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Podemos dizer que há uma guinada em curso. O aparato de tomada de decisões está se modificando em função da expansão cognitiva.

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As decisões eram tomadas com mais tempo, o cenário interno e externo das pessoas e organizações era mais estável e com menos opções.

A expansão cognitiva traz ao mesmo tempo mudanças rápidas e diferentes.

Como disse aqui, não temos mais um gabarito para seguirmos.

E precisamos rever nosso modelo de como tomamos decisões, que implica em ter coragem para assumir os riscos das percepções que passamos a ter.

Hoje, nos esforçamos para criar um ambiente de conhecimento/informação que nos permita tomar decisões. Fazia sentido, em parte, quando havia uma certa estabilidade, pois das decisões eram mais ou menos as conhecidas.

O problema é como vamos criar um aparato de tomada de decisões dentro de um ambiente instável e mutante? Abaixo apresento um novo modelo, a meu ver, mais eficaz:

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Note que na figura acima temos quatros momentos que fazem parte da avaliação de como tomamos decisões.

Temos, que é o início de tudo, um problema a ser resolvido, que nos leva a ter uma percepção da melhor forma para resolvê-lo, que nos leva a uma decisão de agir consolidada, que nos leva a uma ação.

E depois avaliamos o quanto o tal problema foi ou não minimizado, o que nos leva, de novo, ao recomeço do próprio ciclo. Em um mundo mais instável o mais importante é lidar com a percepção, que será o resultado da informação e do conhecimento adquirido.

Pode-se ter o melhor aparato do mundo de comunicação, conhecimento, informação e rede, mas se não tivermos uma percepção adequada, que nos leve a agir de forma mais eficaz, de nada adiantará todo o resto.

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E aí teríamos que dividir a percepção em dois níveis:

  • A percepção coerente – aquela que me leva agir conforme o que digo ou acho que percebo;
  • A percepção incoerente – com a qual eu digo ou acho que penso algo, mas não ajo conforme digo que penso.

Já vi em vários momentos pessoas, alunos, colegas de reflexão concordarem que determinada teoria parece a mais eficaz, não consideram que há nenhuma alteração a ser feita.

E que deve ser essa mudança de percepção a guiar seus próximos atos.

Isso é a parte mais fácil de um processo de mudança, porém tudo se complica na hora de decidir e agir, pois há uma forte atração para se voltar à percepção anterior. E, portanto, temos que entender que são dois momentos COMPLETAMENTE separados.

Tenho a minha percepção pseudo-consolidada, mas na hora de agir é preciso ter, o que vou chamar de coragem e ambiente propício e incentivado para mudar e isso muitas vezes não ocorre.

Ou seja, a pessoa tem uma percepção, mas não decide agir coerente com ela, pois há uma covardia (filosoficamente falando) na ação, incoerente com o que diz que se pensa.

Muitas vezes essa covardia é incentivada pela própria organização.

Ou seja, faz-se de tudo para ampliar a visão, mas desde que todos aceitem e saibam que toda a nova percepção é para ser uma percepção de armário, para ser guardada, para se mostrar como se pensa moderno, mas se age, conforme o protocolo, que não muda.

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Há, assim, uma série de fatores objetivos e subjetivos que impedem que a nova percepção vire um ação e modifique algo que vem sendo feito.

Tendemos sempre, ainda mais dentro da nossa formação em um mundo estável, de nos guiar pela filosofia do Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar e eu não interfiro nela. Pessoas e organizações agem assim e isso é fruto do ambiente de contração e das Idades das Trevas das mídias verticais que estamos saindo.

Ou seja, não adianta investir em todo o treinamento que for se não se percebe a complexidade que é a passagem da percepção para uma decisão e depois para a ação.

A maioria das organizações, aliás, têm esse discurso.

Querem inovação desde que não se mude quase nada.

É a chamada inovação eunuca, mas só que a vida mutante que está lá fora está cada vez mais potente e precisando de organizações que consigam perceber e agir de forma coerente com essa percepção.

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Podemos dizer que vivemos algo como percepções sociais que nos tornam “modernos”, digamos assim, mas não agirmos conforme essa modernidade, pois na hora de procurar decidir e agir falta o elemento coragem de assumir uma nova percepção.

O combate a mesmice, assim, nem sempre está no investimento no conhecimento, da informação, em uma rede ou um ambiente de comunicação tecnológico, mas na capacidade de transformar novas percepções em ações de vida e não em desejos que não se realizam.

Quando a não ação ocorre, colocamos a culpa no outro, pois apesar de saber o que tenho que fazer, ou estar convencido disso, prefiro dizer que o outro não vai deixar e, portanto, eu devo me conformar a viver em conflito, o que me leva a voltar para a minha percepção antiga, ou distorcendo a nova para que se adeque à minha inação.

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Todas as desculpas, incluindo preguiça de mudar, nos leva a culpar o outro por não assumir uma percepção mais lógica e coerente, que o próprio apatari de informação indica.

Muitos dos meus alunos que chegaram a concordar com várias necessidades atuais não conseguiram transformar essa percepção em uma prática ou uma missão de vida, pois isso implica uma coragem ética diante da vida e uma sociedade aberta para mudar.

E aí entramos na parte ética.

Uma nova percepção que é ligada à episteme (conhecimento) ou o estudo da epistem (epistemologia) nos leva a questionar a nossa própria existência. Posso ter ideias próprias e posso ser coerente com elas? Posso fazer da minha vida profissional uma missão de vida? A organização em que trabalho quer ajudar o mundo a mudar para melhor ou manter o mundo do jeito que está?

Se vejo que posso mudar algo e isso vai minimizar sofrimento por que não assumo isso como uma missão de vida?

É um campo e tanto para irmos adiante, não?

Há muito que falar do gráfico acima, mas o post ficou longo.

Vou desenvolver mais depois.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

2 Responses to “O aparato de tomada de decisões”

  1. […] A Internet vem justamente ser a saída para a crise, o que nos leva a uma guinada no aparato de tomada de decisões. […]

  2. […] cria-se um compromisso de uma percepção de mundo com uma atitude de mundo, fugindo-se do que chamei aqui de percepção coerente, que acho que podemos chamar de indolente ou sem compromisso. Percepção […]

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