ciência pela instituição, podem ser conferidas num vídeo de pouco mais de 12 minutos no YouTube. Ele compara, por exemplo, sua geração com a “geração do Google e do Facebook”, comentando que a dele tinha cabines telefônicas e a atual conta com celulares. “Nós tiramos fotos, navegamos com mapas, ouvimos rádio. Vocês têm celulares”, brincou. “Nós escondíamos nossos momentos embaraçosos. Vocês colocam no YouTube”, emendou, provocando mais gargalhadas.

    O executivo lembrou ainda que a geração dele lia notícias dos jornais. A geração Google lê notícias por meios dos blogs, do Twitter e de outros recursos da internet. E assim salientou a importância do acesso à informação. “A web é um grande equalizador da sociedade”, afirmou.

    Schmidt disse também que este é um bom momento para um estudante se formar. Isso porque em tempos difíceis e desafiadores podem surgir boas oportunidades. E encorajou os jovens a experimentar, a se arriscar. “Você não pode planejar inovação ou inspiração, mas pode estar preparado para ela.”

    Já na parte final de seu discurso, ele pergunta qual, afinal, é o sentido da vida. Schmidt observou que, num mundo em que tudo será lembrado, ou que tudo é capturado para ser eternizado, é preciso viver para o futuro e para as coisas que realmente importam. Foi quando ele recomendou que os estudantes desliguem seus computadores e celulares. “Vocês vão descobrir que as pessoas se importam com as mesmas coisas. Vão descobrir que curiosidade, entusiasmo e compaixão são contagiosos.”

    Vídeo no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=6wKFQx30f6M

  2. Rany disse:

    É dessa informação de “boiada” que sentimos um enorme vazio depois de um dia CHEIO de informações.

    Acho que só de perceber que há algo de errado com isso já é um começo, pois muitas pessoas ainda estão na fase de achar esse “turbilhão” de dados uma coisa maravilhosa.

    Minha mente é extremamente seletiva, e por isso parei com essa neura de consumismo louco e desenfreado de novidades. No final das contas, só se pega uma coisa daqu e dali que podem levar a uma verdadeira conclusão consistente. :/

    É algo a se observar, sempre. Entrar pra boiada e seguir a unanimidade é o processo mais fácil e natural do mundo. A própria rotina se encarrega de te levar. ^^

  3. cnepomuceno disse:

    Oi Rany,

    muito bom, se aliar esse tempo de abobrinhas, com leituras que te fortaleçam conhecer melhor a natureza humana, verás que começará a ter uma grande diferença no trabalho e na vida.

    É um bom remédio contra a ansiedade informacional.

    Valeu o comentário,
    Nepô.

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