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Pensar pela própria cabeça implica o enfrentamento dos dogmas – Gustavo Bernardoda coleção;

Honesto que procede ou se enquadra rigorosamente dentro das regras de uma ética socialmente aceita (Houaiss).

Desaprendemos a dialogar.

Uma conversa franca, aberta e honesta pressupõe várias normas, antes de tudo, vontade de aprender com o outro, abertura de espírito, atitude filosófica, amor à logica.

Diálogo é troca. Monólogo é despejo.

Hoje achamos que se comunicar é passar uma doutrina e convencer por diversos recursos da oratória, muitas vezes apoiado por ferramentas tecnológicas sofisticadas (ppts, na frente), que caracterizam 90% das palestras e ambientes de ensino, frutos do mundo pré-Internet, que continua a ser a base dos nossos encontros presenciais.

Um fala os outros abaixam as orelhas!

Somos filhos do rádio e da tevê, que se entranharam na nossas maneira de nos comunicarmos.

Embrulha-se a mensagem em papel de presente midiático, com muita fumaça, para embrulhar os outros!

Para que ocorra diálogo honesto é preciso ter algumas pré-disposições:

  • Ouvir;
  • Ponderar;
  • Comparar com o que pensamos;
  • E, honestamente, analisar o que temos que mudar, a partir dessa interação.

Debates honestos devem privilegiar o espaço de exposição de ideias;

  • A argumentação das lógicas, não pela veemência, repetição, impedimento do outro expor seu ponto de vista;
  • Apresentação da aplicação prática dos conceitos e teorias, tanto reforçando como questionando argumentos;
  • Chegada, o mais rapidamente possível, em  pontos em comum e divergências para que sejam aprofundadas as encruzilhadas, enriquecendo todos presentes.

Você entendeu de fato o ponto de vista do outro?

O diálogo almoça e janta atenção!

As divergências podem ser provocadas por:

  • Ego inflado – problemas afetivos-cognitivos dos participantes que colocam o ego na frente dos conceitos e já não ouvem mais o outro, pois precisa reforçar a sua imagem, sem reflexão sobre ela;
  • Monólogos – os dogmas dos interlocutores, no qual o ego está junto também, nos quais não se pode ir adiante, pois não se alteram dogmas ou crenças, pessoas que não dialogam, apenas monologam;
  • Paredes das ignorâncias –  por esgotamento, dos argumentos, a chegada de impasses teóricos e práticos que vai exigir de ambos os lados, ou de todos que estão lá, mais aprofundamento nas suas ignorâncias, tendo contato com novas ideias ou experiências, a partir das dicas que aparecem, que é um grande saldo  geral: todos mais interessados em aprender ainda mais.

O problema é que ninguém quer dialogar, mas apenas ser escutado, dar o seu recado, normalmente com uma intenção nem sempre consciente por trás.

(Geralmente, repetimos como “mulas” ideias implantadas no nosso cérebro.)

E queremos sair da conversa do mesmo jeito que chegamos com um discurso fechado, pronto e acabado.

Com seu ego reforçadinho.

(Aplausos, aplausos, aplausos!)

Não existindo ali separação entre o ego, a verdade, a realidade, o conceito e a teoria.

(Aliás, pode-se medir o autoritarismo/opressão de uma sociedade pela quantidade de pessoas que acha que o que pensa sobre a realidade é a própria realidade. Tal como, nós somos a opinião pública, por exemplo.)

Um problema central e quase insuperável para se estabelecer diálogos.

O ego tem que ficar o mais possível distante nesses encontros.

Essa capacidade de afastá-lo é a chave para que tudo se dê de forma interessante.

Cabe a quem organiza e promove diálogo honestos, agentes de mudanças, promotores de inteligência coletiva procurar criar  clima agradável, não competitivo e de confiança para que a ignorância seja, enfim, a único grande inimiga.

Concordas?

16 Responses to “Debates honestos”

  1. Marina disse:

    E como se começa quando o superior na “hierarquia tem o ego inflado e só monologa e não escuta ninguém?

  2. Marcos Masini disse:

    Olá, Carlos.

    Comentei com o amigo de trabalho Juliano (@jasper) – ele também faz parte da campanha da Marina Silva – sobre este artigo. Aliás, disse a ele sobre a minha admiração sobre seus posts. Não é fácil encontrar gente da comunicação escrevendo sobre comunicação, relacionamento e comportamento humano de maneira intelígivel – sem firulas ou rodeios.

    O post de hoje, como disse no Twitter, é de leitura obrigatória. Uma questão aberta para debater e mudar, oxalá, conceitos.

    [ ]’s

  3. Carlos Nepomuceno disse:

    Marina, troca-se de setor, de chefe ou de emprego.

    Marcos, valeu visita e incentivo…

    Que a Marina continue, mesmo depois da campanha,

    abraços,

    Nepô.

  4. Flavio Salles disse:

    Nepô, no livro “Como ler como um escritor”, eles enfatizam que toda frase em um diálogo tem uma intenção. Comecei a prestar atenção nisso e é muito verdade. No mundo corporativo, então, nem se fala. As pessoas se “armam” com frases e palavras e vão para os campos de batalha nas constante guerra do convencimento.

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Flavio, boa dica, consegui uma pessoa que falava a cada cinco palavras um termo em inglês, quando você olhava para ela, poxa, que eficiência, que performance, depois aprendi a olhar para o que ela fazia e descobri que a fumaça era muita, mas o incêndio pequeno,

    valeu visita,

    abraços,

    Nepô.

  6. Pra começar, já roubei a frase da coleção e tweetei. Muito, muito boa. Pra terminar, eu acho que debates honestos estão em vias de extinção. Os egos andam por aí tão inflamados que as outras manifestações do ser humano tendem a recolher o rabo entre as pernas e sair de fininho. Ego é importante sim, mas como plataforma, canal de expressão de infinitas potencialidades do ser humano. Diálogo compreende uma dimensão que vai além do ego, esse portozinho seguro que tentamos nos agarrar para nos sentir bem. Quem dera nosso psicológico evoluísse tão rapidamente quanto nossas tecnologias…

  7. Carlos Nepomuceno disse:

    Aline, gostei disso:

    “Quem dera nosso psicológico evoluísse tão rapidamente quanto nossas tecnologias…”

    valeu a visita!

  8. […] por uma lógica que tem mais bom senso, a partir de um diálogo honesto ir apontando com uma lanterna caminhos para a […]

  9. Samaritano disse:

    Nepô !
    Essa postagem é um tesouro encerrado no besteirol da net. Parece haver uma cartilha comum para a presunção e a idéia fixa que inviabiliza qualquer tentativa dos que procuram o diálogo virtual como a última instancia possível de aprendizagem diversificada. O comum e o sincero não consegue sequer esboçar sua angustia intelectual ante a soberba contundente de debatedores de retórica pré-concebida.
    Parabéns, estava perdendo a esperança de encontrar algo de bom que justificasse as minhas recentes andanças por este espaço no qual ainda tenho muitas dificuldades. Agora já sei para onde ir quando tiver que arejar as próprias conjecturas…..

  10. Carlos Nepomuceno disse:

    Valeu Samaritano pelo incentivo, de quando em quando é bom!

    abraços,

    Nepô.

  11. […] está se gerando valor com essa nova comunicação do debate honesto, com base no novo ambiente […]

  12. […] há juízo de valor, mas apenas uma classificação útil, o que nos leva a outra questão sobre um debate honesto que é o objetivo que nos leva a estar juntos, naquela sala de […]

  13. […] agente de mudança é se reinventar enquanto humano, readministrando seu próprio ego para promover debates honestos, à procura sempre do incentivo de ambientes de […]

  14. […] Não se acredita na força da conversa, mas não existe nada mais poderoso no mundo humano que um ambiente de diálogo honesto. […]

  15. Olá Nepo, sou leitor seu desde que o Nino Carvalho me apresentou seu trabalho, e achei esse post procurando por debate no Google e queria deixar uma sugestão para você e para seus leitores.

    Sou de uma startup brasileira chamada Meevsu – http://meevsu.com – que é uma ferramenta online que possibilita criar concursos, confrontos e debates, um a um, e com o voto de uma audiência, que decide que é o melhor, quem tem razão ou qualquer outra coisa que precise de decisão. Os Debates ou confrontos acontecem ao vivo através da web por uma webcam.

    Estamos em Beta e estamos promovendo alguns debates (por enquanto dois, sobre um assunto bem focado – Anarcocapitalismo-ou-Minarquismo.

    Seguem os links para os dois confrontos, o primeiro já tem o vídeo do debate e o segundo entra no ar hoje no fim do dia:

    1) meevsu.com/confrontation/766/Anarcocapitalismo-ou-Minarquismo
    2) meevsu.com/confrontation/777/Anarcocapitalismo-vs-Minarquismo-segundo-capitulo

    Obrigado. Qualquer coisa: @meevsu

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