Acabo de ler e recomendo.
Tem vários exemplares na Estante Virtual.
A Filha de Galileu – um relato biográfico de ciência, fé e amor, de Dava Sobel.
Qual interesse para o nosso mundo 2.0?
Além da curiosidade histórica e da figura de Galileu, o livro mostra a perseguição e a tentativa pela Igreja/Estado do controle das ideias.
Interessante analisar como era o ambiente de conhecimento do livro impresso, bem depois da prensa de Gutemberg.
As idas e vindas.
O que destacaria do livro:
– Cresce no final, quando narra os detalhes do julgamento pela publicação do livro “Diálogos”;
Ninguém é profeta em sua própria terra – provérbio anônimo;
O livro de Galileu demorou nove meses para ficar pronto na gráfica, em 1632, pg 212;
“Dias depois o padre Ticcardi assinava o manuscrito dando a Galileu a licença provisória de publicá-lo em troca da promessa de umas poucas correções”, pg.188;
Comparado a um blog hoje que vai tudo direto. Imagina se Galileu não teria um blog!
“..Todos os livros sobre qualquer assunto tinha de ser submetidos a ela em toda a Europa católica (note que não entra no mundo protestante), de acordo com uma bula papal promulgada em 151 pelo papa Medici, Leão X“, pg 172.
O interessante é que isso ocorre justamente depois da explosão das vendas dos livros de Lutero na Alemanha e é o início da contra-reforma e da tentativa da Igreja impedir a circulação de novas ideias entre seus fiéis.
– Todos os livros da época, estamos falando por volta de 1650 precisavam de licença da Igreja para serem publicados, principalmente na Itália;
era preciso “ a análise de um bispo da Igreja ou de pessoas designadas pelos bispos, assim como pelo inquisidor local. Os impressores que iniciassem a confecção do livro se as necessárias permissões expunham-se à excomunhão, a multas e à queima de seus livros“, pg 173.
“o papa Leão teve de preparar outra bula cinco anos depois, em 1520, proibindo todas as obras, passadas ou futuras, da autoria de Martinho Lutero“, pg 173.
“em 1559 promulgou o primeiro Index de livros proibidos no mundo“…
O movimento anti-livro, como se vê hoje os movimentos contra a difusão da Internet com multas para adolescentes que baixam música, ou leis que tentam diminuir a liberdade dos usuários.
Vejam:
“Mesmos os leitores desses textos podiam ser punidos. Também os livreiros tinha de ser acautelar, mantendo uma lista exata do seu estoque e estando sempre prontos para inspeções de surpresa determinadas por bispos ou inquisidores”, pg 173.
Depois de publicar o livro Galileu ficou confinado, mesmo com 70 anos, imaginem o que era ter 70 anos na época, inclusive “proibido de receber visitas que pudessem discutir ideias científicas com ele”, pg.317.
Milton, Inglês, em defesa da liberdade de imprensa, diz após visita a Galileu, confinado em uma casa:
“Estive entre os homens de saber de lá, que me considerarem feliz por ter nascido numa terra de liberdade filosófica como supunham que a Inglaterra era“, rodapé da pg.323.
O livro “Diálogos”, motivo da briga, foi publicado na Holanda, por ser um país protestante, diz assim: “A salvo num país protestante”.
O livro Diálogo, que defendia que a Terra girava em torno do Sol e não o contrário, ficou 200 anos, no Index (livros proibidos da Igreja, sendo liberado em 1835, pg 264;
No verão de 1633, o preço do livro (proibido) desenvolveu um ativo mercado negro. O livro que custava meio scudo, subiu para quatro, pg 263.
Ou seja, não adianta proibir.
Galileu acreditava que a natureza seguia uma ordem divina, revelando seu plano oculto ao pesquisador persistente, pg 249, o início da ideia de Ciência.
“O livro fala por si mesmo. Não se pode ensinar de nenhum outro modo as futuras gerações e o que estão ausentes, senão pelos escritos”, Melchior Inchfer, pg 242.
Importante visão do livro e da escrita como possibilitador da memória.
No julgamento de Galileu houve:
” ..a represão da ciência pela religião, a defesa do individualismo contra a utoridade, o choque entre o revolucionário eo estabilishment, o desfio que novas e radicais descobertas representavam para as velhas crenças, a luta contra a intolerância pela liberdade de pensamento e de expressão“, pg 221.
Na morte de Galileu, escreveu Lucas Holste, bibliotecário do cardeal Francesco Barberini:
“Agora, cessada a inveja, começará a ser conhecida a sublimidade desse intelecto, que servirá a toda a posteridade de guia na busca da verdade”, pg 323.
Ai, ai, olhando essa vida dura do Galileu olho para nossas empresas de hoje com medo dos blogs de funcionários, de empresas com medo dos comentários dos leitores em seus blogs e vejo que o ser humano, se atualizou, mas não evoluiu.
É isso.
PS – Suspeito que o livro que fala de tamanhos de ambientes informacionais deva ser “Duas Novas Ciências”, a conferir, pg 288, ver mais sobre o tema quando cito Galileu para nos ajudar a compreender a rede.
Ola !
Adorei o blog! Vale ressaltar que Galileu influeciou um cidadão chamado Caravaggio. De que forma? Mostrando -lhe o poder das lentes. Quero aproveitar e te recomendar o meu modesto blog que é sobre livros, edições e autores.
obrigado
Marcelo Nogueira
http://www.artlivros.wordpress.com
Marcelo, gostei do blog, parabéns,
vamos em frente, grato pela visita!
Muito bom! Ajudou-me bastante!
Melissa,
kibon!
Nepô.