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  • A essência do 2.0 é dar poder a quem tem que ter o poder. Todo o resto é acessório, dando suporte a esse processo – André Cardoso – da minha coleção de frases.

Ontem, conversei com  gestores  do Santo Inácio e vários colégios Jesuítas do Brasil, num lugar lindo no alto de São Conrado, coberto de verdes, montanhas e nuvens.

Tentei passar conceitos e um dos pontos emperrou.

“Estrutura de poder”.

Lá pelas tantas, alguém afirmava que não acreditava em mudanças na estrutura de poder da atual sociedade.

Depois que cair a ficha do que se havia entendido com “estrutura de poder“, que pude desatar o nó.

O que afirmei é que está em curso uma rearrumação na estrutura de poder dentro do âmbito do capitalismo, não por causa da rede, como tecnologia, mas pelo canal de troca de ideias que se abre a partir dela.

Fiz a metáfora de um aeroporto novo que permite (veja o verbo que indica possibilidade e não fato) que os aviões voem, mas se eles vão voar depende muito de pilotos que queiram tirá-los do chão!

É sempre bom definir conceitos.

O que tenho tentando demonstrar, enfim,  é que existe uma ENORME, uma GIGANTESCA possibilidade de termos uma ruptura na nossa civilização, criando outra.

Por quê?

  • 1) estamos aprendendo que as civilizações se estruturam, a partir de dado domínio da mídia;
  • 2) que este domínio se dá pelo conhecimento de mídias estabelecidas, que servem de forte indutora de conceitos para manter a sociedade do jeito que está, ou promover mudanças controladas, superando crises;
  • 3) que raramente, mas ocorrem na sociedade, rupturas, através do surgimento de um nova forma de troca de ideias, completamente anárquica, em relação ao modelo passado, aberta, que permite circular na sociedade novas ideias sem o controle do poder estabelecido, a partir de uma nova mídia que surge e é largamente adotada (livro impresso e Internet).

Nesse momento, há uma reestruturação da maneira de se controlar a informação na sociedade. E essas mudanças de controle – O DNA da forma de exercer o poder – se espalha como fogo.

Na sequência, o novo DNA vai se mostrando econômicamente mais apto para resolver problemas de todo o tipo e vai ganhando adeptos, reestruturando a forma que organizamos a sociedade de cabo a rabo.

No século passado, os mentores do sistema capitalista viram que discutir seus problemas era algo complicado, pois existia uma alternativa: o  comunismo –  uma forma nova de gerir os meios de produção.

(Por isso Paulo Freire foi tão apedrejado.)

A roda girou, o socialismo real se mostrou ineficiente na sua forma de produção e o mundo, pela primeira vez, adota um único sistema econômico em todo o globo.

Isso relaxa o capitalismo que agora pode ser criticado sem medo.

Interessa para sua evolução.

Yes, nós temos problemas, venham a mim as criancinhas e os errinhos! 🙂

E agora vamos assitir a um jogo interessante.

Capitalismo “A” X  Capitalismo “B”.

Ou o capitalismo baseado em um modelo de controle da informação pré-web (que chamamos de mundo 1.0) e outro que vai adotar o modelo de controle da informação pós-web (mundo 2.0).

Haverá, assim, nesse momento de passagem de um capitalismo para outro (que pode ganhar outro nome)  a necessidade de mudança em toda a forma de se exercer dado poder em todos os ambientes sociais: político, econômico e social, onde se inclui a escola, que era o tema central da palestra.

Não, não é algo para se ver na quinta que vem.

É algo que está por aí, pipocando, sem muita gente se dar conta.

E que vai marcar o pano de fundo das disputas políticas da sociedade, com o surgimento de partidos que levem essa bandeira, como é o caso dos Partidos Piratas, que começam a emergir, similar aos verdes, que despontaram em décadas passadas.

Esse bastidor ainda não aparece fortemente na mídia de forma clara, pois é algo que ainda não se consolidou como uma teoria válida na sociedade.

É uma teoria periférica (saindo do mundo web para fora)  que ganha, aos poucos, mais e mais espaço dentro de um conjunto de pessoas mais antenadas.

Perguntarias:

O  capitalismo 2.0  é melhor do que o anterior?

O novo  capitalismo não é bom ou ruim, melhor ou pior, é mais ADEQUADO a um mundo conectado, com um sistema único, na qual todos os países são inter-dependente, portanto, complexo, populoso e à beira de uma crise ecológica e social (pela exclusão), que o pressiona cada vez mais, vide crises do clima e de migrações.

De fato, a  nova forma de controle viabiliza – de forma barata e com ganhos positivos para a motivação humana – a superação de problemas, agora em redes colaborativas.

O porém: mexe no modelo de controle da informação que estamos acostumados, cria mais partipação por necessidade, o que “democratiza” a forma como nos organizamos.

Por isso, embola tudo, pois mexe no âmago e no ego de quem o detém.

E, óbvio, nos seus interesses.

Não vai se ganhar dinheiro?

Claro que vai, pois precisamos viver!

Mas de outra maneira, não da forma atual, que está emperrando mil processos.

Prevejo revisão no modelo de ética do lucro, do papel do acionista, do consumidor e dos colaboradores internos.

Vão ficar todos cada vez mais próximos um do outros.

Assim o capitalismo 2.0 , não será mais bonito, vistoso, ético, elegante, apenas mais  adequado ao mundo cada vez mais complexo que estamos entrando.

As equações para os problemas complexos atuais não fecham com soluções hierárquicas, que são lentas, caras, desmotivantes.

São fechaduras do século XXI que pedem novas chaves!

Assim, podemos dizer que entramos em um novo mundo bi-new-polarizado.

  • Antes era socialismo x capitalismo.
  • Hoje é capitalismo hierárquico e vertical x capitalismo horizontal e em rede.

A disputa já começou.

Na política, Obama X Bush já foi algo nessa direção.

Sutil, de leve, mas foi.

Aqui no Brasil, infelizmente, ninguém da política acordou para essa dicotomia.

Nem a Marina, a mais ecológica dos três.

Tristes trópicos!

Esse jogo vai ficar mais claro com o tempo.

Sou vidente?

Não, leio apenas na única bola de cristal que temos no mundo: a história!

E compara-se banana com banana, mídia de oxigenação social, com mídia de oxigenação social.

Lá, se vê um mundo pós-Idade Média com uma ruptura do controle da informação, com a popularização da escrita, que refez a civilização, criando, inclusive, o próprio capitalismo e o modelo da sociedade que temos hoje.

Agora é a vez do computador em rede virar arma de mudança, com a popularização do mundo digital, no qual muitos se articulam com muitos a distância.

E cada um pode, quando menos se espera, ter audiência global, com um celular que custa dez “real”.

Portanto, apertem os cintos, mexeram no processador da placa-mãe do mundo: o controle da informação!!!

(Um queijo e tanto.)

O resto vem na aba.

Concordas?

Diário de blog:

Tem algumas novidades nas minhas reflexões neste post.
Primeiro, a percepção das consequências do fim do sonho REAL do  socialismo, como uma alternativa válida.

Isso abre o “coração” do sistema atual para se repensar na mesma base, todo mundo, teoricamente, do mesmo lado.

Depois, é novo também a percepção que no século XXI teremos um embate entre dois capitalismos, será a briga política da vez.

E, óbvio, continuo dizendo algumas coisas iguais, de outra forma, a partir da interação e da aprendizagem de como fica mais fácil estabelecer canais de sincronismo com as pessoas dos mais diferentes perfis, no caso aqui, educadores, que tem um poder de crítica mais aguçado.

O que eu agradeço bastante.

O que mais quero é ser bem criticado!

10 Responses to “Quem mexeu no poder do meu queijo?”

  1. Luiz Alberto Boing disse:

    Nepô.
    Ainda prefiro não entregar os pontos. Jameson, representante da melhor esquerda americana, como um hospedeiro resistente dentro do próprio sistema, prefere não falar de um capitalismo B lutando contra um A. No livro “Pós-modernismo” coloca sua teoria sobre a lógica cultural do capitalismo tardio. Tem me ajudado a entender um pouco as regras do atual jogo de poder em que estamos cada mais metidos.

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Luiz, minha dúvida é a seguinte: terá o Jameson lido Lévy?

    Pois quem olha a história sem a compreensão de que rupturas informacionais e de comunicação criam novas eras….fica difícil situar a Internet e desdobramentos.

    Amanhã posto mais sobre exatamente isso…

    Espero que goste e podemos falar mais, ok?

    Valeu a visita, não esquece de tomar um café descafeinado, que estou servindo agora para quem passa por aqui 😉

    abraços

    Nepô.

  3. Gustavo disse:

    Nepô, dentre os movimentos periféricos que vc mencionou no texto, colocaria o movimento : seria uma teoria que busca uma renovação do movimento cooperativista, que hoje está em grande parte integrado ao capitalismo, junto com as novas possibilidades associativas da Internet. Seriam novas “guildas”. Fica claro que continua sendo algo pequeno no conjunto da Economia, mas vejo como uma solução para inserir as pessoas nos processos produtivos, inclusive locais, de modo diferente do assalariamento principal-agente, com as pessoas assumindo uma mentalidade de sócio. Seria um espaço extra-estatal a ser ocupado, ao lado dos empreendimentos capitalistas, que continuariam precisando de um volume alto de capital de risco. Outro lado seria o crescimento da chamada E

  4. Gustavo disse:

    colocaria o movimento “commons”.

    Outro lado seria o crescimento da chamada “Economia Social”, diversos países europeus implantaram recentemente um ministério para este setor, que está longe de ser residual e é altamente empregatício: seria o espaço da ONGs, associações locais e cooperativas/empresas orientadas para serviços sociais, aperfeiçoamento urbano ou para a economia criativa.

  5. Nepô, viu a matéria de hoje que saiu no Mundo do Marketing? http://www.mundodomarketing.com.br/17,14255,consumidor-forca-marcas-a-fazerem-sac-na-internet.htm

    Tem alguns exemplos legais sobre Conversão 2.0 de algumas empresas que andam “entrando no esquema”.

    Bjs!

  6. Caterine Vilardo disse:

    kkk.. eu vinha aqui postar o mesmo link, Rebecca… mas você chegou antes.. =P

    bjs!

  7. Carlos Nepomuceno disse:

    Rebecca, muito legal, valeu a dica!

  8. […] Por tendência, teremos cada vez menos enrolation e mais verdaderation, que é uma das marcas do novo capitalismo 2.0 que está pintando no horizonte, como discutimos aqui. […]

  9. […] Por tendência, teremos cada vez menos enrolation e mais verdaderation, que é uma das marcas do novo capitalismo 2.0 que está pintando no horizonte, como discutimos aqui. […]

  10. […] Por tendência, teremos cada vez menos enrolation e mais verdaderation, que é uma das marcas do novo capitalismo 2.0 que está pintando no horizonte, como discutimos aqui. […]

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