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Versão 1.0 – 09/09/13

Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Sugiro ver este post anterior aqui.

Toda Revolução Cognitiva provoca uma crise do modelo tecno-cultural passado, na qual a sociedade humana se estrutura, criando uma “crise de transição”.

Todos os valores da sociedade, que estruturam a “verdade social hegemônica“, na qual as organizações são baseadas começam a ser questionados.

É o fim de um longo período que marca o início da crise de transição. Por um lado, a sociedade cresceu de complexidade – geralmente pelo aumento demográfico – e, por outro organizações que aprenderam a utilizar o controle das ideias a seu favor são surpreendidas com a rápida massificação de um novo ambiente tecno-cognitivo, que cria uma nova cultura humana que vem renovar a anterior.

Assim, nestes momentos temos pelo tempo de uso de um dado controle de ideias e um modelo topológico tecno-cognitivo:

  • baixa relevância – organizações voltadas mais para si do que para o social, com problemas de pouca relevância para a sociedade;
  • baixa meritocracia – o que implica em escolha de problemas de baixa relevância e autoridades de pouca representação;
  • baixa capacidade de abstração –  pratica-se um modelo de pensamento dos fatos para o geral, através de inovações incrementais e não radicais (filosofia pragmática e não problemática).

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Assim, neste momento podemos dizer que temos uma decadência de valores e princípios universais e um reforço de interesses particulares e específicos. Há, entre outras, uma crise ética geral, incluindo o fazer científico, que faz parte da decadência do modelo tecno-cognitivo de toda a sociedade.

Para que fazemos ciência? Para quem? De que forma?

O resgate ético do fazer científico estará no bolo da discussão filosófica-teórica-metodológica que se abre e acho que temos que começar por ele para repensar a ciência já que agora há a possibilidade de novas alternativas.

É o início do novelo.

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Do ponto de vista prático, a ciência foi criada para resolver problemas.

Porém, a bomba atômica e o holocausto, de certa maneira, foram fruto do fazer científico, pois se pensou em formas melhores para matar pessoas. Portanto, não podemos lidar com a inovação sem incluirmos a questão ética na sua produção.

Tenho desenvolvido a ideia que podemos medir taxas de sofrimento, mesmo que o método seja complexo. (a procura de um já é um caminho melhor do que não procurar).

Portanto, defendo aqui que o papel ético de cada pessoa, das organizações, deve ser focado na redução do sofrimento, já que não existe sociedade sem sofrimento, apenas com taxas menores.

Assim, do ponto de vista prático e ético poderia defender que:

A ciência deve servir para resolver problemas na sociedade, de forma cada vez mais eficaz, com o que há de mais moderno, na tentativa de reduzir sofrimentos humanos.

Uma “boa” ciência, ou uma ciência moral,  é aquela que consegue uma taxa melhor de redução de sofrimento e vice-versa.

Assim, do ponto de vista do que se quer aqui é a procura de uma ciência que consiga lidar com a atual complexidade, reduzir a taxa de sofrimento, pois uma ciência pouco eficaz é causadora de sofrimento, pois não está dando respostas aos que precisam. Ou seja, a ineficácia da ciência é também causadora de sofrimento!

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O primeiro passo nessa direção aponta para a qualidade dos problemas a serem debatidos.

Hoje, a academia tem um critério meio “Monja” da escolha de seus problemas.

Sob um signo de autonomia universitária, que gera a falta de controle social, os problemas são muito fechados nos interesses particulares de seus pesquisadores, do que voltados para problemas que poderiam reduzir a taxa de sofrimento de quem está lá fora, inclusive, financiando as pesquisas.

(Bem expresso neste vídeo do prof. Marcos Cavalcanti sobre o ronco do boi.)

Imaginar uma nova ciência mais aberta e produzida com/para a redução de sofrimento da sociedade implica em se rever o critério de quais pesquisas serão feitas, bem como, como serão feitas e de que forma seus resultados serão compartilhados com a sociedade.

Nos três aspectos, temos a Ciência Monja atual com o seguinte perfil:

  • Quais pesquisas? – a sociedade quase nada interfere nos rumos da pesquisa;
  • Como são feitas? – é produzida toda de forma fechada com pesquisadores isolados, numa produção que lembra os séculos passados, com apenas o resultado final apresentado e não uma produção de forma colaborativa;
  • Como são divulgadas? – o critério é impresso, com publicação em revistas, muitas nem eletrônicas, muitas pagas, sem acesso aberto, com forte estímulo, no caso do Brasil, para a produção neo-colonialista apenas para o exterior SÓ em inglês, sem correspondente oral pra ajudar a reduzir o gap de não alfabetização.

A Capes, paga por nós, endossa essa visão premiando quem segue o modelo da Ciência Monja, sem nenhum estímulo a uma nova Ciência Ninja.

A base de uma nova ciência passa, assim, por uma abertura tecno-cultural, através de plataformas colaborativas, nas quais deveríamos gradualmente criar mecanismo que possam de forma eficaz, com os recursos da colaboração digital, definir quais pesquisas devem ser feitas, como o processo de produção da mesma e de que forma serão divulgadas.

Por aí,

Que dizes?

2 Responses to “Por uma ciência Ninja”

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