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Versão 1.1 – 08.02.10 (sujeita à alteração)

Veja o roteiro.

As redes de conhecimento – o núcleo tecnológico

As redes de conhecimento, informação e comunicação são formadas no seu núcleo por tecnologias de informação e comunicação.

Sempre há ali uma tecnologia-básica (mãe, matriz, baixa, um suporte operacional) sobre a qual  a sociedade passa a circular prioritariamente suas ideias.

São várias tecnologias em paralelo, mas as mais dinâmicas e ágeis tendem a se tornar preferenciais pelos resultados que apresentam.

Podemos citar como estes núcleos a fala, a escrita e tecnologia digital.

A fala podemos considerar uma “tecnologia biológica”, já que demoramos vários anos para desenvolver músculos e ossos para poder emitir sinais sonoros compreensivos pelos outros.

A escrita que nos permitiu “deixar recados” para pessoas que estavam distantes dos emissores, eliminando a necessidade de todos estarem no mesmo lugar, que, ao mesmo tempo que inventou o “recado” a distância, possibilitou o início do registro da memória humana, através dos rabiscos em paredes, pedras e depois em livros manuscritos e impressos.

Antes da escrita, morria-se um idoso, enterrava-se uma biblioteca.

A escrita nos permitiu recuperar a memória do passado e trazer parte das ideias dos antepassados para as gerações futuras.

Após a fase escrita, inauguramos o mundo da mídia, exportando a voz e a imagem a distância.

E, por fim, chegamos ao mundo digital.

É interessante observar que as mudanças dessas fases não foram similares e ocorreram, através de rupturas, ou continuidade.

Não podemos afirmar que o rádio e a televisão são uma ruptura com o mundo do livro impresso, da mesma maneira que o livro impresso teve sobre o livro manuscrito.

Ou seja, há diferenças qualitativas nas mudanças de mídia e estão centradas naquelas que reforçam por sua característica básica a estrutura de poder e outras, que pelo mesmo motivo, facilitam o questionamento e a reestruturação do poder.

Assim, passei a chamar de mídias de manutenção do poder existente, sem oxigenação social. E mídias que permite oxigenação social.

Vejamos que o livro manuscrito, devido ao seu custo e possibilidade de controle não ajudou a alterar, por ela mesmo, a sociedade.

Diferente do livro impresso, que pelo seu baixo custo, impossibilidade de controle, conseguiu criar novos pólos, vozes, que conseguiram introduzir novas ideias na sociedade da Idade Média.

No fundo, nossa sociedade é filha dessa mídia de oxigenação social, que constituiu nossa Época.

O rádio e a televisão, apesar de serem mudanças de mídia, por sua característica, preço, controle reforçaram quem estava no poder.

Quem conseguiu fazer uso deles, incluindo o jornal, puderam fazer revoluções, mas a tecnologia em si, não gerava, naturalmente, mudanças.

E aí temos essa caracterísitica de mídias de oxigenação social.

Elas, independente dos revolucionários, como vimos no livro, introduz na sociedade essa nova troca de ideias e impulsiona mudanças sociais, a partir dessa interação.

Por fim, a chegada das mídias de massa, que se inicia com a indústria do livro impresso, em 1450, na Europa.

Dão continuidade ao mundo da fala (com o rádio), dos gestos (com a televisão) e do livro impresso (com os jornais de massa e a indústria do livro), mas mantendo sempre um modelo unidirecional de alguém espalhando ideias para vários outros, em mensagens fechadas da saída do emissor até a chegada ao receptor a distância.

O computador, que aparece no planeta em 1940, passa a digitalizar os registros humanos, automatizar processos, se populariza com o micro computador na década de 80 e, em rede, a partir de 1990,  incorpora, pela primeira vez, todas as outras mídias, digitalizando os registros.

A Internet, enquanto plataforma de ideias, inaugura, por fim, uma nova possibilidade de conversa humana coletiva em volta da fogueira, sem limites de tempo ou lugar, basta estar online com as ferramentas adequadas.

E mais é o primeiro meio informacional que nos permite saber não só quem tem acesso ao registro, mas também o que faz com ele, através do histórico registrado nos servidores.

Diferente de um livro, é possível saber a trajetória de um usuário em uma página Web.

Ganha-se o rastro do olhar.

Cada uma destas redes de conhecimento, oral, escrita, digital surge de forma espontânea e vêm sempre no intuito de acelerar a troca de ideias, diminuir o espaço entre as pessoas para garantir civilizações cada vez mais adaptáveis ao planeta, viabilizando atender às demandas da população cada vez maior.

Quanto mais formos, mais dinâmicos terão que ser estes ambientes!

Como vimos, o processo que era mais lento, com a Idade Mídia (note que não é Média), se acelera nas últimas décadas, reduzindo o ciclo das tecnologias cognitivas.

Nos parece crer que a continuar o aumento populacional na atual escala, teremos mais e mais rupturas dentro das redes de conhecimento.

O que durava gerações para acontecer, pode ser visto hoje na vida da mesma pessoa.

(Vivendo, inclusive, um fenômeno completamente novo: os mais jovens dominam primeiro a nova tecnologia e, praticamente, ensinam a seus pais. Talvez uma exceção que passe a ser regra daqui por diante.)

Isso muda bastante a nossa perspectiva enquanto sociedade, pois as rede de conhecimento refletem fortemente na maneira que estruturamos a sociedade.

As redes definem a nossa forma de pensar.

E nossa forma de pensar, define a sociedade!

As redes de conhecimento, portanto, são mutantes, mais rápidas e cada vez mais sofisticadas!

Obrigando que a sociedade toda, aos poucos, siga nessa direção!

Alterando a forma que pensamos e, por sua vez, criando uma nova cultura, que cedo ou tarde tentará espelhar o que temos dentro de nós na formação da sociedade.

Porém, se elas são hegemônicas, pela sua facilidade de uso, ao mesmo tempo são heterôgeneas, formada por uma grande rede e outras sub-redes, como veremos adiante, incluindo um grupo e excluindo vários outros.

A rede, portanto, não iguala os humanos e, muitas vezes, pela sua prática aumenta ainda mais distâncias.

É o que veremos a seguir.

Veja o roteiro.

Contei com a colaboração na revisão deste capítulo de Mônica Lira, agradeço imensamente.

4 Responses to “A web não é um disco voador – as redes de conhecimento (2)”

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