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Temos que manter a tecla F5 eternamente pressionada” – Ana Cristina Fiedler (mãe do Bruno, entrevistada pelo Caderno Digital do Globo e publicado em 18/05/09), já está na minha coleção de frases.

Fala-se muito em gerir conhecimento.

Eu abandonei o conceito conhecimento, informação, rede e comunicação para algo mais consistente que é a produção da verdade, veja mais sobre isso aqui.

Já postei que isso é impossível, mas tudo bem.

Quem quiser insistir na linha, sugiro, então, mudar o objeto: passar a gerir o desconhecimento.

Explico.

Estamos vivendo o aumento da velocidade da circulação das idéias.

Esta, na verdade, é a grande novidade que a Internet traz.

Mais velocidade, mais fichas que caem, novos produtos que surgem.

Encurta-se o tempo da inovação.

A tendência é esse processo se acelerar cada vez mais, enquanto tivermos  aumento populacional e, por sua vez, a exigência de mais e mais velozes ( e por consequência complexos) ambientes de conhecimento.

Hoje, viver é mudar.

Na verdade, sempre foi, mas o tempo engana, como já disse Einstein.

Hoje, o trem não só parece correr mais rápido como, de fato, corre.

Assim, é preciso sermos gestores de mudança (gosto mais de ambientes de mudança.)

E não de consolidação.

O conhecimento é visto como algo estático, um substantivo, ao invés de um verbo,

(Veja o exercício que fizemos com o pessoal da Facha para quebrar esse paradigma.)

Tudo muda aqui fora, mas não queremos ver, com medo de perder nossa identidade.

E aí está o problema: o conhecimento superficial e consolidado se aloja no ego humano.

E o ego é um buraco no qual achamos ilusioramente que somos nós.

Deixamos de ser nós mesmos para virar um time, um partido político, um autor, um pensamento, uma identidade.

Há nesse jogo de espelho algo que se perde, pois o que deveria ser relacional:

” Eu estou PT. PMDB, PSDB, etc…”. Passa a ser “Eu sou PT, PMDB, PSDB, etc”.

E enrolados na bandeira afundamos com o navio.

(Obviamente, não estou a falar do troca-troca de partidos dos políticos, mas daqueles que ainda acreditam em ideologias partidárias no Brasil.)

Toda a filosofia oriental – que não chegou ainda para valer no mundo corporativo ocidental – aponta o problema gigantesco de se acreditar que somos o nosso próprio ego.

(Um bom autor que resume o pensamento oriental de forma didática e atualizada é Eckart Tolle.)

Nossa vida se resume a achar que somos o som, quando, na verdade, somos apenas eco.

No ego – o eu falso – estão depositadas nossas verdades mais superficiais.

Quantas vezes em uma reunião vemos que uma pessoa não defende uma idéia, mas apenas a sua identidade?

E a identificação é tanta, que não há jeito de separar a idéia – que é passível de reflexão – da pessoa.

Toynbee afirma no livro “Sociedade do Futuro” que não existe nada mais ridículo do que brigar por idéias.

Ele diz:

“Animosidade em assuntos morais e políticos me parece algo extremamente infeliz e deplorável; jé em termos intelectuais me parece grotesca”, da minha coleção de frases.

Obviamente, isso só será possível,  se ambos os lados do debate  não se consideram – eles mesmos – as próprias  idéias!!!

E não algo relacional: a idéia que tenho hoje, que pode mudar, a partir da nossa interação.

Paulo Freire separou os dois personagens entre o radical ( o que abre-se para o diálogo) e o sectário (o que quer doutrinar.)

Acredito que o primeiro se relaciona com o seu ego de uma forma mais saudável (consegue se separar dele). E o segundo, não.

Assim, a gestão do desconhecimento começa por:

  • gerar a sabedoria para perceber quem realmente somos (auto-conhecimento) que nos afasta das nossas falsas verdades;
  • aprender a desaprender;
  • deixar que o lego (veja post) apareça;
  • para, assim,  de forma relacional – comparar o que lemos, o que vemos para nos permitir fazer uma bissetriz criativa para inventar o novo.

O papel de quem quer provocar mudanças, do empreendedor ao professor, assim, passa ser, como sempre deveria ter sido, ajudar a desconhecer, a olhar para nossas verdades sempre de forma relativa.

Para que o ego e não o lego tome conta do jogo como tem feito cada vez mais.

É isso.

Que dizes?

5 Responses to “Gestão do desconhecimento”

  1. Eu admiro a sua capacidade de encontrar imagens tão pertinentes e nada óbvias para ilustrar seus textos!

    Bom, estou com aquela mesma sensação de ter “comprado” um monte de coisa nova, mas ainda está tudo nas sacolas. Eu sei o que você quis dizer no post, mas ainda não consigo verbalizar ou destrinchar. Vou ler de novo mais tarde, amanhã, depois. Aos poucos, entenderei mais coisas.

  2. cnepomuceno disse:

    Pat,

    Ok, quando tirar tudo da sacola, volta e me diga..;)

    Nepô.

  3. Paty disse:

    A Gestão do conhecimento, a web 2.0, a geração Y…??? Os nomes nem sempre condizem com o que realmente são, né?
    E uma vez criados passam a ser um problema para o próprio conceito…o apego ao que foi já criado…talvez essa seja a ponte com o EGO…

    Quando a área de “Gestão do Conhecimento e Inovação” foi criada na minha empresa, começaram infinitas reuniões para definir o nome do meu cargo……não aceitaram minhas sugestões: “curiosa organizacional” , “anteninha de tendências”
    …mudar dói tanto, dói aqui e ali…então é preferível ficar na mesma.
    …acabei virando uma Analista de Gestão do Conhecimento e Inovação Pleno???

  4. cnepomuceno disse:

    Paty,

    estou até emocionado.

    É a primeira Analista de Gestão do Conhecimento e Inovação Pleno que conheço.;)

    Acho que meu blog nunca mais sera o mesmo.;)

    Pois é….nomes são relacionais, mas todo mundo insiste em dizer:

    “Você sabe com quem você está falando?”.

    É o tal do Ego.

    Muito legal seu comentário…

    Desejo sorte no novo cargo.

    abraços,
    Nepô.

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