Versão 1.0 – 13/09/13
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O monoteísmo surge no mundo há seis mil anos e acaba por se tornar hegemônico como um fator fundamental para permitir a espécie humana de crescer numericamente, pois estabelece uma verdade organizadora, que define regras de conduta e facilita o controle da sociedade, coisa que o politeísmo não permitia.
O monoteísmo só faz sentido com a escrita, pois um é um lado da moeda do outro.
Sem escrita, não seríamos monoteístas e vice-versa.
O monoteísmo, entretanto, tem suas amarras, pois é o sistema que precisa de um centro bem definido gerador de verdades e de confiança.
Podemos dizer na história que:
- Tivemos o monoteísmo radical absolutista da relação direta de “Deus”, via seus pseudo-representantes, com os monarcas, reis, imperadores e similares;
- O monoteísmo representativo, depois da revolução francesa, embalado pelo papel impresso, com autoridades centralizadas, mas que se desgarraram de Deus, o que podemos chamar de monoteísmo laico;
- E agora estamos, a meu ver, começando a procurar um retorno ao politeísmo ainda muito centralizado ou, no máximo, nessa primeira fase um monoteísmo radicalmente mais descentralizado.
Diria que toda a luta filosófica humana, desde o judaísmo tem sido a de questionar de alguma forma as amarras do monoteísmo, procurando reformá-lo ou em alguns momentos aboli-lo, por enquanto em termos utópicos.
O que não havia clareza e agora podemos começar a especular é que o monoteísmo era filho da escrita e só poderia ter seu fim decretado quando chegássemos a uma tecnologia cognitiva que pudesse criar uma confiança em uma geração de verdade descentralizada – que é o que a Internet permite com seus novos códigos químicos.
O novo ambiente cognitivo digital, assim, consegue estabelecer um novo critério de construção da verdade, que possibilita finalmente, de forma sustentável, a construção da verdade coletiva mais de baixo para cima, de uma nova maneira..
(Ver mais sobre construção da verdade aqui.)
Tal possibilidade exige a criação de um novo código de comunicação tão relevante como foi o conjunto alfabeto – palavra escrita – papel impresso – livro.
Introduzimos uma comunicação algorítmica, matemática, que estamos importando das formigas (ver mais sobre isso no meu novo livro), que permite – com confiança – refazer a construção da verdade de uma nova maneira, o que nos leva a poder abrir mão da cultura monoteísta.
O novo aparato cognitivo digital se estabelece a partir do código binário e a possibilidade de se deixar rastros para qualificar pessoas e registros, que é o que nos catapulta para a construção d e uma verdade (tangível e intangível) mais descentralizada, abrindo a possibilidade, pela primeira vez, de uma mudança radical no monoteísmo e quem sabe nos aventurar depois de 6 mil anos em um novo politeísmo em bases completamente diferentes.
Tal migração, entretanto, descentralizadora obrigará as organizações a migrar nessa direção, pois a topologia da construção da verdade é a topologia da organização social.
Por aí, que dizes?