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Convexo – o que reflete para dentro; côncavo – o que reflete para fora.

Nunca dei aula para turma com computador na frente de cada aluno, conectados em rede.

Pode parecer estranho, mas minha aula é conceitual.

Não preciso de laboratório, micro.

Ou ainda, talvez, não saiba como adaptar a minha aula de história dos ambientes de conhecimento a esse instrumento.

Já dei muitos cursos de habilidade tecnológica em programas, nos quais computador é fundamental.

Nos conceituais, é algo a pensar.

O que fazer?

A turma vai comigo ou vai com cada um por si para o seu mundo virtual?

Resolvi discutir o tema com o pessoal e adotei algumas idéias:

1- continuo meus exercícios de grupo (aluno discute com aluno);

Nesse exercício a sala computadores fixos, mesas fixas, mais atrapalharam  do que ajudaram.

(Veja todo mundo em pé na foto.)

. Ou seja, na alta tecnologia a colaboração presencial é complicada. Irônico, não?;

2- haverá premiação nas notas para quem agregar para a turma, em sites como o Twitter, Google Docs. comentários nos posts da aula, que faço no meu blog;

3- falei da importância da sinergia – aluno-aluno, alunos-professor. Ou seja, pede-se em sala de aula não fumar, não beber 😉 e não responder e-mails, ou fazer o trabalho atrasado da empresa;

4- questionei se o fato de estando juntos ali era justo com alunos e professor não poderem ler depois, durante ou depois os papos paralelos? A idéia é todos produzindo para todos.

5- estimulando para a turma acessar junto diferentes sites, pedindo, inclusive, pesquisas durante a aula de pontos obscuros.

Os resultados aparecem com o pessoal compartilhando os rabiscos em sala de aula, me enviando por e-mail o que anotaram. Já coloquei nos meus posts alguns resultados, já que tenho postado todos os dias de aula, com a foto da turma, algumas discussões e incluído ali o que vem da turma para turma.

Ver aqui os posts.

Acho que o problema que anda aparecendo com insistência hoje é que queremos trazer compulsivamente o que está no mundo virtual para o presencial.

E esquecemos que o presente é bom também.

Pessoa-Pessoal. Grupo-Grupo.

Aliás, o ambiente mais rico, pois incorpora todos os cheiros, tatos, olhares, trocas…com uma dinâmica informacional ainda imbatível.

A Internet e o celular, – é bom lembrar – vieram para ampliar a conexão do humano com outro humanos e não o contrário.

Devem ser bem usadas para nos tornarmos cada vez mais humanos com a tecnologia e não perder o que já havia.

É bom falar com quem não está aqui, mas também garantindo o papo com quem está.

Ou não?

Diga aí.

16 Responses to “Alunos convexos ou alunos côncavos?”

  1. Talvez para você seja realmente bastante desconfortável ver todos os alunos de pé, em meio a máquinas, tentando unir as ideias. Talvez fosse mesmo mais confortável estarmos todos sentados em uma grande roda, com liberdade de locomoção. No entanto, acredito que esta dificuldade de circulação dentro da sala não irá atrapalhar tanto. Tira um pouco da ideia de aula em que apenas pensamos. Você sabe que há muita gente que acha isso chato e que se entediaria facilmente. Acho que o vai e vem que estamos tendo que fazer para reunir os pensamentos acaba “acordando” aqueles que não se sentem tão à vontade em aulas mais conceituais. Ou não.

    P.S.: assim como para o Nino a Amazon era sempre a resposta certa quando não soubéssemos o que responder, “ou não” é quase uma certeza ao fim de tudo o que estamos pensando!

  2. Rany disse:

    Concordo com a Patrícia, mas em parte com você também. Com as inúmeras possibilidades que um computador proporciona na frente de um aluno “não-muito-interessado”, é muito mais fácil ele viajar um pouco.

    Ao mesmo tempo, acho que isso tudo depende da seriedade com que nos comprometemos em enfrentar a aula. Acho que assimilar e participar se torna obrigação e mérito de cada um, vamos ver quem fica convexo e quem fica côncavo! Afinal, toda aula acaba sendo composta por distraídos e engajados. ^^

  3. Adorei o que você escreveu, rany. Na verdade, eu nem tinha discordado do Nepô. Eu só quis mostrar que o desconforto de termos que levantar e ficar apertadinhos pode não ser de todo ruim. Mas você está certíssima na questão do comprometimento. Somos todos adultos, não estamos lá de graça e (quero crer) temos um objetivo. Estamos investindo em nós mesmos, no nosso futuro, e acredito que a ficar viajando durante as aulas não é a melhor opção, não é mesmo? Tudo bem, todo mundo tem aquele dia em que a cabeça não consegue aterrissar nem por decreto. Isso é natural. Isso só não pode ser constante.

  4. Rodrigo Lima disse:

    Eu compreeendo perfeitamente a ideia de que a interação digital pode afastar as pessoas no meio fisico concreto, Esse distanciamento remete a um mundo mais frio menos “humano”, ou é viagem minha!?

  5. Rany disse:

    Total sentido (pelo menos pra mim, hehe)! Impressionante como algumas pessoas formam por todos os lados seu “ser digital” através de redes de comunicação, posts e demais meios quando ao vivo e à cores, não conseguem transpassar tudo aquilo que são.

    Acho que de certa forma a internet pode nos tornar egocêntricos, e consequentemente, menos humanos. óBvio que estou aqui desconsiderando todos os processos vitais que ela angaria para o nosso desenvolvimento (até pq Neponuceno teria um treco, hehe). Mas vejo esse ponto acima como uma desvantagem, uma “desumanização” mesmo…

    Que pode acontecer tb, né, gente.. ou não! hehe

  6. Rany e turma,

    Quanto a questão de viajar ou não, sem ou com computador o aluno pode viajar, caso este seja o seu perfil, mas concordo com o comprometimento e a sua disposição de aprender e de estar ali presente de corpo e alma.
    Não concordo quando diz que o computador facilite essa viagem, nem torna o aluno mais frio ou mais distante, pois não é privando todas as formas de um alcólatra beber que ele deixa de ser alcólatra.

  7. cnepomuceno disse:

    Alexandre, mas sabia que uma das decisões dos grupos de AA é que o alcoólatra não passe pelos lugares em que bebia e se afaste de quem era viciado como ele?

    Acredito que o uso do computador não deve ser nunca proibido, mas discutido o tempo todo para ajudar a nos unir e não nos separar.

    Concordas?

    abraços

    Nepô.

  8. Então um alcoólatra nunca mais vai ser reintegrado na sociedade?

    O que quis dizer é que cabe a cada um não querer viajar no computador e ter o propósito de prestar atenção na aula. O computador estar alí no meu comentário, foi comparado com a bebida de um alcoólatra. Cabe a ele não beber ou cabe ao aluno que viaja não viajar…força de vontade e foco.

    Abraços

    Calladinni

  9. Carlos Andrade disse:

    O fato de termos a tecnologia ao nosso dispor, não faz com que ela tenha obrigatoriamente de ser utilizada. As aulas conceituais podem ter alguns exercícios praticados com a integração pessoal dos alunos, (acho ótimo isso) e outros onde a pesquisa pela internet a faça mais rica e produtiva.

    Quanto à dispersão dos alunos, como o Silvio Meira mesmo falou na entrevista da Gabi, é uma questão de atenção contínua e parcial de cada aluno.
    O meu foco principal quando estou em sala, é a aula, mas acho que se um aluno tem a capacidade de assimilar a aula enquanto faz outra atividade (desde que não atrapalhe os outros alunos), também é válido.

    Ou não?

  10. sérgio disse:

    as ferramentas, são só ferramentas. se elas se sofisticam, não se fazem mais que ferramentas por isto.
    não podemos confundir as coisas e nos “deixar empolgarmos pelos birinaites mais bacaninhas”, esquecendo de qual é o lugar dos birinaites (aqui, birinaites=parafernália informática, software inclusive).
    quando “nos empolgamos”, delegamos aos birinaites o que eles não podem fazer sozinhos e tampouco o fazemos.

    o aluno desinteressado está no lugar errado. se os conceitos o aborrecem, ele não está ‘preparado’ para aprender mais do que manipular birinaites. um curso técnico, sujeito sempre à desatualização e à necessidade de fazer sempre um novo (pensem na obsolescência dos livros que ensinam usar softwares) talvez seja o que lhe caiba. mas isto deixará de existir, por inútil, justamente pela obsolescência. paredão com este aluno, então. deve ser eliminado.

    as ferramentas sofisticadas têm muitas e grandes possibilidades, para serem usadas, ora, como ferramentas. devem estar à mão sempre. mas é a ‘cabeça’ que escolhe usá-las, não a mão.
    o espaço de aprendizado é também uma ferramenta. ele precisa atender às necessidades. não podemos nos submeter ao espaço dado.
    ele também deve ser flexível, para permitir escolhas e reconfiguração no uso das ferramentas.
    arquitetos servem para isto. eu sou um deles.

  11. cnepomuceno disse:

    Sérgio, falou e disse.

    grato pela visita, Nepomuceno.

  12. […] (Não valeu participações digitais que a turma não tomou conhecimento, fortalecendo a idéia de uma turma o tempo todo convexa.) […]

  13. […] PS – Note que muitos já fizeram anotações de aula neste post. Vou adotar a partir da agora esse critério. Vou sempre abrir um post antes e pedir para que anotem nele. Se tivermos avaliação dos alunos, essa anotação já entra como critério, na defesa sempre de alunos convexos (se auto-ajudando) e a turma côncava (ajudando aos que não estão em sala de aula.) Veja um post sobre isso. […]

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