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“Não somos estudantes de assuntos mas estudantes de problemas” – Popper;

Versão 1.0 – 05 de abril de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Hoje, no blog tenho três linhas de textos.

  • Que abordam a filosofia, a filosofia das ciências e a ciência em si, seu potencial e limite, em como vemos a realidade – que estão resumidas aqui;
  • Os que abordam a teoria da revolução cognitiva e seus efeitos na sociedade –  que estão resumidas aqui;
  • E, por fim, os que tentam construir uma metodologia sobre como, a partir das duas anteriores, criar uma metodologia eficaz para atuar nas organizações –  que estão resumidas aqui;

Para cada uma deles, estou detalhando e-books.

Todos estes campos são ferramentas para a reflexão sobre a chegada da Revolução Cognitiva na sociedade, o que muda da nossa percepção do ser humano, no conhecer, quais são as forças, causas e consequências e, por fim, de forma mais prática, que metodologia temos que desenvolver para atuar com eficácia diante de tal fenômeno.

Muitos pragmáticos de plantão irão dizer que discutir ciência ou filosofia, ou mesmo teorias, de nada serve, pois o negócio é sair fazendo para ver como é que fica.

Sim, fazer é bom, mas fazer de forma eficaz é melhor ainda.

  • Um cidadão sem um mapa chega, mas demora (e muitas vezes gasta) mais.
  • Uma metodologia é um mapa para entender as variantes.
  • Uma teoria nos ajuda a fazer melhores mapas;
  • E uma filosofia nos permite ver que tipo de mapas precisamos.
Ou seja, deve haver um alinhamento entre a filosofia e a aplicação da metodologia para termos um resultado mais eficaz.

Porém, é na procura desse alinhamento entre estes estágios diferentes da reflexão e ação que conseguimos nos aproximar melhor da realidade e agir.

Nada como testar um mapa, rever o mapa e rever como fazemos mapas.

E ainda por que os mapas e para onde.

Quando conseguimos realizar isso de forma mais fácil, tudo flui melhor.

Isso é o âmago que podemos chamar de inovação: nossa capacidade de andar e conseguir o tempo todo estar revendo nossos mapas.

E é esse alinhamento que torna uma pessoa, um grupo ou uma organização mais eficaz, portanto, mais competitiva.

Quando se age com mais consciência e eficácia, gera-se ações mais consistentes, valor e, por fim, o lucro.

Não há como um formulador ou usuário de teorias ou metodologias não procurar discutir as três questões, pois quando algo na metodologia não se encaixa, ou é um erro da ciência, ou como a vemos, da teoria que construímos sobre dado fenômeno ou da metodologia, ou como ela está sendo aplicada.

O problema é que vivemos em um mundo muito intoxicado por um ambiente cognitivo que chega ao fim de pouca troca (mídia de massa, monólogo e comunicação vertical) o que nos leva a nos iludir (ainda mais do que em outras eras) de que as teorias de plantão são a própria realidade.

Assim, não conseguimos diagnostica em uma metodologia o que está de errado, pois achamos que a metodologia é única e que não ali dentro uma teoria (feita por alguém com uma visão específica).

Essa decadência social que começa a chegar ao fim nos dificulta compreender que:

Como vemos a realidade, as teorias e os métodos são passíveis de mudança e devem ser objetos de reflexão ativa e não de aceitação passiva. A base da inovação é filosófica. Tudo é construído, pode ser visto de fora e mudado. O que o mercado chama de pensar fora da caixa.

Em um post passado defendi que deveríamos migrar para uma ciência das redes e apontei algumas vantagens sobre essa abordagem em distinção, por exemplo, da ciência da informação, ou da comunicação. Vejam aqui.

Porém, algumas conversas e reflexões posteriores me levaram a pensar sobre o próprio conceito da Ciência, o que me remete a questão filosófica de se precisamos, de fato, de ciências organizadas.

Podemos pensar na Ciência das Redes, desde que nos foquemos nos problemas que as redes trazem e precisam ser vistas e não no assunto ou objeto rede, o que nos leva a pensar melhor que nome poderíamos dar para expressar esse desejo.

Nomes e conceitos têm esse poder ou nos ajudam ou atrapalham a ver melhor os fatos, com menos versões.

Abro essa questão para pensar.

Gosto muito, nessa direção, da visão de Popper que resume tudo nessa frase:

“Não somos estudantes de assuntos mas de problemas” – Popper;

Vamos decupar a visão.

Karl Popper

A ciência dos assuntos:

  • Assuntos nos levam instintivamente a imaginar, principalmente os novos estudantes e os mais dogmáticos, como objetos parados, que podem ser analisados dessa maneira;
  • Nos levam a ampliar a nossa humanice de adorar uma tribo, um grupo, a criar um dialeto e, a partir disso, começar a se separar dos outros, entre os “que entendem” e os que “não entendem”.

E mais.

  • A ciência dos assuntos colabora bastante para o isolamento e a não transdisciplinar, pois assuntos não se entrecruzam, problemas sim;
  • Mais: dificulta a medição de sua eficácia, pois estamos apenas conhecendo mais e mais determinado assunto e não resolvendo um dado problema, passível de aferição;
  • O conhecer passa a ser fim em si mesmo, pois quanto mais conhecemos, melhor será;
  • A ciência dos assuntos é uma ciência que aumenta sua intensidade em locais ou eras de decadência da sociedade, como a que estamos vivendo agora, pós-mídia de massa;
  • É da Ciência dos Assuntos que nascem as especialidades, as metodologias isoladas do todo, tais como os profissionais da informação, da inovação, da gestão do conhecimento ou da comunicação;
  • Hoje, os métodos, os perfis, as áreas nas organizações são filhas bastardas da ciência dos assuntos.

A ciência dos problemas, por sua vez, nos leva a um patamar novo.

  • Há uma visão filosófica por trás de uma ciência dos problemas, que nos remete a processos vivos, em equilíbrio e desequilíbrio e a necessidade de contextualização, do momento, das etapas, das fases, das forças.
  • A ciência dos problemas não cria fronteiras, pois um problema tem mil formas de abordá-lo, quanto mais gente vier de outros lados, mais todos se enriquecem.
  • Problemas também precisam criar canais de comunicação com mais gente para que se possa trabalhar para contorná-los evitando, portanto, os dialetos.
  • Por fim, na ciência dos problemas é fundamental que haja uma medição, tornando possível uma avaliação mais clara dos resultados, entre a teoria desenvolvida e a metodologia adotada.

Podemos dizer, assim, que a saída de um ambiente acadêmico decadente é o fortalecimento de pesquisas de problemas, dos mais banais aos mais complexos.

(Obviamente, de novo, podemos ter falso-eus em ciências dos problemas ou vice-versa, mas do ponto de vista da filosofia da ciência ajuda muito mais para a eficácia das pesquisas se colocamos um aerporto de problemas do que de assuntos, pois facilita o pouso e decolagem dos “aviões”. É uma prática, a meu ver, mais eficaz, meritocrática e inovadora.)

E que para podermos trabalhar melhor com a Internet é preciso criar uma ciência do problema da rede nas sociedade hoje, causas e consequências.

Quanto mais agudo e mais impactante for esse problema, mais relevante serão os estudos em torno dele.

Acredito que esse problema nos remete às mudanças que a Revolução Cognitiva trará para a sociedade e as oportunidades e os problemas delas decorrentes.

Resta achar um nome atrativo e que a sociedade aceite melhor.

  • Assim, quando se lê nesse blog Ciência da Rede – estamos falando do estudo dos problemas de redes humanas;
  • E quando se fala em Gestão por Redes – da metodologia que vai tentar ajudar a minimizar os problemas que a mudança radical que ocorre atualmente nas redes humanas, diagnosticada pelas teorias dos problemas correlatos.

Ainda não sei algumas coisas, mas estamos indo.

Que dizes?

 

One Response to “É ciência dos assuntos ou dos problemas?”

  1. […] reparar que os ambientes de ensino, como detalhei aqui, estão muito centrados em assuntos e não em […]

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