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Vivemos um daqueles momentos em que o risco maior talvez seja não apostar em nada – da coleção;

Versão 1.3 – 16 de fevereiro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Reprodução: à vontade, desde que coloque, meu nome, o link para o blog e informe que pode haver versões novas aqui.
Público: consultores, agentes de mudança 2.0, gestores e estrategistas.

Ok, há claramente uma confusão sobre os conceitos de compartilhamento e colaboração nas empresas, o que nos induz a tomar determinadas decisões menos eficazes ao implantar redes sociais digitais corporativas.

Muita gente que adora o pragmatismo pelo pragmatismo deveria colocar no carro esse adesivo:

“Nada mais prático do que uma boa teoria”;

Primeiro, os verbos compartilhar e colaborar não foram inventados pela Internet e nem são sinônimos, como pode parecer, a princípio.

São ações  humanas integradas sim e CONDICIONADAS pelo ambiente cognitivo, que alteram a cultura de solução de problemas na sociedade e nas organizações.

É como se fossem os esquilos inseparáveis: o Tico e o Teco.

O Tico é a cognição/afeto para agir.

E o Teco é a ação, a partir da cognição/afeto amadurecido.

Dito isso é bom procurarmos a relação causa e efeito entre o condicionamento exercido pelo ambiente cognitivo nas duas ações, que podemos especular que se dá da seguinte maneira:

Digamos que quanto maior for o controle da informação mais a taxa de colaboração e compartilhamento tende a baixar. E vice-versa: quanto menos controle da informação mais as taxas tendem a subir. Ou seja, estamos aumentando essa taxa, criando uma cultura mais dinâmica de solução de problemas, no qual teremos um novo controle da informação mais aberto, que influencia a maneira de se fazer a gestão e os negócios!

Nesta fórmula, podemos dizer que quanto mais baixa for a taxa de compartilhamento e colaboração menos inovação a empresa vai ter e vice-versa.

E, por fim, quanto menos inovação em um mundo mutante, menos competitividade e valor de mercado.

Hoje, a chegada de um inusitado ambiente externo mais livre para a circulação de novas ideias fez e faz com que a taxa de colaboração e compartilhamento suba na sociedade, principalmente do lado de fora das empresas, onde já é exercida de foram massificada.

Tal fenômeno curioso e pouco comum, característico de uma Revolução Cognitiva, abre novos espaços inovadores gerando alternativas aos novos negócios.

Quanto mais digital e intangível for o seu negócio for um negócio, mais sentirá o efeito da jovem concorrência digital!

Essa mudança tem obrigado às empresas a adotar tais práticas, que compõem uma nova cultura, para se manter competitiva.

Essa necessidade tem gerado ações ou projetos no mercado batizados de: “implantar redes sociais internas”; “entrar nas redes sociais”; “Intranet 2.0” “criar ações nas mídias sociais”, geralmente sem alinhamento estratégico, sem a visão mais ampla e os impactos profundos e culturais que tais ações geram para os negócios.

Detalhei melhor esses tropeços por aqui.

Porém, é preciso ir ao ponto central: estamos sendo condicionados pelas tecnologias cognitivas a criar sem alternativa uma nova cultura de solução de problemas mais ágil do que as empresas estão praticando e elas precisam adotá-la.

Essa cultura se reflete basicamente na mudança da forma de compartilhamento e colaboração, que é a base, o DNA dos processos de migração das empresas da atual situação para um alinhamento ao modelo futuro.

Ponto, simples assim!

E lá vem uma pergunta persistente: e o ROI  (Retorno sobre investimento)?

Não, não é possível calcular uma taxa de ROI, pois é uma questão de sobrevivência geral – da ordem das necessidades de sobrevivência!

Diria que são aquelas bases operacionais que sempre existiram para manter viva uma organização. Que quando se alteram na sociedade não há discussão, pois é parte integrante para se manter ativa.

Implantar essa nova cultura de solução de problemas pode ser comparada como foi a necessidade de implantar frotas de carro, de telex, de telefones, de computadores.

Quem pode calcular um ROI desse tipo?

Ou seja, se quisermos arriscar,  a implantação da nova cultura das redes sociais digitais corporativas é um investimento que leva a taxa de ROI próxima a 100% de retorno!

Ou se faz, ou se morre.

Essa importação das organizações da nova forma de compartilhamento e colaboração, entretanto, é uma tarefa complexa e difícil, pois exige revisão na nossa maneira de pensar,

Nos tira da zona de conforto, onde o piloto automático gosta de passear.

Estamos, assim, diante de uma nova cultura para solução de problemas mais eficaz, porém ainda muito estranha para quem nasceu antes dela. Para os jovens, que detém nas mãos o futuro, tal cultura é natural.

(Basta ver seu filho fazer todos os deveres de casa coletivamente no Facebook, enquanto ainda troca impressões com o grupo pelo Skype);

Projetos de redes colaborativas e compartilhadas, infelizmente,  são vistas como um jardim zoológico e não como o futuro. Veja mais esse problema da revisão do conceito de rede, aqui.

Isso já é um passivo que uma prima minha que trabalha no mercado financeiro chamou de “passivo futuro”. Ou como li no valor: o custo financeiro da inação.

Vamos, assim,  detalhar cada verbo e analisar como mudam, a partir e ao longo de uma Revolução Cognitiva e o que deve ser feito para se realizar o alinhamento:

  • Compartilhar:

a) é uma ação que nos ajuda a expressar como vemos e conhecer  como os outros vêem determinado problema ou contexto;

b) é uma ação específica da área meio dentro de redes de conhecimento, informação, comunicação, relacionamento que visa a melhoria da nossa capacidade afetiva, cognitiva, muitas vezes motora, de confiança com a organização e os demais;

c) não é, entretanto, no compartilhamento que se dá a solução do problema. Repito: compartilhar é área meio. Tal ação visa melhorar o “meio de campo”, a “ponte” pela qual as ações para solução dos problemas irão trafegar, capacitando a todos para, posteriormente,  agir melhor;

d) Existem duas formas de praticar o verbo compartilhar:

a forma voluntária – (que eu conscientemente sei que estou compartilhando). É uma ação opcional e faço se quero, ou seu não quero, o que implica em um risco maior para a organização em um projeto desse tipo;

a forma involuntária/obrigatória –  (que eu sou obrigado a fazer, querendo ou não), pois o meio, o ambiente cognitivo é construído de tal forma que me exige isso. O compartilhamento obrigatório é condicionada pelo ambiente cognitivo. Por exemplo, se eu quiser manifestar que gostei de algo no Facebook, preciso “curtir” uma mensagem. Essa condicionamento tecnológico cria uma cultura.

Exemplos:

Compartilhamento voluntário:

a) inclusão no ambiente cognitivo de fotos, links, vídeos, comentário, tags, posts, tweets;

b) note que são ações informacionais, comunicacionais, de conhecimento e de relacionamento, que eu faço por que quero, estou motivado, vejo algum sentido;

c) na rede hoje, entretanto, são apenas 20% dos internautas  que contribuem, os outros apenas consomem;

d) esse compartilhamento não é garantido em nenhum projeto e não deve ser, por aí, portanto que devemos começar, pois amplia o risco de insucesso;

Compartilhamento involuntário:

a) cliques em links (quem não clica não consegue navegar);

b) ou salvar documentos em determinado diretório compartilhado – quem não salvar ali não tem o seu registro reconhecido). É importante lembrar que hoje mais de 95% da força de trabalho produz arquivos digitais!

c) são ações que o ambiente tecnológico induz e condiciona a prática de trabalho dos usuários, não dando margem a outra forma de agir, ou de compartilhar.

  •  Colaborar:

a) é uma ação que nos ajuda a vencer barreiras que individualmente não conseguiríamos superar sozinhos;

b) é uma ação dentro de redes de produção, que implica em um tipo de gestão, que visa ajudar a resolver problemas, através de um esforço de um grupo de pessoas.

c) existem duas formas:

– a colaboração voluntária (que eu conscientemente sei que estou colaborando por motivação);

– e a involuntária (que eu sou obrigado a fazer, pois o meio exige isso, através de normas e processos de trabalho).

Colaboração involuntária:

a) ações de trabalhos coletivos coordenadas: para construir um texto, um projeto, um código de computador;

b) estabelece-se as normas e tecnologias digitais em rede nas quais os colaboradores são obrigados a seguir aquele parâmetro na forma de trabalhar, pois são condicionados pelo ambiente cognitivo;

c) é o modelo de gestão, normas de conduta e tecnologias que as ajudam que definem se teremos mais ou menos colaboração;

Colaboração voluntária: são sugestões de melhorias de processo, ações que não fazem parte da obrigação do profissional que faz por algum tipo de motivação, além daquilo que é definido com sendo obrigação de cada um. Vai depender muito do ambiente propício para que novas ideias sejam estimuladas e colocadas em prática.

Note que, entretanto, existem atalhos para facilitar a introdução dessa nova cultura de solução de problemas, que vem a partir das redes sociais digitais corporativas.

Sugiro pela ordem implantar da seguinte maneira:

1- compartilhamento involuntário:

a) aproveitamento cada vez maior dos cliques dos usuários em registros:

É algo que se faz com custo quase igual a zero, criando um verdadeiro banco de dados das ações dos usuários. A organização que não faz isso está jogando dinheiro pela janela. Aqui deve haver uma revisão nas tecnologias de gestão de documentos, que devem permitir os métodos mais novos das redes digitais. A maioria dos sistemas que conheço, estranhamento, ainda não permitem tais melhorias. Aqui se incluir o compartilhamento de links e de favoritos;

b) salvamento dos arquivos em bases de dados compartilhadas:

Deve se procurar acessar essa base, através de uma interface web e não mais windows ou similar, que dificulta muito a recuperação. Procure um sistema de gestão de documentos que permita também buscas sobre essa base de dados.  É possível saber que registros foram mais ou menos acessados e mais ou menos comentados, estrelados, curtidos, etc, o que vai permitindo criar um karma digital quantitativo, ao longo do tempo, das pessoas que incluíram os registros e dos documentos produzidos, facilitando a recuperação e reciclagem da informação e, portanto, do conhecimento armazenado;

c) além disso, deve-se criar um perfil virtual obrigatório:

Cada profissional, independente o que ele incluir, a organização coloca os dados que tem dele ali para consulta (quem é? Onde trabalha? O que faz hoje? Que cursos já fez?);

O modelo aqui é como visão geral deve se basear:

– no Facebook para o conceito de perfil digital;

– na Estante Virtual/Mercado Livre para criação de Karma Digital de pessoas;

– e na gestão de documentos, em algo parecido com o Download.com (armazenagem compartilhada de arquivos).

As ferramentas que conheço no mercado para implantar redes sociais internas ainda não contemplam esse conjunto de mudanças.

2- compartilhamento voluntário:

a) Facilitação de classficação de registros:

– através da implantação de ferramentas complementares nos documentos que ajudem a classificá-los para quem vem depois tal como botões de curtir ou classificação por estrelas;

– Inclusão de comentários para que possa se acrescentar mais dados;

– aqui pode ser formar as comunidades nas quais o o usuário entra em contato mais frequentemente e os grupos em que ele trabalha efetivamente, mostrando de forma fácil as redes das quais ele participa;

– versionamento dos documentos – para se recuperar versões anteriores;

– opções na tabela de documentos dos mais baixados, mais comentados, mais curtidos, estrelados, etc;

–  isso é feito, incluindo estas opções nos registros das bases de dados compartilhadas, o que vai permitindo criar um karma digital qualitativo, ao longo do tempo, das pessoas e dos documentos, facilitando – e muito –  a recuperação e reciclagem da informação e, portanto, do conhecimento armazenado.

b) perfil do profissional:

– deve-se estimular que no espaço virtual de  cada profissional, este possa incluir diferentes dados, tal como posts sobre assuntos diversos, complementação do perfil, detalhamento dos cursos que fez, etc.

– além do que já está na base de dados, o profissional pode complementar as informações sobre ele (quem é? Onde trabalha? O que faz hoje? Que cursos já fez?);

– aqui pode ser formar as comunidades espontâneas, em que o usuário optou e escolheu para participar;

– o profissional complementa todos os documentos que insere com mais informações, tais como resumos mais detalhados, tags, classificações para facilitar a recuperação, melhorando a qualidade do karma digital qualitativo dos registros produzidos, facilitando a recuperação e reciclagem da informação e, portanto, do conhecimento armazenado.

O modelo aqui é também o do Facebook adaptado a uma organização.

3- colaboração involuntária:

a) Novos processo de trabalho:

– criar ambientes tecnológicos e novos processos de trabalho, que procurem desintermediar as ações, criando novas formas de trabalho, que quebre gradualmente os nichos e os segmentos, a procura de formas mais coletivas.

– Isso pode ser feito, através de documentos wikis, projetos em comum, criação colaborativa de códigos de computador, etc, estabelecendo métodos que obriguem as pessoas a trabalhar nestes novos ambientes em projetos multidisciplinares e multisetoriais, mudando processos de trabalho menos departamentais e mais corporativos;

O modelo aqui é a produção de software livre, deve-se espelhar nestas comunidades.

4- colaboração voluntária:

–  estimular que ações sejam feitas, através de premiação nas avaliações, de ações que superem as barreiras já estabelecidas, inovando na colaboração. Aqui vai se esperar que tenhamos ações que não façam parte da obrigação do profissional.

O modelo aqui é a velha e antiga caixa de sugestões, que pode ser um blog corporativo de ideias. O importante é considerar essa “caixa 2.0” como um espaço real de inovação e de mudança, pois se for apenas para não mudar, é melhor não criar.

Imagina-se que ações involuntárias vão preencher 80% das atividades no novo ambiente. E as ações voluntárias vão atingir 20%. No todo, tornando todo o ambiente mais colaborativo e mais compartilhado.

É a média nas redes sociais digitais.

Tenho visto ser pouco eficaz a ideia de que se pode ou deve-se começar projetos desse tipo com ações voluntárias, sem antes implantar as involuntárias e considerar que basta colocar novas ferramentas cognitivas para que a mágica do compartilhamento e da colaboração ocorra.

O problema é que estamos ainda implantando tecnologias 2.0 e não cultura 2.0, novas formas de resolver problemas.

É um choque na gestão mais vertical para um outro tipo de gestão mais horizontal, da qual temos um total estranhamento e, principalmente, medo!

Diferente de outras reengenharias e choques da gestão, tal mudança é proveniente da mudança real e concreta do ambiente cognitivo externo, que arrasta a geração mais nova e que vai inapelavelmente influenciar a maneira de se organizar as empresas no futuro.

Implantar redes sociais digitais corporativas se resume, portanto, a rever as taxas de compartilhamento e colaboração, através da introdução gradual de novas tecnologias cognitivas, que tornam as duas ações mais fáceis e baratas.

Ou seja, criando uma nova cultura interna para solução de problemas, ou se preferir, de se fazer a gestão.

(Gestão me parece um termo eunuco que foge do que é de fato: uma cultura de solução de problemas que hoje tem problemas de produtividade e precisa ser readaptada ao novo cenário.)

No próximo post vou falar mais sobre isso.

Que dizes?

(Desenvolvi uma metodologia – já aplicando em vários clientes para implantar a primeira via com mais eficácia. Consulte-me para apoio tanto em empresas públicas como privadas: cnepomu@gmail.com)

5 Responses to “A vital diferença entre colaboração e compartilhamento”

  1. José Eugênio Grillo disse:

    Interesse mais uma vez.
    Considero importante deixar explícito quais capacidades são expandidas na frase: Para melhorar a colaboração é preciso antes melhorar o compartilhamento, que expande nossa capacidade, facilita a nossa forma de pensar e nos dá motivação e espaço para colaborar.
    abs,

  2. Lucia disse:

    Muito intetessante, percebo, mesmo em ambientes propensos a nova cultura digital muita confusao nos conceitos de compartilhamento e colaboracao.
    Outro ponto fundamental e a questao de forcar o compartilhamento e colaboracao involuntarios para se ter sucesso no projeto. A resistencia e muito grande, e necessario criar o habito para que a caboracao involuntaria se torne natural.
    Adorei o post, vou compartilhar com meu grupo de trabalho. 🙂

  3. Carlos Nepomuceno disse:

    Que bom…depois me conta as reações, beijos, tks pelo comentário e visita.

  4. […] A colaboração e o compartilhamento se tornaram possível por novas tecnologias cognitivas, que acabaram por criar uma cultura mais aberta de gestão. […]

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