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 O poder  está fundamentalmente em nossas mentes: não fora, mas dentro de nós – Castells – na seleção de 50 frases; 

Podemos dizer que estamos entrando em algo chamado “capitalismo digital”?

Se sim, o que seria o capitalismo que estamos saindo?

A saber:

1) qualquer sistema social, seja político ou econômico é um acordo social;

2) controlado ou pela força –  alguém aceita que quem está no poder tem mais força do que os que querem estar;

3) ou pelo convencimento –  já que os argumentos de quem está fora do poder não é convincente o suficiente  para que, através dos canais estabelecidos, possa mudar as regras do jogo.

Nos últimos 500 anos, quando iniciamos a nossa civilização do papel impresso com suas consequências construímos um ambiente informacional específico que podemos dizer marcou o capitalismo analógico ( que esteve aí superando crises nos últimos séculos), definido como:

1) controle dos meios de comunicação, através de mídias verticais, definindo fortemente uma ideologia social de cima para baixo;

2) um modelo hierárquico de controle da produção, através de intermediação das decisões;

3) um modelo de lucro condizente com essa relação de força entre os que se beneficiam mais dele e os que se beneficiam menos.

Não temos noção disso, mas está ficando cada vez mais claro que uma revolução cognitiva, como a atual,  é um importante marco  na civilização, pois a sociedade constrói uma ilusão sobre si mesma, impulsionada por diversos interesses de quem detém o controle da mídia cognitiva da vez.

Essa ilusão (ou falta de força de quem não concorda com ela de quebrá-la) nos coloca diante de um mundo construído em que alguns conceitos e princípios só podem ser aceitos naquela conjuntura informacional específica e naquela dada co-relação de poder e de controle da mídia.

Em outra conjuntura, ela passa a não ser mais sustentável, pois é uma ilusão construída por um modelo de mídia, que em outro mais aberto não tem o mesmo efeito.

E é por causa disso que as grandes mudanças da civilização ocorrem por causa de revoluções cognitivas, quando um veículo de transmissão de ideias se populariza e baixa o custo da circulação de ideias, sem a possibilidade de um controle de curto e médio prazo de quem detém o poder.

Há uma mudança na maneira de pensar a sociedade, uma turbulência de percepções, um descontrole do poder sobre a construção dessa ilusão, que abre espaço para uma outra em outro modelo.

E aí vem a criatividade humana para resolver problemas que antes não eram possíveis com a ilusão que reinava por causa da mídia controlada.

Seria esse um resumo do que ocorreu de 1450 até agora, com a chegada da prensa que viabilizou a passagem do feudalismo/monarquia para um novo mundo completamente distinto do capitalismo/república, que moldou nossa sociedade, com uma tentativa do comunismo no meio.

Assim, com um ambiente informacional como estamos entrando agora, abre-se a possibilidade da reconstrução de uma nova “ilusão social”, pois os canais não mais fechados como eram viabilizam o surgimento de  novos projetos, ideias, conceitos e entramos em um espaço de mais transparente e arejado.

Vide Wikileaks, por exemplo.

Assim, determinadas regalias que eram sustentáveis no feudalismo/monarquia se mostraram inviáveis no capitalismo/república, porém não sem antes passar por um período fortemente turbulento de mudanças e revoluções.

Vivemos hoje o início de algo similar.

Estamos em uma janela entre dois mundos, duas civilizações, que se abre para a reconstrução e macro-ajustes em conceitos construídos e fortemente arraigados em todos nós oriundos de um capitalismo analógico.

Por isso, que temos tido tanta dificuldade de compreender a Internet. É o início de um movimento macro-histórico que desfaz um conjunto de ilusões fortemente interessadas e consolidadas nas nossas mentes!

O que ocorre quando se quebra uma ilusão dessa forma, todos ao mesmo tempo, em vários lugares, como é a marca de uma revolução cognitiva?

As pessoas repensam seus problemas, sofrimentos e procuram repensar estas latências e torná-las verdades no mundo.

Há uma reconceituação geral, uma desilusão, uma frustração que agora tem um canal para torná-la ação!

Exemplos simples:

  • Por que pagar por um CD inteiro se quero apenas uma música?
  • É certo falar em colaboração sem dividir os lucros das empresas?
  • Quem afinal tem razão é o acionista ou o consumidor?

Procura-se, assim,  fazer ajustes com o passado, tendo como locomotiva desse processo uma nova burguesia, digital,  uma burguesia 2.0, que procura imprimir outra maneira de se fazer a gestão da sociedade e das corporações.

E essa ideologia digital em rede, por tendência, tende a migrar como modelo de gestão de toda a sociedade, em direção a uma nova ilusão, porém, mais ajustada a alguns fatores, principalmente o populacional.

Minha tese é que a ilusão do capitalismo analógico teve um grande problema estrutural: o crescimento da população, que tem nos trazido crises sociais, políticas e econômicas, pois o sofrimento humano e da natureza tem crescido e a maneira de tentarmos resolver estes problemas, com nossa ilusão atual, tem se mostrado incapaz, pois existem problemas estruturais na maneira de pensar da nossa ilusão atual, que impedem determinadas soluções necessárias.

Defendo a tese de que o crescimento da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos trouxe um problema complexo para a sociedade.

E é este, a meu ver,  o principal que está corroendo o capitalismo analógico, que começa a sua fase final com a chegada de um canal de expressão que permite a quebra da ilusão vigente de forma coletiva, veloz e global.

E é o principal fator de desequilíbrio do atual capitalismo analógico, pois não é mais capaz de resolver a crise que essa nova demanda nos coloca.

Isso vem sendo maquiado, minimizado ou empurrado para debaixo do tapete, em algumas regiões, através da força (mundo árabe)  e na outra com o controle da mídia e, muitas vezes, com o estímulo radical ao entretenimento (países centrais).

Pão chicote e circo, algo que vem desde Roma.

A nova classe empresarial digital hoje tem outra proposta, por tendência ela tem como bandeira:

1) mais ecológica;

2) não tem o lucro tóxico (a qualquer preço) como meta;

3) defende a abertura de canais de diálogo e de produção coletiva com o consumidor;

4) e traz o colaborador interno para sócio da organização, derrubando muros hoje intransponíveis e inviáveis com a ilusão e tecnologia passadas.

Ou seja, vem criar uma alternativa aos  limites da capacidade de iludir do capitalismo analógico.

Esta é  a macro-tendência para onde vão as organizações, que querem ser manter competitivas.

(Obviamente, que não será um processo fácil, sem idas e vindas, sem disputa.)

Se notarmos bem, esse movimento já tem ocorrido de certa forma, como discurso, mas nem sempre como prática efetiva.

Muita fumaça para pouco fogo.

O capitalismo digital, entretanto,  irá radicalizar cada vez mais essas tendências, por alguns fatores:

a) o consumidor/cidadão terá cada vez mais poder de voz, articulação, comunicação e construção coletiva de projetos, o que força as organizações (público ou privadas) a serem menos hipócritas entre o que diz que vai fazer e do que faz de fato;

b) a concorrência migrará para onde se gera valor social, tendendo a aderir à estas novas bandeiras, principalmente a uma nova gestão mais participativa dos lucros, o que cria uma taxa de menor competitividade para quem não aderir;

c) a nova geração de trabalhadores tende a não vai mais aceitar trabalhar em empresas que não estejam afinadas com essa ideologia de espaço arejado e lucro compartilhado, além de uma empresas comprometida com as causas sociais mais prementes, o que gera um problema sério de retenção de mão de obra. Isso já vem ocorrendo.

O capitalismo digital, assim, aparece como uma alternativa para se resolver a crise produtiva de um mundo hiper-povoado e que precisa de uma nova gestão das organizações públicas e privadas.

Uma nova ilusão social, de fato, mas mais eficiente do que atual.

Quando me perguntam se esse futuro será  melhor?

O que dizer?

Se considerarmos que a passagem do feudalismo/monarquia para o capitalismo/república, diante do aumento da população daquela época não foi pior nem melhor, mas necessário.

Diria que é inevitável.

Qual é a variante que temos no processo?

  • Pelo que mostra a história, depende em muito da capacidade dos novos líderes/seguidores em defender esse projeto;
  • As resistências da atual classe dirigente analógica;
  • A capacidade do cidadão interferir no processo;
  • O espaço para discursos mais espirituais (não religiosos) conseguirem ter mais espaço, reduzindo o ter para o estar e ser, fundamental como uma visão mais global nesse novo mundo (tivemos algo similar na renascença).

Porém, independente das utopias, precisamos de algo que consiga se ajustar melhor os humanos aos 7 bilhões de habitantes.

Porém, se essa análise da história apresentada aqui estiver com relativa eficácia, com certeza, podemos dizer que rumamos para outro sistema político/econômico.

Algo que podemos hoje denominar capitalismo digital necessário pela demanda de 7 bilhões e viabilizado por uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora.

Que dizes?

 

 

 

 

One Response to “O capitalismo digital”

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