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A crise do capitalismo hoje é justamente quando quem detém a concentração do capital e da baixa taxa de meritocracia se diz liberal, quando, na verdade, não é. 

Todo o pensamento tem uma expressão tóxica.

(Texto baseado neste artigo: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1990)

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É quando deixa de ser um pensamento aberto e passa a ser um dogma.

O liberalismo tóxico, vou definir este conceito,  é a defesa da liberdade das empresas como um fim em si mesmo, como se a empresa não fizesse parte da sociedade e tivesse as suas responsabilidades.

É esse tipo de liberalismo tóxico, que vai contra os conceitos fundadores do liberalismo, que têm ampliado a concentração e a redução da meritocracia da sociedade, tornando o liberalismo uma ferramenta de manutenção da concentração e não de descentralização do mérito e das oportunidades.

A meu ver, as empresas têm a função de resolver problemas na sociedade e recebem uma gratificação por causa disso, que chamamos hoje de lucro.

Acredito que o objetivo é resolver o problema e a motivação é o lucro. E o lucro deve ser socialmente aceito, desde que os problemas sejam resolvidos, dentro de determinados princípios éticos.

A sociedade deve criar instrumentos para evitar que essa liberdade passe por cima de alguns critérios éticos, tal como:

  • – prejudicar a sociedade e os consumidores;
  • – impedir a concorrência.

Toda liberdade deve ser acompanhada de responsabilidade.

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O liberalismo, entendo eu, deve se basear na defesa do mérito e na redução da desigualdade de oportunidades.

Assim, uma empresa que tem um negócio de material de hospitais não pode abrir um empreendimento de auditoria de material hospitalar, pois há um conflito de interesses aí. É anti-ético.

Talvez, mais do que a liberdade que é um conceito abstrato, pois tem que se falar de direitos e deveres.

E a defesa da liberdade pode entender limites como inimigo, quando, na verdade, é algo positivo para a sociedade.

Temos que pensar o pós-liberalismo ou o tecno-liberalismo como a defesa do mérito e o espaço para que o mérito sempre seja defendido.

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Quando um Google, por exemplo, começa a abrir diferentes negócios e passa a usar a sua busca para favorecer os novos negócios, em detrimento do mérito, temos um problema da liberdade do mérito, pois a taxa de mérito está caindo.

Ou seja, não se pode confundir liberdade pela liberdade com a liberdade pelo e com o mérito. Liberdade não pode ser confundido com “tudo deve ser possível”.

A crise financeira recente nos EUA foi justamente quando o capital concentrado passou a ter uma influência além do que deveria no Governo e nas agências fiscalizadoras. A sociedade ficou desprotegida.

Se o liberalismo não vai contra essa perda do mérito, o que acontece é que ele passa a ser o anti-mérito.

A crise do capitalismo hoje é justamente quando quem detém a concentração do capital e da baixa taxa de meritocracia se diz liberal, quando, na verdade, não é. 

E é do pensamento liberal defender os pequenos empreendedores diante dos grandes quando o jogo começa a se desequilibrar, tirando o mérito da disputa.

Não é possível que uma empresa possa abrir todo o tipo de negócio, quando um negócio tem um conflito de interesse em relação a outro.

Falei mais sobre isso aqui:

É isso, que dizes?

4 Responses to “O liberalismo tóxico”

  1. Guilherme disse:

    Fraco. Cheio de chavões e lugares comuns. “Temos de pensar na sociedade” e demais clichês pavorosos do tipo. Não houve uma explicação racional, mas apenas emotiva.

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Guilherme, pode apontar os chavões? E lugares comuns? Há uma explicação racional, que defende um novo posicionamento de algumas posições liberais da liberdade pela liberdade.

  3. Guilherme disse:

    “O liberalismo, entendo eu, deve se basear na defesa do mérito e na igualdade de oportunidades.”

    Defender igualdade de oportunidades não tem nada a ver com liberalismo. Igualdade de oportunidade é uma utopia totalmente impossível de ser alcançada.

    Para começar, as pessoas não nascem iguais. Essa é a premissa mais básica de toda a humanidade. As pessoas são intrinsecamente distintas uma das outras. Algumas pessoas são naturalmente mais inteligentes que outras. Algumas têm mais destrezas do que outras. Algumas têm mais aptidões físicas do que outras.

    Adicionalmente, mesmo que duas crianças nascessem com exatamente o mesmo grau de preparo e inteligência (algo improvável), o próprio ambiente familiar em que cada uma crescer será essencial na sua formação. Algumas crianças nascem em famílias unidas e amorosas; outras nascem em famílias desestruturadas, com pais alcoólatras, drogados ou divorciados. Há crianças que nascem inteligentes e dotadas de várias aptidões naturais, e há crianças que nascem com baixo QI. Toda a diferença já começa no berço e, lamento informar, não há nenhum tipo de engenharia social que possa corrigir isso.

    As influências genética e familiar sobre o destino das pessoas teriam de ser eliminadas à força, pois elas indubitavelmente afetam as oportunidades e fazem com que elas sejam desiguais.

    No cruel mundo atual, pessoas feias não podem ser modelos; deformados não podem ser astros de futebol; retardados mentais não podem ser astrofísicos; baixinhos não podem ser boxeadores pesos-pesados. Não creio ser necessário prolongar a lista; qualquer um é capaz de pensar em milhares de exemplos.

    O mais curioso sobre essa questão da igualdade de oportunidades é que os arranjos políticos necessários para que ela ocorra já existem na maioria dos países ocidentais. Há saúde gratuita, há educação gratuita, há creches gratuitas, há escolas técnicas gratuitas, e há programas gratuitos de curas de vícios. Ainda assim, todos continuam infelizes ou descontentes. Consequentemente, continuamos atribuindo nossa infelicidade à falta de igualdade de oportunidades simplesmente por medo de olharmos para outras direções à procura de explicações verdadeiras, inclusive para nós mesmos.

    Políticos adoram idealizar a ideia de igualdade de oportunidade exatamente porque se trata de algo impossível de ser alcançado plenamente. E justamente por ser impossível, a igualdade de oportunidades se torna uma permanente garantia de emprego para esses políticos, à medida que eles seguem prometendo a quadratura do círculo ou a criação do moto-perpétuo. Tais promessas garantem a importância deles perante o eleitorado. E conseguir importância é provavelmente a mais poderosa motivação de todo político.

    E você dando ibope pra isso.

    “Temos que pensar o pós-liberalismo ou o tecno-liberalismo como a defesa do mérito e o espaço para que o mérito sempre seja defendido.”

    Qual é o mérito em entrar na justiça para impedir que seu concorrente se expanda?

    “Se o liberalismo não vai contra essa perda do mérito, o que acontece é que ele passa a ser o anti-mérito.”

    Espantalho. Você inventou uma inexistente dicotomia 8 ou 80 e a criticou.

    “E é do pensamento liberal defender os pequenos empreendedores diante dos grandes quando o jogo começa a se desequilibrar, tirando o mérito da disputa.”

    Outro espantalho. Se o grande se tornou grande pelo seu próprio mérito — i.e. sem recorrer ao governo, quer por subsídios, quer por tarifas protecionistas –, então não tem nada disso de o liberal defender o pequeno só porque o grande cresceu.

    “Não é possível que uma empresa possa abrir todo o tipo de negócio, quando um negócio tem um conflito de interesse em relação a outro.”

    Por quê?

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Guilherme, grato pelo seu extenso comentário.

    Não acredito em um pensamento liberal único, mas em um debate de visões liberais, da qual você tem uma, eu posso ter outra e fulano, tem outra, detalhei mais sobre isso aqui:

    http://nepo.com.br/2014/12/15/existe-um-so-liberalismo/

    Vejo que você está na luta em defesa do liberalismo, mas acho que é preciso entender o interlocutor, no meu texto não defendo e nem acredito na igualdade de oportunidade, mas apenas na garantia que haverá uma justa competição no mercado, estamos falando de inovação e de competição.

    E não de projetos sociais, o debate aqui é econômico e não político, que é o viés que você adotou.

    Quanto ao caso específico do Google, que é o tema do artigo do Mises, acredito que está havendo o uso indevido mesmo de um monopólio, baixando a taxa da meritocracia.

    Não se trata de um ataque ao buscador do Google, mas de uma nova empresa do Google de comparação de preços, que está sendo beneficiada não pelo mérito, mas pelo poder da busca, que está favorecendo.

    É a meu ver um modelo de conflito de interesses, como existem outros.

    No liberalismo que eu acredito isso não deveria ser defendido, mas combatido, pois fere as regras da competitividade.

    Grato pela visita.

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