- Quem lê demais e usa pouco o próprio cérebro passa a ter preguiça de pensar – Einstein – da coleção.
Escolho no Houaiss, entre tantas definições esta:
Filosofia – Investigação da dimensão essencial e ontológica (a investigação teórica do ser) do mundo real, ultrapassando a mera opinião irrefletida do senso comum que se mantém cativa da realidade empírica e das aparências sensíveis.
O que é interessante nessa definição é de que vemos o mundo, a partir de uma dado senso comum, muito ligado ao que sentimos e não ao tempo de reflexão sobre aqueles sentimentos.
Assim, o exercício do pensamento é o tempo nosso – e com os outros – de várias maneiras, conversas, leituras, filmes, videos, áudios, etc… e o acúmulo sobre essas reflexões, o que eu chamo de “tempo de discussão“.
Quanto mais o promotor de Inteligência Coletiva você é, mais você acumula tempo de discussão sobre as ideias, pois não passa pelos outros com o discurso fechado, mas aberto.
- E recebe tanto o senso comum dos demais como os sensos incomuns.
- E vai crescendo, quanto mais discute.
- Quanto menos interage, menos discute.
- E mais ficas no seu próprio senso comum.
Trata-se, assim, de ver, nesse mundo da Inteligência Coletiva, quem consegue criar canais para que a discussão ocorra da melhor forma possível.
Bom, feito esse parâmetro inicial, retomemos à filosofia.
A filosofia tenta não estudar as coisas em estado puro, nem as sensações que temos com as coisas, mas TAMBÉM e principalmente como pensamos sobre tudo isso.
A filosofia, assim, é o estudo de como pensamos/sentimos sobre / as coisas.
Assim, quando pensamos sobre tecnologia, podemos separar algumas maneiras de olhar o fenômeno:
- – os que acompanham seu avanço, baseado, quase sempre, nos produtos e serviços (a maioria);
- – e os que acompanham as ideias de como as pessoas pensam sobre tecnologia (a minoria).
O estudo das ideias sobre como pensamos sobre a tecnologia, seria o campo de estudo emergente que se batiza como “Filosofia da tecnologia“.
Esse campo é de extrema valia para quem quer estudar a Internet e correlatos, pois nos permite sair do estudo do “objeto”, enquanto algo puro, que existe, o que é.
- “A Internet é…”
Para
- “As pessoas pensam Internet como…”
Essa abordagem nos daria a possibilidade de ver as diferentes maneiras de pensar sobre tal fenômeno e ficar mais claro que, no fundo, ele não existe isoladamente, mas apenas enquanto um processo cognitivo em construção, a partir da capacidade/interesse/afeto/possibilidade de interação/tempo de reflexão de cada pessoa com o fenômeno.
Dentro da ideia do ser/estar, ao mesmo tempo, que desenvolvi aqui.
Pensa-se sobre tecnologia de várias maneiras, por exemplo, problemas que observo:
- Tecnologias de maneiras geral x tecnologias cognitivas, muitos acham que é a mesma coisa, mas as primeiras são meios e as segundas fins.
(Sem o celular (fim) não se consegue encontrar fulano no shopping. O celular não é o motivo, apenas o canal.)
- As tecnologias cognitivas são ferramentas para se criar todas as outras.
(Sem o livro impresso, não haveria revolução industrial, por exemplo, nem a academia que a incentiva.)
São raros os autores que ainda refletem sobre a reflexão de como se pensa tudo isso.
E tem mais, hoje nos dividimos em três categorias distintas de produtores de realidades sobre tecnologia:
– Os alternativos (que estão na rede de maneira informal, onde não se incluem blogs de grandes corporações de mídia);
– Os pensadores não acadêmicos, tipo Chris Anderson, Tim O Reilly e outros;
– E os acadêmicos.
Todos transitando, ou deveriam, entre um mundo e outro.
Nos atualizamos sobre as novidades tecnológicas, mas não sobre como os humanos pensam sobre a tecnologia, seja ela cognitiva, ou não, o que nos daria muito mais vantagem, pois uma é muito dinâmica, a segunda, nem tanto, pois muda com o tempo.
O que nos dá possibilidade de ver tendências de médio e longo prazo e trabalhar naquilo que importa: com a cognição, ou seja como as pessoas pensam sobre as coisas, que vai refletir, ao final, como elas vão atuar, usando aquela dada tecnologia cognitiva para determinado fim.
E pior se não identificamos escolas de pensamentos tecnológicos, perdemos a oportunidade de separar o joio do trigo.
Se identificarmos tais “escolas” podemos logo localizar de onde tal pensador bebeu, de que fonte. E, por tendência, como ele vai acabar agindo, além de prever tendências, pois quanto mais conhecemos a maneira de pensar mais pode se adivinhar para onde tudo vai.
Pois ninguém faz nada se não pensou antes no que ia fazer.
(Mesmo o cara que atira em uma discussão de trânsito, “sem pensar”, já comprou o revólver com alguma intenção”.)
É um campo vasto de estudo, para o qual vou começar a me debruçar cada vez mais nos próximos anos, talvez em um pós-doc.
E é a bússola para podermos lidar melhor com a velocidade tecnológica, que está atrelada a essa maneira de pensar sobre ela.
Que dizes?
Excelente reflexão! Concordo plenamente que temos que olhar a tecnologia sob uma perspectiva de mudanças do mundo e não como maneiras de ganhar dinheiro a curto prazo.
Tenho visto as questões de Search Marketing, Redes Sociais, Open Source (Joomla! e WordPress) serem tratadas como “minas de ouro” ou oportunidades de criar sites de forma rápida ou “colocar o site em primeiro lugar no Google”.
Deixam de questionar como o open source pode ser uma oportunidade de promover o aprendizado coletivo (ver http://www.wikisocial.com.br) e a importância do conteúdo de qualidade (como este post) como forma de promover o debate.
Muito legal ver como a inteligência coletiva se manifesta quando as conexões são feitas.
Abraços,
Marcio Okabe
Acabo de lembrar de dois fatos curiosíssimos. Um brasileiro e outro egipcio. O Barão de Mauá, muito a frente de sua época, tentou “empurrar” o Brasil para o progresso que ele já teria visto em outro país. Por interesses inescrupulosos de uma minoria dominante da época, o progresso foi estancado de nosso país pos nossos próprios “irmãos”. E por isso, tecnologicamente, na área de transporte ficamos, e estamos ainda, muito a desejar. Outro fato, desta vez bastante interessante. Existia um pesquisador Grego, na época de Alexandre o Grande, na Biblioteca de Alexandria, que já teria criado a locomotiva, mas por determinação do administrador da biblioteca, o projeto foi esquecido por ter argumentado que ficaria mais em conta a manutenção da escravidão para o transporte de carga. Imegine se já em épocas tão remotas se pensasse em como a tecnologia poderia influenciar o “modus vivendum” de toda a humanidade. Abraços,
Marcio, você diz:
“(…) temos que olhar a tecnologia sob uma perspectiva de mudanças do mundo e não como maneiras de ganhar dinheiro a curto prazo.(…)
O problema é que somos influenciados pela cultura americana de não parar para pensar e vai tocando, vendo como se ganha mais grana.
Isso chegou a um limite.
Uma área de reflexão como essa vai contra essa visão, concordo com você.
Não podemos esquecer, entretanto, que o “ganhar dinheiro” faz parte da motivação para que o humano avance, porém, não como meta, mas como meio de ir adiante e esse é o questionamento central do capitalismo 2.0.
Empresas como resolvedora de problemas e com motivação pelo lucro.
E não empresas motivadas pelo lucro e – se der e encherem o saco – resolvedora de problema.
Valeu a visita!
Nepô.
João,
as cognições são amarradas pelas âncoras dos problemas afetivos e vice-versa.
Não adianta grandes gênios cercados de desequilibrados afetivos.
Nem gênios desequilibrados.
Nem todos equilibrados sem gênios.
A química das grandes mudanças passa por uma conjunção astral que tudo isso esteje junto.
abraços,
Nepô.
[…] Comecei aqui uma nova jornada de estudos, através da Filosofia da Tecnologia. […]
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