Quanto mais rápida é a alteração técnica, mas nos parece vir do exterior – Pierre Lévy, da minha coleção de frases.
(Dando continuidade às reflexões depois de um intenso debate esta semana com gestores do Santo Inácio e vários colégios Jesuítas do Brasil, para o qual, iniciei minhas reflexões aqui, dou continuidade.)
Não damos valor às nossas mães.
Aliás, a minha, que infelizmente já faleceu, sempre me dizia isso.
O que me deixava sempre tenso:
“Você só vai me dar valor quando eu morrer”.
E, de fato, foi verdade, pois há no amor de mãe algo especial, que não nos damos conta, a não ser quando não se tem mais.
O que ela queria dizer, de fato?
Não damos valor às coisas cotidianas. Elas fazem parte. Estão ali e colocamos na conta daquilo que já é.
Que não nos preocupamos, tal como o amor materno e tantas outras.
(O que nos levaria a uma discussão de sabedoria de vida, que não entra aqui na roda, neste momento.)
Assim, a comunicação é uma mãe, sob esse ponto de vista.
Só damos valor a ela, quando não temos mais. 😉
Celular sem sinal, Internet sem conexão, telefone mudo ou quando estamos afônicos. Nesse momento, vemos o quanto dependemos dela para viver.
E por isso é tão difícil, como tem sido nas minhas palestras, as pessoas levarem em conta e aceitarem o peso real de uma mudança do porte da Internet – como um fator fundamental para marcar a história humana.
A história que estudamos na escola passa longe das mudanças de comunicação para explicar o mundo.
Teve Cabral, Colombo…Não teve Gutemberg… 🙂
Essa teoria é recente, que veio basicamente com Lévy, um gênio, que saca que a Internet é uma ruptura igual à chegada da fala e da escrita, criando uma nova Ecologia Informacional, uma nova era, ou quem sabe, como estamos em uma civilização globalizada, uma nova era civilizacional.
Lévy ali refaz o estudo histórico, introduzindo um ponto de vista fundamental como fator de compreensão de determinados fenômenos.
Sem Lévy e suas ideias, seguidas por Castells e outros, não conseguimos entender o mundo atual.
Ponto.
(Falo mais sobre a nova visão histórica, a partir da Internet, no próximo post.)
Assim, mudanças de comunicação não fazem parte dos conceitos fundamentais dos estudiosos da história e da sociedade.
A comunicação é como nossa mãe: sub-valorizada, pelo cotidiano.
Mas é justamente esse o poder dela: sua invisibilidade, sua entrada em cada um dos cantos de todo o planeta.
Muda-se a forma, o DNA e plact-plink-zum, muda-se a forma que nos relacionamos em sociedade. 😉
Desde a forma que trocamos figurinha do álbum da copa pelo Twitter, à organização das cidades americanas, via rede colaborativa, na Era Obama.
Cappice?
Alguns autores (Peter Burk é um deles) sugerem que os comunicadores estudem histórias e os historiadores vice-versa.
Sim, bom, bom, bom.
Essa é a necessidade premente da nossa sociedade, pois o mundo está mudando demais por algo que não damos bola, tal como a nossa mãe, ou melhor, nosso banal, cotidiano e trivial ambiente de comunicação, que sem ele não somos nada.
Ou como dizia o Evandro Mesquita: nada, nada, nada.
Quando a forma de se comunicar muda, ou se enfraquece, tudo se abala.
E só então cai a ficha, mas aí Inês (ou a mãe) é morta.
Não é fato?
Diário de blog:
Aprofundamento de quanto é relevante essa nova visão histórica para compreensão do fenômeno Internet. E qual é, assim, a dificuldade que temos de dar a chegada dela e a relevância que merece.
Acho um grande avanço da argumentação como força de convencimento.
No post seguinte, falo da ideia de macro e micro história. A ver.
Nepo,
Outro dia recebi a seguinte frase pelo twitter: “O twitter não é mais do que a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido”. (a autoria é creditada aoSaramago).
E ai, leio o o post de hoje e aí, lembrei das história do ciclo se repetindo…
Estamos voltando ao grunhido? ^o)
Prezada Carlos, não encontrei seu e-mail, então segue aqui mesmo. Estava pesquisando sobre gêmeos e encontrei seu blog. Meu nome é Jemima, moro na capital de São Paulo e sou gêmea bivitelina. Criei um blog somente para falar sobre o universo gemelar e estou reunindo histórias de gêmeos e familiares para postar. Vale ressaltar que todos os textos são postados com os devidos créditos. Gostaria de enviar seu depoimento e contar sua experiência pessoal? Ficaria honrada caso aceitasse.
Aguardo e agradeço seu retorno,
Abs, Jemima Pompeu
http://www.vizinhosdeutero.blogspot.com
Twitter: @vizinhosdeutero
Beth,
gosto do termo “inevolução”.
Não há progresso, mas adaptação.
Quando inventaram o telegrama, deve ter sido um Horror. PT. 😉
Não se pode imaginar que tanta gente para ser formada terá o mesmo nível intelectual de gerações anteriores que tiveram mais tempo, menos trânsito e até mais recursos.
Tudo se massifica: cinema, teatro, praia..escola, universidade, aonde você vai, tem fila, espera, prova, concurso, vestibular..etc.
Ou seja, acredito que seremos, comparados às gerações passadas, mais rasos e especialistas em alguns assuntos, porém, estamos desenvolvendo – nesse videogame de verdade;mentira das redes sociais a nossa capacidade de:
Ver o todo em cada parte;
Trabalhar em rede, cooperando.
Um pouco os três mosqueteiros, que eram, quatro…
Um por todos…
Ou seja, sai o um, entra mais o nós…
Mas isso será um loooooongo caminho.
Que dizes?
Jemina, vou dar uma olhada, tks..
Gente, provavelmente aqui ninguém vê animação, principalmente animação japonesa, mas vá lá. Para aqueles que gostaram de “A Viagem de Chihiro” e afins (Ghibli), saiu um longa-metragem nos mesmos moldes sobre a internet, chamado Summer Wars. A história fala exatamente sobre o que o Nepô comenta quanto ao “só nos darmos conta do valor da comunicação quando não a temos mais”. No enredo do filme, o mundo se vê a beira do caos quando o maior sistema virtual criado, que controla praticamente todas as rotinas humanas, simplesmente é infectado por um vírus. As pessoas, então, passam a se ver obrigadas a usar os meios tradicionais.
É uma viagem do cão, mas é muito interessante (ok, eu sou suspeita :P).
Bjs.
Rebecca, valeu a dica…
[…] há uma mudança de tecnologia cognitiva e, como já detalhei aqui, mudanças desse tipo criam novas formas de as pessoas se comunicarem e todo o resto: se […]