Dentro de cada Internauta dorme um telespectador passivo que ainda não amadureceu para ser um agente de informação – Nepô – da safra de 2011;
Sim, também já pensei que a mudança do mundo, com a chegada da Internet se daria por termos todos mais informação.
Mas amadureci.
Acho que isso é parte, mas tem mais coisa.
Quando MacLuhan diz que o “meio é a mensagem”, que é uma frase meio enigmática, acho que ele quis dizer: “o meio é a modelagem”.
Ou seja, vestimos tecnologias e elas nos moldam, tanto quando nós a moldamos.
Carros, roupas, geladeiras, elevadores, tudo isso passa a fazer parte de nossas vidas, do nosso ambiente social/tecnológico, já que sempre teremos tecnologias ao nosso redor para sobrevivermos.
E nós as incorporamos na nossa maneira de pensar e sentir o mundo.
Somos socio-tecnológicos.
As tecnologias cognitivas são ainda mais radicais.
Nos revestem de um novo vestir, dentro do qual nos comunicamos/informamos.
Passamos a ser algo diferente a partir delas.
O meio somos nós e nós somos o meio.
Assim, quando se fala em “usar a Internet” e se ter mais informações existe uma parte cognitiva e um outro lado afetivo do que precisamos amadurecer, no caso coletivamente, com o uso dessa tecnologia.
Nosso afeto é moldado pelos filtros informacionais.
E é disso que tratamos de discutir aqui.
Há um grande salto afetivo coletivo com o uso da Internet.
Explico.
- Uma sociedade se organiza, a partir de uma ordem estabelecida.
- Essa ordem é determinada pelos filtros da informação existentes;
(Quando pensamos em mídias, na verdade, estamos falando de filtros.)
- Estes filtros nos infantilizam para que possamos “aceitar” o poder vigente;
- Quando muda-se os filtros, há um amadurecimento coletivo, uma preparação para uma nova sociedade com um outro poder mais sofisticado;
- Assim, a “desfiltração” é um processo de amadurecimento geral, da escolha dos cidadãos por novos filtros e isso é um crescimento afetivo geral que nos coloca aptos para uma nova sociedade mais descentralizada.
Só poderemos descentralizar se todos nós pudermos escolher de forma mais madura os filtros que nos guiam e isso é o que está ocorrendo agora.
Estamos deixando de ser infantilizados pelo “filtro_de_papai_e_mamãe _mídia_de_massa” para criarmos um novo tipo de escolha.
Foi o que ocorreu com a chegada do papel impresso, na sociedade, outra revolução da informação, em 1450, na Alemanha, que possibilitou o acesso à novas fontes para a sociedade, que culminou nas revoluções sociais mais democráticas que se seguiram 200 anos depois.
Nas quais o cidadão mudou a relação com Deus (como comentei aqui) e com os governantes que iam cuidar de sua vida.
Um upgrade cognitivo e (muito) afetivo!
Os reis absolutos deram lugar a algo mais palatável, mais escolhido, menos infantil.
Além do “meio ser a mensagem”, acredito que somos o resultado dos filtros que temos.
O que nossa mãe nos dizia quando éramos pequenos?
Não fale com estranhos!!!!
Os filtros sociais nos induzem a falar com conhecidos e receber a informação destes, o que nos limitam cognitivamente (ideias viciadas) e afetivamente (só nos relacionamos com conhecidos).
Somos infantilizados pelo habitual, o que se modifica em uma revolução da informação.
Agora, afetivamente escolhemos os desconhecidos com os quais vale a pena nos relacionar.
E isso exige maturidade.
Estamos nos preparando para um mundo mais complexo e isso exige um novo tipo de afeto menos infantil, que nos permite fazer coisas nas pontas sozinhos que antes não tínhamos maturidade para fazer.
Isso nos leva a outro caminho.
Da nossa incapacidade de deixarmos de ser telespectadores infantis, a escolher nossos filtros e saber lidar com eles de forma mais madura.
Mais isso é papo para outro post!
(Que acabei fazendo, veja aqui.)
Que dizes?
E que tese, Nepô! Insight poderosíssimo! Adorei e quero mais. Nos veremos em Curitiba?
Sérgio, infelzimente, nada programado para ir lá.
Nepô, este post está muito bom. Estava tentando explicar a um amigo por que uso as redes sociais, mas não encontrava um argumento tão adequado. Valeu!
Legal Mariza, acredito que temos uma missão….amadurecer esse uso para mudar o mundo.
E isso tem algo com o afeto…valeu visita, Nepô.
[…] Comments « O filtro afetivo […]
[…] nos faz perder tempo consumindo tudo que é inútil e não nos concentrarmos no relevante. Nos falta a construção de novos filtros informacionais, com mais maturidade, para separar o relevante, do interessante e do totalmente viciante e, por sua vez, […]
[…] nos faz perder tempo consumindo tudo que é inútil e não nos concentrarmos no relevante. Nos falta a construção de novos filtros informacionais, com mais maturidade, para separar o relevante, do interessante e do totalmente viciante e, por sua vez, […]