Todo o processo científico se baseia no aperfeiçoamento dos conceitos para se aproximar, o máximo possível e nunca de forma definitiva, dos fenômenos.
Conceitos precisam estabelecer uma relação mais direta possível com os fatos.
Se eu digo que estou falando de obesidade, ou de gordos.
Preciso definir o que seria uma pessoa obesa, relacionando números: idade, tamanho, peso, histórico familiar.
Assim, se procuro apresentar minha definição de obeso – eu tenho que matematicamente apresentar algumas referências.
Na política, por influência das paixões, resolvemos usar os conceitos de esquerda e direita, que são conceitos subjetivos, que não permitem a aplicação de números.
Esquerda e direita são referências de geolocalização que são importadas para a política, criando uma alta taxa de subjetividade, de interpretação pelo emissor do que quer dizer com isso.
Cada pessoa ao usar o conceito irá definir, a seu critério, o que é ser direita ou esquerda – o que torna a análise científica impossível.
Há tempos, nossa escola de pensamento (Bimodais – Futurismo Competitivo) vem discutindo um fenômeno chamado Descentralização Progressiva Obrigatória.
Que faz uma relação entre o aumento populacional e a demanda por descentralização de poder, como algo obrigatório e não opcional – se analisarmos a macro-história.
Dentro dessa visão, podemos refazer os conceitos de esquerda e direita propor algo mais matematicamente comprovável: centralizadores e descentralizadores.
O que seria isso?
- Centralizadores – quanto mais decisões e ações se concentrarem em menos gente, podemos dizer que são resultados e consequências de pensamentos, propostas, ações, práticas centralizadoras;
- Descentralizadores – quanto mais decisões e ações se concentrarem em mais gente, podemos dizer que são resultados e consequências de pensamentos, propostas, ações, práticas descentralizadoras.
A mudança conceitual é fundamental, pois a contraposição centralizadores e descentralizadores é passível de medição numérica.
- Se por exemplo, eu aumento o estado, o número de funcionários, que ficam sob o comando de um presidente ou de um poder central, mais e mais decisões vão depender do centro;
- Se eu transfiro para a iniciativa privada, com liberdade para que haja competição, para diferentes atores, menos as decisões vão depender do poder central.
Sob esse ponto de vista, posso analisar que o nazismo e o comunismo foram movimentos centralizadores, pois mais e mais o poder foi se concentrou em cada vez menos gente.
E muita gente chama o nazismo de ultra-direita, quando na verdade são dois movimentos centralizadores de poder – o que matematicamente pode ser comprovado.
Posso aferir, através de estudos, quantas decisões/ações eram coordenadas antes e depois de determinado regime para aferir se tivemos centralização ou descentralização.
A centralização reduz a capacidade do centro em coordenar a complexidade, dificultando em muito a tomada de decisões melhores. Por causa disso, os regimes centralizadores, ainda mais com aumento populacional, tendem à crises de todos os tipos, incluindo de escassez.
Bolsonaro, por exemplo, é chamado pela maioria dos jornais do exterior de ultra-direita, com comparações ao nazismo e ao fascismo.
Mas do ponto de vista objetivo, se aplicada a nova medição, é um governo que tem se caracterizado matematicamente pela descentralização, repassando atividades do estado para a iniciativa privada, reduzindo burocracias e aumentando o poder do cidadão.
Além de praticar um modelo de administração “Posto Ipiranga”, de migração da escolha de ministros e destes para seus subordinados de descentralização e não centralização.
Já Maduro, na Venezuela, considerado progressista, por muitos, mais e mais tem centralizado as decisões e o seu poder, se comparado pelos regimes anteriores.
Assim, podemos matematicamente comprovar que Bolsonaro tem feito um governo descentralizador e Maduro centralizador.
Quem optar pelo de Maduro, tem esse direito, apenas tem que assumir que considera a centralização algo mais benéfico para a sociedade, comprovando resultados similares no passado.
A descentralização e a centralização como conceitos tiram o debate político de uma espécie de limbo místico e religioso, que interessa a quem não quer trabalhar com parâmetros mais objetivos.
Qualquer pessoa que se diz de direita, mas que defende, no fundo, a descentralização deve refletir se não está ajudando com o uso de conceitos subjetivos e míticos, a confusão.
A confusão só interessa a quem não quer medição.
Pense nisso.
Que dizem?