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Todo mundo precisa colocar a culpa em alguém pelas crises contemporâneas.

O meu dedo aponta para a linguagem, Ou o pacote de linguagens que utilizamos, até aqui: gestos, oralidade e escrita.

Temos que aprender com McLuhan, o Darwin da Era Moderna, de que as mídias mudam e marcam as eras humanas. E seguindo a linha do mestre e agregando novas ideias, diria que:

  • as mídias mudam para viabilizar novas formas de solução de problemas;
  • e tais evoluções/revoluções são necessárias, pois nossa espécie cresce indefinidamente.

O epicentro das mídias são as linguagens.

O que nos leva a dizer que as linguagens com o tempo ficam obsoletas, pois precisam ser sofisticadas para lidar com mais complexidade.

Temos, então, um paradoxo interessante:

  • quanto mais gente no mundo, mais se demanda horizontalidade (o que implica diversidade das decisões) e velocidade;
  • a horizontalidade, entretanto, com as atuais linguagens, demanda tempo para decidir.

E é justamente por isso que as linguagens ficam obsoletas, pois há um ritmo diferente entre capacidade de decidir com mais gente e a velocidade das decisões.

As decisões vão ficando cada vez mais verticais, menos diversa, mais carregada de interesses de um determinado centro, pois a linguagem de plantão já deu o que tinha que dar.

A linguagem é a base da comunicação e esta a da administração.

Coloquemos um fio terra para ficar mais compreensível.

Não adianta um projeto de orçamento participativo como o PT  (partido dos trabalhadores) sugeriu em muitas cidades brasileiras, logo quando começaram a assumir prefeituras. A oralidade exige um tempo para reuniões presenciais, fechamento de ideias, processamento, retorno para decidir.

Assim, a participação nas decisões oral-escrita (base do atual modelo da gestão) tem um custo alto e um tempo demorado, o que acaba inviabilizando que haja a participação, sem falar nos vícios que o processo acaba tendo.

A terceira linguagem dos cliques que permite que muito mais gente possa participar das decisões de forma rápida, (como se vê no Waze, Airbnb, Uber, Mercado Livre) permite que se consiga superar a barreira da horizontalidade com a velocidade.

Mais gente participando, sem a perda de tempo e o custo que isso exigia no passado.

O que temos hoje, assim, é a crise da segunda linguagem humana, o pacote gestos, oralidade e escrita, que não consegue mais ser viável num mundo tão complexo: decisões nesse modelo são ou muito verticais ou muito demoradas, quando se tenta horizontalizar.

Por isso, estamos implantando a terceira linguagem dos cliques, que consegue nos tirar desse impasse.

A terceira linguagem viabiliza um novo modelo de comunicação-administração, permite que se promova uma Revolução Civilizacional e abre as portas para a Civilização 3.0, na qual conseguiremos superar a crise atual da velocidade versus horizontalidade.

One Response to “A crise da linguagem”

  1. Eugênio Cony disse:

    Quanto mais gente no mundo,
    mais falantes,
    mais coisas faladas,
    mais ruído,
    menor atenção aos detalhes,
    maior pressa em chegar ao coração da mensagem,
    mesmo que não se saiba bem por que ela está sendo transmitida,
    já que o contexto foi perdido pela pressa e pela desatenção aos detalhes (Detalhe? O que é isso? É a matéria prima das coisas, das ideias que são palavras, que são informações, que podem se transformar em movimento, que podem transformas vidas, a sua inclusive.) que precedem e envolvem as palavras no texto.

    Nesse contexto de ruído e pressa, a horizontalidade sempre influenciará a perda da qualidade das decisões tomadas, pois rasas no aprofundamento da compreensão das ideias/palavras.

    O aumento do uso dos signos, ícones, nos aplicativos é um bom indicativo dessa pressa e dessa apreensão instantânea dos conteúdos simbolizados por cores e formas mas, não mais por palavras.

    Perceba a rápida interação entre você que me lê agora e seus Apps de celular. Você não procura mais por uma palavra, por um nome de produto e sim seus olhos anseiam pelo reconhecimento de um padrão, por um desenho, por uma cor.
    É verde, é WhatsApp, é possibilidade de comunicação…

    Como temos trocado em nossas discussões, os cliques, que permitem a massificação das opiniões (desde que se tenha capacidade de processamento!), colocam o poder do conhecimento sobre as informações processadas nas mãos de quem controla, checa, atribui, acessa e, com ética, tabula e divulga resultados.
    Ou não!

    Nesse sentido, qual será sua Deontologia (dos que escrevem algoritmos e dos que os pagam para fazer isso)?

    E o que temos sobre a Ética Legal (as convenções morais e éticas são formatadas em termos jurídicos, há o conflito entre a pessoa e a determinação exterior, contrária – as leis mesmo, os impostos, os acordos sociais que deram origem às leis de trânsito (um rico local para se procurar pelos comportamentos da “Moralidade” dos motoristas, por exemplo), em um tipo de situação que ainda nem se assentou, mas que toma corpo dia a dia, em cada App, em cada pesquisa de opinião, em cada decisão vertical tomada por quem as pode tomar?
    É quando deve entrar nas nossas reflexões a Legitimidade, quando e onde nem tudo que é legal é justo.
    O que escolher que seja feito?
    O carro sem motorista, dirigido por uma IA (inteligência artificial) atropela a mãe e seus 3 filhos que entraram em seu caminho, e os mata, ou desvia, cai no precipício e mata o ocupante do carro?
    Que escolhas fazer? Teremos de pensar nisso. Experiência e erro.

    O assunto deverá ganhar mais ainda da nossa atenção e discussão, pois os que querem apenas “cerveja e churrasco” no final de semana, são os mesmos que tem de vivenciar essa revolução silenciosa (nem tanto, diriam os Black Blocs e a Midia Ninja) diariamente, durante a sua semana sem cerveja e sem churrasco.

    Nesse caso, a Moral, costumes habituais, se relaciona intimamente com a Ética, de forma que não corresponde a uma disposição natural, mas conquistada por meio do hábito (O Objeto da Ética – Adolfo Sánchez Vásquez, p.14)

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