Não adianta entrar em redes sociais, se cabeça é de aranha. Essa cabeça aracnídea deve dar lugar a uma de estrela do mar!!!
Redes são mais poderosas do que hierarquias engessadas – Steve Johnson – da coleção;
Não existe nada mais poderoso no mundo humano que um ambiente de diálogo honesto.
Muito do que consegui aprender até aqui sobre a Internet se deve aos meus estudos, claro, mas principalmente aos debates intensos que já tive com mais de 800 pessoas ao longo dos últimos anos, em aulas, palestras, consultorias.
(Não desperdicem encontros presenciais em discursos fechados, via Power Point, pois é jogar pela lata do lixo tempo, dinheiro, motivação, clareza e inteligência coletiva!)
Bom, dito isso….
Estivemos no sábado passado, no fechamento da DIG6, uma nova leva de estrategistas em Marketing Digital, do curso do IGEC, da Facha que vai para o mercado.
No meio da conversa, na hora de detalhar sobre as novas empresas ficou mais fácil de passar a última mensagem para eles algo que já circulava há tempos na cabeça, a partir do livro “Quem está no Comando?”.
(Sugiro que você leia urgente, pois não está na lista dos livros-fumaça do mercado, mas é um dos que considero chave para a compreensão do nosso mundo 2.0.)
Nele, os autores destacam dois tipos de modelos de gestão, a partir da nova possibilidade dos recursos das redes digitais: a gestão aranha e a gestão estrela do mar.
- A gestão aranha é um tipo de organização centralizada, dependente da cabeça centralizada, hierárquica. Se algo ocorre no centro, afeta fortemente toda a periferia, com risco até de falecimento;
- A gestão empresa estrela do mar, ao contrário, é completamente em rede, distribuída e se algo acontece em uma das partes, como ocorre com a estrela do mar, há uma fragmentação e tudo continua.
O que é interessante no livro é que ele – ao analisar os dois ambientes – demonstra que são incompatíveis. A gestão aranha desenvolve um tipo de lógica, de prática, de discurso que é incomunicável com a gestão estrela do mar.
Uma não consegue se relacionar com a outra.
Não adianta, portanto, tentar entrar em redes sociais, que têm características de estrela do mar, se a cabeça é de aranha.
A estrela vai dizer: mar!
A aranha vai ouvir: teia!
E vice-versa.
Ou seja, temos um impasse civilizacional, provocado por um aumento radical da população.
É preciso, por causa disso, migrar para um novo modelo de gestão mais dinâmico para continuar conversando com o novo consumidor que já está dentro de um ambiente fluido da estrela do mar!!!!
Exemplos de projetos estrela do mar?
Youtube, Linux, Apache, Wikipedia, Camiseteria, Estante Virtual, Mercado Livre, etc….
Note que os organizadores destes projetos dizem o por que estão ali, mas quem determina o como, o que, com quem vou me relacionar e fazer negócio são as estrelas do mar.
Não cabe um pensamento de aranha controladora!
Ou seja, não adianta ter um discurso de estrela do mar com pele de aranha!
Pois não se trata de discurso, mas de uma nova forma de ser no mundo.
Clay Shirky, no seu último e imperdível livro “A Cultura da Participação”, (que elegi para a minha lista dos melhores do ano) nos sugere, ao falar da produção social de software de forma colaborativa, que foi preciso aos participantes ter feito um tipo de julgamento profundo para admitir que a produção social de programas era melhor maneira para desenvolvê-los.
Este julgamento profundo (note que não superficial, de maquiagem), que podemos chamar de ficha 2.0, conversão 2.0, percepção 2.0, mudança radical de paradigma, é quase um batismo nas águas do Rio das Estrelas do Mar.
Neste momento – e isso ocorre com muito dos meus alunos e clientes – cai a ficha que não se trata de adotar tecnologias novas, mas entrar em um mundo novo, no qual nossa cabeça de aranha dá lugar a uma de estrela do mar.
Por todas as dificuldades atreladas a isso, principalmente do nosso afeto controlador, envergonhado, temeroso de um mundo mais líquido e sem o controle pelo qual nos sentíamos mais seguros pelo papai rádio e mamãe tevê.
Passamos, assim, a procurar outra forma de relacionamento, que nos leva necessariamente a querer mudar a gestão da sociedade em todos os campos, das empresas, passando pelas escolas e culminando na organização social, todas focadas na desintermediação.
Outro dia a Fabiana do nosso grupo de discussão sobre o Manifesto 2.0 me perguntou qual seria, afinal, uma boa figura representativa para o nosso documento/movimento.
E eu fiquei sem resposta, a pensar.
Agora, ficou claro como água no pacífico sul: uma estrela do mar, que se você cortar um pedaço de uma parte, do nada, vira duas e vai adiante, pois o centro é em todo lugar, em cada pessoa.
Um ambiente muito mais meritocrático, dinâmico, colaborativo, inovador do que uma aranha, que funcionou bem, mas agora tem amarrado o futuro de nossa civilização.
Que dizes?
[…] A luta entre as empresas estrelas do mar versus empresas aranhas […]
Concordo em gênero, número e grau.
Nosso desafio agora é como transformar aranhas em estrelas-do-mar…
A questão da Aranha e da Estrela do mar me fez pensar nos ambiente em que cada uma vive.
A teia é uma ambiente relativamente pequeno, com limites pré-estabelecidos, pegajoso e feito pela aranha, um conjunto de fios produzido pelo inseto para sua própria sobrevivência, esse ambiente proporciona o controle acima de tudo. Há também os tipos de teias: de fios de seda, que são usados para encapsulamento da presa, para formar a “moldura”, raios e espirais da teia, para formar os casulos.
Já o mar é líquido, tranparente, mas quando se observa parece azul, verde ou até cinzento, é profundo e não tem limites razoáveis, sem caminhos certos, tem milhões de anos, está ali desde sempre, sem donos, permite a morada da diversidade e é salgado, o sal permite a sobrevivência da vida e permanencia dela ali, o que também o torna auto-renovado, nem sei se existe essa palavra, mas é a que conceitua melhor o ambiente da Empresa 2.0, onde não há dependencia, onde o controle perde seu valor e dá lugar a participação descentralizada.
A morada da Aranha e da Estrela é um bom lugar para começar essa ruptura do controle, como escreveu muito bem o Nepô – a descaptura “do nosso afeto controlador, envergonhado, temeroso de um mundo mais líquido e sem o controle pelo qual nos sentíamos mais seguros pelo papai rádio e mamãe tevê.”.
Ótima reflexão!
Muito bom o artigo. Parabéns pela síntese.
Att. @maxcalhao
Legal, pessoal, grato pelo retorno, Fabiana, que acha da imagem da estrela do mar para o movimento 2.0?
[…] como é a passagem de um modelo de gestão aranha para estrela do mar e isso exige uma conversão, quase um batismo 2.0, não é algo trivial, dentro do padrão que […]
Já estou encomendando os dois livros. Muito interessante este site da estante virtual. Valeu pelas dicas!
Descoberta a imensidão do mar, naturalmente desejamos deixar para trás o ranço que adquirimos nas pegajosas teias existentes.
Na prática, no dia a dia, a busca é árdua e constante.
Submergimos nas profundezas de um mundo com infinitas possibilidades, agora precisamos encontrar “oxigênio” para sobrevivermos e o manifesto 2.0 me parece o caminho!
Lidiane,
Muito legal, tks por divulgar o manifesto.
[…] É um documento em que se vê claramente a briga da aranha com a estrela do mar. […]
[…] os dois modelos, como foi com a chegada da prensa, completamente diferentes apresentados do lado. O modelo aranha e o modelo estrela do mar. Que convivem ao mesmo tempo no mesmo momento histórico, com a tendência de ir se consolidando e […]
[…] E vai mudar muito mais em direção a uma cabeça estrela do mar. […]
[…] E esse é o conflito que estamos assistindo em todos os recantos do planeta, na luta contra as redes das aranhas contra as das estrelas do mar. […]