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Não adianta consumir informação sem uma lógica que a ordene – Nepô – da safra de 2011;

Ok, vamos lá.

Meus alunos reclamam que não conseguem filtrar nada. Muita informação, não têm tempo, sensação de vazio depois de um dia cheio.

Ok, sim, somos a primeira geração pós-televisão na veia.

Estamos saindo do filtro papai e mamãe para a orfandade digital em rede.

Fomos desfiltrados!

Nossas cabeças e coração não estão preparados para o mundo 2.0.

Somos como a tribo de Moisés penando pelo deserto, a procura de terra 2.0 prometida, sem a maturidade suficiente para deixarmos de ser escravos do filtro anterior!

Somos ex-telespectadores que não fomos educados, preparados para cuidar nós mesmos de nossos filtros.

E começo a achar que isso é uma tarefa afetiva – cognitiva grande, sofisticada, complexa e que está muito além de lidar com tecnologia, como defendi no post passado.

Envolve as profundezas do nosso afeto, na relação mais primitiva com papai e mamãe que filtravam o mundo para nós.

É toda uma geração que está sem saber como administrar a informação no mundo.

A informação da época da televisão começava com alguém nos dando a tampa da caixa de um quebra-cabeças, explicando como as coisas se encaixavam.

E nós complementávamos isso com mais um tanto de informação, o que reforçava uma visão de mundo.

Hoje, não temos mais a tampa da caixa, temos apenas as peças.

Milhares de peças que não sabemos como dar um corpo.

E por isso essa sensação de tão perdidos.

Os dois lados, por incrível que pareça, com a tampa ou sem a tampa nos leva ao mesmo lugar: ao imobilismo.

Só conseguiremos fazer grandes mudanças quando ampliarmos coletivamente a maturidade de vermos o mundo por nós mesmos.

É disso que se trata.

Sá vai haver mundo 2.0, democracia 2.0, etc se as pontas foram auto-suficientes em lidar com tanta informação!

Nós precisamos incorporar um “editor de mundo”, coisa para o qual não fomos educados na escola, que nos ensinou a seguir o professor, a mamãe-tevê.

E perder o medo de nos expressarmos.

Há uma incompatibilidade total entre como aprendemos a lidar com a informação, com alguém nos guiando para nós caminhando com nossas próprias pernas.

Por isso, esse desespero.

Os passos a serem dados?

De longo prazo:

  • – nova educação mais associativa e mais filosófica, mais questinadora, formadora de tampas de caixas de quabra-cabeças e não montadores de peças;
  • – superação de medos, vergonhas, timidez para podermos passar a ser agentes de informação e não apenas consumidores, telespectadores como no passado (temos vergonha de nos expressarmos, pois somos os tímidos da mídia de massa).

De curto prazo:

  • Superação disso, através de uma revisão de nosso prática, ampliando a leitura de clássicos, de quem forma cenários e reduzindo (e muito) o consumo de informação sem nexo;
  • Consumindo e, ao mesmo tempo, escrevendo, repensando e digerindo o que lemos, através das questões fundamentais. (Quem não escreve, não digere.)

Sair da fofoca para o significado!

Sair dos dados para a sabedoria!

É um caminho difícil, um grande desafio, o grande salto a ser dado para chegarmos num mundo mais descentralizado.

Sem esse amadurecimento, esquece!

Montei um curso para discutir isso, tentando fechar uma primeira turma, mas aberto a levar para qualquer lugar seja online ou presencial.

 

One Response to “A crise dos ex-telespectadores”

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