- Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida – Sandra Carey – da coleção;
“Não quero esquentar a cabeça”.
Esta é a frase que define a maneira de pensar do brasileiro.
Passiva, reativa, conservadora e, pior de tudo, cancerígena.
Só que, na prática, isso não acontece, vivemos de explosões.
Há uma clara impossibilidade, um abuso e, estouramos.
A raiva repentina é um sintoma de que não há equilíbrio e que, geralmente, a reação não vai dar em nada, pois é geralmente intempestiva e sem desdobramento.
A raiva é a anti-sabedoria.
Faz parte do sistema, quanto mais te enerva, menos energia tens para mudar.
Quando alguém resolve fugir desse “modus operandi” vai para o oposto, questionar tudo, contra a passividade geral.
Saímos da impotência para a onipotência.
Ou é tudo, ou nada.
E a raiva volta.
A pessoa coloca a camiseta do “enfezadinh@”.
A lição de quem trabalha com mudanças humanas radicais que funcionam, os grupos de mútuo-ajuda, tipo AA, NA etc nos traz algo bastante útil.
(Estes grupos não religiosos e pouco estudados, são canal interessante para diversas mudanças necessárias da humanidade. Já falei mais deles aqui)
A base da mudança, contida na filosofia dos anônimos para tirar pessoas do fundo do poço gira em torno da “oração da serenidade“, que não é uma “oração”, porém uma maneira de se posicionar no mundo.
É pró-ativa, voltada para o livre-arbítrio e defensora da potência, o caminho do meio, entre o tudo e o nada, destacando o papel da sabedoria, que seria a fusão e o equilíbrio entre cognição e afeto leiam:
“Que eu tenha serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa,
e sabedoria para que eu saiba a diferença”.
Dentro dessa ótica, resolvi assumir que sou um Eureador.
Um vereador, sem mandato formal, mas com mandato informal, a partir da minha sabedoria, não raivosa.
Sou um cidadão presente, independente de qualquer coisa!
E quando vejo que posso, ajo!
Mobilizo-me naquilo que posso atuar.
Nessa linha, já consegui acionando apenas os canais estabelecidos para reclamação, levando poucos minutos:
– uma rampa para atravessar a rua perto do meu prédio, junto à Prefeitura do Rio;
– que o bar do Santos Dumont abrisse mais cedo (5:30 da manhã) para quem pega a ponte-aérea, através da ouvidoria da ANAC;
– que fossem tirados cones de uma rua para “moradores vips” perto do clube que frequento, via Disque Ordem, 153;
– que fossem trocadas todas as espriguiçadeiras do clube, via reclamação na secretaria.
– resolver um bug no sistema da Gol, no checkin, via ouvidoria.
Entre tantas outras micro-questões desse vasto mundo.
Pode ser pouco, mas, confesso que me sinto muito mais brasileiro e cidadão depois dessas “besteirinhas” conquistadas.
Quando encaro minhas “micro-conquistas” me agiganto, consciente da minha pequenez, diante do planeta!
Sou ativo, porém não onipotente!
Ou seja, o Brasil não está melhor como poderia, pois nossa cultura é a de nos preocuparmos com aquilo que não podemos mudar e não tomamos atitude com aquilo que podemos.
Simples assim!
Não queremos esquentar a cabeça.
Um país que não assume a sua potência de cada um no seu espaço.
Precisamos sair desse fosso entre a (im) e a (oni) potência.
(Já falei mais sobre isso aqui.)
É nesse espaço que um Lula e uma Dilma se arvoram no direito de ser nossos papais e mamães.
E darem na boquinha tudo que precisamos.
Fiquem aí que mamãe já vem!
No fundo, eles têm, uma certa razão, pois conseguem ter a esperteza (oportunista?) de perceber que, sim, que queremos continuar filhinhos, desde que fiquemos na aba deles.
E para sair desse impasse, só com sabedoria!
Concordas?