Toda vez que a invenção é arbitrária, ela não sobrevive – Ferreira Gullar – da minha coleção de frases;
Um item importante para entender qualquer mudança humana é a latência.
Não existe mudança que se propague que não encontre dentro das pessoas a vontade de mudar.
Gosto da frase que expressa isso:
A porta de mudança de cada pessoa só pode ser aberta pelo lado de dentro –Marilyn Ferguson;
Uma proposta que explode – como a do Twitter – é a capacidade de seus criadores de perceberem aquela sombra invisível.
Há algo ali que está faltando.
Na tentativa e erro, como numa pescaria, pum, fisga-se o peixe!
Ou ainda com algum modelo teórico que consiga perceber, de alguma forma, os próximos passos.
Em ambos os casos, é preciso pessoas capacitadas para perceber essas sombras invisíveis da latência.
Steve Jobs me parece um exemplo clássico.
Consegue ver a alma carente do consumidor, antes dos demais e empacotar como ninguém para dar água na boca.
No nosso grupo de estudos, José Magno levantou a questão sobre os produtos supérfluos, que não fazem parte, digamos assim, das nossas necessidades.
Pois bem, há latência também para a fuga, para esquecer da vida, daquilo que nos damos como recompensa de algo, as compulsões.
Ou seja, um tipo de latência também que gera movimento, de forma positiva ou negativa.
Latência são desejos inconscientes ou conscientes, que não conseguem ainda ter uma canal de expressão real no mundo aqui fora.
Chamei esse acúmulo invisível de vontados no modelo teórico para compreensão da Web, que estamos desenvolvendo de “balde das latências”.
São sentimentos – conscientes, ou não, que vão se armazenando dentro de uma dada sociedade, mas que o ambiente social, prática de consumo, canais de expressão, etc, não permitem que aquele desejo se transforme em algo concreto, desde um serviço ou produto.
Ou uma nova lei, num outro tipo de sociedade, numa nova prática social.
Quando se lança o Twitter e ele explode é uma latência que existia.
Foi algo que pode substituir o e-mail e não era amarrado como uma lista de discussão ou o MSN.
Veio, chegou e se estabeleceu.
São produtos que colam.
(Ver o livro: Ideias que colam)
(O Congresso Nacional, por exemplo, gera em todos uma latência de mudança naquilo lá, mas ninguém sabe como. Ver mais sobre isso aqui.)
Ficam ali enchendo um “balde” invisível, até que em algum momento aparece o canal e desagua.
Podemos dizer que na sociedade atual, como foi no pré-capitalismo, existia uma latência de troca de ideias com conhecidos e, principalmente, desconhecidos.
O que o pessoal está achando?
Ambos os ambientes (há 550 anos atrás e hoje) eram “amarrados” por mídias tradicionais e autoritárias, que impunham normas de “bem-estar” na sociedade, impedindo que a inovação ocorresse.
Ou que as latências saíssem de seu curral.
As tecnologias do livro impresso e da Internet foram apenas curiosidades lançadas (sem a intenção de ajudar a mudar o mundo), mas que rapidamente, abriram a torneira da latência existente.
Essa latência, entretanto, mais do que para o consumo imediato, traz no bojo uma latência de construção de uma nova civilização, revidando tudo aquilo que a atual deixa a desejar, desde um planeta mais respeitado a escolher o que eu quero, como e quando, sem imposições.
É como se fossem tantas coisas que não fazem sentido, que é preciso rever o modelo como um todo.
Esse foi o espírito que deu origem ao capitalismo.
E é esse o espírito que move a passagem do mundo 1.0 para o mundo 2.0, procurando repensar o modelo conceitual, teórico e prático do atual capitalismo.
O que vamos chamar de pós-capitalismo, ou capitalismo colaborativo.
Abrindo a possibilidade de se reformar ou revolucionar (conforme o futuro nos dirá) todo o sistema, a partir dos canais abertos, por uma campainha que tocou não na porta da frente, mas na dos fundos.
E tirou as latências mais profundas da civilização do sofá.
Que dizes?
PS1 – vi no Globo de 02/04, uma frase do poeta Gregório Duvivier sobre tristeza: “essa vontade de algo que ainda não inventaram “.
Mas o que ele chama de tristeza, chamo de latência.
E achei a definição ótima.
[…] (Detalhei depois melhor a ideia de latência aqui.) […]
[…] Vi no excelente blog do nosso amigo Nepôsts – Rascunhos Compartilhados […]
Nepo,
Entendo que latências são coisas que as pessoas querem, sendo que algumas vezes não tem consciência disso. Para satisfazer esta necessidade é preciso energia e o que leva alguns a dispender esta enegia e outros não, na satisfação desta necessidade são os valores. Dentro da nossa lógica, tipo árvore do conhecimento, vejo que os valores da sociedade fazem parte dos conhecimentos de nível 1 – raízes, quando estes mudam, e raramente mudam, é porque se acumulou uma latência com energia suficiente para a magnitude da mudança.
Felicidades,
Formanski
[…] Comments « Latências invisíveis […]
Formanski, preciso de alguns esclarecimentos:
“Para satisfazer esta necessidade é preciso energia e o que leva alguns a dispender esta enegia e outros não”
Quando você fala aluns, você fala quem, o setor produtivo? O consumidor?
E ainda:
“Na satisfação desta necessidade são os valores (…) . Dentro da nossa lógica, tipo árvore do conhecimento, vejo que os valores da sociedade fazem parte dos conhecimentos de nível 1 – raízes, quando estes mudam, e raramente mudam, é porque se acumulou uma latência com energia suficiente para a magnitude da mudança”.
Confesso que não consegui entender ….
Pode detalhar para irmos adiante?
abraços,
Nepô.
Nepo,
Tem um ditado popular que diz “Quem não sabe o que procura não percebe quando acha”, os Valores formam nosso foco de interesse ou “Visão de Futuro”. Este foco “sempre está” na fronteira do nosso aquário e, polarizando com o nosso conhecimento do aquário é que proporciona a energia que falei para os agentes 1 e 2 ( para a pessoa mudar de emprego, fazer um curso, para a empresa lançar um novo serviço, etc).
Felicidades,
Formanski
Bom, uma coisa relevante sobre latências….
O mundo de negócios começa a tentar – mais e mais – capturar latências e transformá-las em produtos.
Como?
Traçando de várias maneiras o perfil do consumidor e mostrando produtos, e até mudando a maneira de apresentar o site para eles.
Dois artigos relevantes sobre o tema:
O primeiro saiu na revista da HSM deste mês.
Metamorfose na Web
Chegou a hora do “morphing”, sistema que customiza automaticamente o site, levando ao usuário o conteúdo no formato que ele prefere.
Fiquem atento para essa expressão Morphing, que tem tudo para ser a maneira de vermos sites no futuro, cada um terá o seu:
http://br.hsmglobal.com/notas/56851-metamorfose-na-web
(Exige senha)
O segundo saiu no Valor no dia 22 de abril, que reproduzo aqui, pela sua relevância:
Internet: A britânica The Filter, da qual o cantor é acionista, ajuda a recomendar música e vídeos on-line
Peter Gabriel sabe o que você deseja
Devin Leonard, BusinessWeek
22/04/2010
Texto: A- A+
Andrew Harrer/Bloomberg
Com participação minoritária, o roqueiro sexagenário não poderá fazer nada se os sócios decidirem vender a companhia, algo pelo qual ele já passou
Você já entrou em um site da internet, tarde da noite, para procurar uma determinada música? Digamos que você queira ouvir algo dos anos 80 com muito sampler digital e uma batida forte – talvez algo na linha da canção “Shock the Monkey”, do cantor Peter Gabriel.
Você baixa a música e então, num instante, o site diz que você também pode gostar de “Sledgehammer”, de Gabriel. Isso é tão útil quanto dizer que se você gostou de “Hamlet”, também vai apreciar “Rei Lear”. Como os fãs das tragédias shakespearianas faziam essas conexões antes da internet?
Não seria bom se alguém surgisse com uma maneira melhor de recomendar músicas e vídeos na internet? Bem, na verdade alguém está fazendo isso. E você nem imagina: é o próprio Peter Gabriel!
O roqueiro de 60 anos, que começa a se parecer com uma versão atualizada de um bruxo dos filmes de Harry Potter, com seu cabelo cortado bem rente e cavanhaque, está à frente da The Filter, uma companhia de capital fechado criada há seis anos em Bath, na Inglaterra, que fornece tecnologia de recomendação para clientes como Sony Music, Nokia e thePlataform, uma operação que fornece vídeos para as propriedades on-line da gigante de TV a cabo Comcast, que também é uma das donas da empresa.
No começo de abril, a NBC anunciou que estava licenciando a tecnologia da The Filter em seus sites na internet. Portanto, se você visitar o programa da NBC “Saturday Night Live” on-line, e o site sugerir que você assista a um videoclip da série “30 Rock”, você estará sendo tocado pela mão oculta da The Filter.
“Isso é muito importante para nós”, diz Gabriel. “Estamos formando uma série de relacionamentos, mas obviamente a NBC é um participante muito grande.”
Há muito tempo as pessoas vem trabalhando em mecanismos de recomendação; a Netflix, que aluga vídeos, certa vez ofereceu US$ 1 milhão para quem conseguisse tornar suas recomendações 10% mais inteligentes. A ideia é ser melhor que os mecanismos de busca: em vez de simplesmente ajudar as pessoas a encontrar o que procuram, a meta é oferecer coisas que elas simplesmente não sabiam que queriam. E então, de preferência, fazê-las comprar. Ou, no caso de muitos dos clientes da The Filter, convencê-los a ver mais anúncios.
Stephen Andrade, vice-presidente sênior de desenvolvimento digital da NBC.com, diz que a companhia testou a The Filter e outros serviços de recomendação, e constatou que não há comparação. “A The Filter saiu-se melhor que muitos de seus concorrentes”, diz. “É por isso que estamos seguindo em frente com eles.” A NBC não disse que outros serviços foram testados.
Gabriel não está envolvido nas operações diárias da The Filter, que tem 15 funcionários e prevê receita de quase US$ 4 milhões para este ano. Mas ele é um dos principais investidores, junto com a Eden Ventures, uma empresa de capital de risco do Reino Unido. O representante de Gabriel no conselho de administração da The Filter é seu empresário, Mike Large. Gabriel participa das reuniões do conselho e sessões para discutir estratégias; o executivo-chefe da The Filter, David Maher Roberts, um ex-baterista de jazz, o chama de “visionário residente” da companhia.
Gabriel não está no projeto por vaidade. Ele se estabeleceu há muito tempo como empresário e pensador da área de tecnologia. Seu interesse pela tecnologia surgiu naturalmente com sua carreira no mundo da música, iniciada no fim da década de 60, como um dos fundadores do Genesis, o influente grupo de rock progressivo. O interesse prosseguiu quando ele iniciou sua carreira solo, onde ficou conhecido por suas orquestrações de sintetizadores futuristas e suas mensagens políticas. Em 1990, Gabriel investiu em uma companhia chamada Syco Systems, que criou uma estação de trabalho de aúdio digital chamada tablet. Gabriel levou uma surra financeira. “Subestimei totalmente o tempo que duraria para colocá-la no mercado”, afirma.
Ele teve mais sorte em 1999, quando ajudou a começar a OD2, iniciais de On Demand Distribution (algo como distribuição sob demanda). O empreendimento era um serviço de download de músicas que antecedeu a loja iTunes, da Apple, em quatro anos. Durante um certo tempo, a OD2 foi a principal companhia de música on-line da Europa, com clientes como Nokia, MSN, Virgin e HMV.
Então veio a iTunes, que rapidamente se tornou a loja de música on-line dominante. Gabriel diz que em 2004 seus sócios decidiram vender a OD2 para uma companhia de mídia digital de Seattle chamada Loudeye. A imprensa britânica informou, na época, que Gabriel ganhou US$ 11 milhões com a venda, que envolveu aproximadamente US$ 40 milhões, mas hoje ele se mostra arrependido. “Não votei pela venda”, diz. “A Apple faz muito bem o que faz. Mas eu achei que seria apenas uma fase.” Gabriel, porém, não podia fazer muita coisa para impedir a venda; ele era um acionista minoritário.
Foi por meio da OD2 que Gabriel ficou fascinado com a tecnologia de recomendação. Em 2004, ele conheceu Martin Hopkins, um físico com inclinações musicais que tinha um empreendimento on-line de recomendação de mídia. Hopkins começou seu projeto por causa da frustração que sentia ao administrar sua própria música digital. “Martin havia juntado um acervo de 10 mil músicas”, diz Roberts. “Ele estava entediado porque não conseguia encontrar as músicas que procurava.”
Segundo Roberts, Hopkins criou o software para administrar suas músicas, empregando um sistema de inteligência artificial que aprendia sobre seus gostos e, então, sugeria listas de músicas. Essa tecnologia é a base da The Filter. Gabriel e seus sócios na OD2 concluíram que o sistema era superior a tudo o que existia no mercado, incluindo as tecnologias usadas pela Amazon.com e pela Netflix.
A Amazon, que não respondeu aos pedidos de entrevista, é famosa por dizer a você, quando compra um determinado livro, que também poderá gostar de outros livros adquiridos por clientes com gostos parecidos com os seus. É também por isso que as pessoas que compram a música “Sledgehammer” podem receber uma sugestão para adquirir “Shock the Monkey”. Ou, se você procurar o disco mais recente de Peter Gabriel, “Scratch My Back”, a Amazon vai recomendar um disco de músicas dele executadas por outros grupos de rock, incluindo um álbum chamado Bonglab. (Hummm, melhor deixar esse disco de lado.)
A Netflix faz amplo uso das opiniões postadas pelos clientes. Steve Swasey, um porta-voz da companhia, diz que ela montou um banco de dados com 3 bilhões de avaliações de filmes, que permitem à companhia prever com exatidão quais filmes você pode ter interesse em assistir. Mas mesmo ele reconhece que o fato de você dar uma nota alta a um filme não significa que vai pensar a mesma coisa sobre ele posteriormente. “Amarcord, de Fellini, sempre foi um dos cinco melhores filmes de todos os tempos para mim”, diz ele. “Eu o assisti poucos anos atrás e ele acabou saindo da minha lista.” E nem todos os usuários da Netflix se dão ao trabalho de classificar os filmes, o que significa que a companhia depende dos hábitos de locação desses clientes. Swasey não quis falar sobre a The Filter, dizendo-se não familiarizado com a companhia. Ele afirmou, porém, ser “um grande fã de Peter Gabriel”.
Mas o que a The Filter faz de tão diferente? “Quando você faz recomendações de músicas ou vídeos, precisa direcionar as pessoas para longe das coisas mais populares, que todo mundo já tem”, diz Ty Roberts, cofundador da Gracenote, unidade de banco de dados de mídia da Sony. “É isso que a tecnologia deles faz.”
Outra diferença, diz Roberts, é que a The Filter lida apenas com a mídia digital, e não com itens físicos que não podem ser rastreados depois de adquiridos via internet. A Amazon, por exemplo, pode saber que você comprou o último filme de suspense de John Grisham. Mas ela não sabe se você gostou dele o suficiente para assisti-lo até o fim. A Netflix pode saber que você alugou um DVD de “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick. Mas e se você chegou à conclusão que a “ultraviolência” apresentada no filme não é para você e não se deu ao trabalho de avaliá-lo? Se for esse o caso, você poderá não gostar de “Quero Ser John Malkovich”, de Spike Jonze, que também aparece na lista de “filmes cabeça” da companhia. (A Netflix diz que está reunindo ainda mais informações sobre os hábitos dos clientes através de seus serviços de streaming, de exibição on-line.)
Roberts diz que a The Filter sabe se você assistiu a um episódio inteiro do seriado “The Office” no site NBC.com ou se desistiu dele no meio.
Mas o algoritmo da The Filter recolhe mais dados que esses. No começo, a companhia testou sua tecnologia no arquivo digital de programas de TV e rádio da BBC. O acervo não estava aberto ao público, de modo que Roberts e sua equipe coletaram os padrões de uso de dezenas de milhares de funcionários da rede britânica.
Os filtros da The Filter levaram em conta um sistema de classificação ao estilo Netflix estabelecido pela BBC para os seus funcionários, e também incluíram os resultados de um teste baseado no número de programas que os funcionários reservaram para ver ou ouvir mais tarde. “Havia um pequeno botão no site deles que servia para reservar algo para ser assistido ou ouvido depois”, diz Roberts. “Constatamos que isso nos proporcionava resultados muito melhores e mais amplos. Sempre há aquelas pitadas de informação nos sites de todo mundo na internet.”
Que tipos de “descobertas” digitais a NBC.com fez com os algoritmos da The Filter? Stephen Andrade é evasivo. Mas dever ter sido alguma coisa útil. “Quer dizer, o Google ganhou bilhões de dólares sendo realmente bom em adivinhar o que as pessoas procuram”, diz ele. “Esse é apenas o próximo nível.”
Não quer dizer que a The Filter não tenha passado por alguns solavancos desde que Gabriel e a Eden Ventures investiram, juntos, US$ 5 milhões na companhia, em 2006. (Desde então, eles aumentaram a participação para US$ 8 milhões, com alguns outros sócios.) O serviço foi lançado como um site da internet voltado ao consumidor em 2008. Ele encorajava os usuários a baixarem um aplicativo de software que absorvia dados dos usuários nas contas que eles tinham na rádio virtual Last.fm e na Flixter, rede social voltada ao público de cinema. O sistema também observava o que os usuários faziam com suas coleções do iTunes. Então, pegava todas as informações e sugeria filmes e músicas.
A The Filter conseguiu um milhão de usuários que, segundo Roberts, não atraíram anúncios em número suficiente para o serviço ter lucro. Então, a companhia mudou de estratégia no começo do ano passado, passando a se concentrar na venda de serviços para companhias de mídia. Isso parece estar funcionando: Roberts diz que a The Filter deverá equilibrar as contas até o fim do ano.
Gabriel afirma ter certeza de que a The Filter poderá, algum dia, atuar como um “guru decisório” para todos os propósitos, indo além da música. Ele a vê como uma ferramenta para as pessoas que se encontram em, digamos, Barcelona, e precisam de dicas rápidas sobre onde jantar e como se vestir. “Da mesma maneira que nos acostumamos com o Google sendo parte de nossas vidas, acredito que a The Filter será algo parecido com nosso próprio ‘Babel fish’ [personagem da história em quadrinhos “O Guia do Mochileiro das Galáxias”] que nos ajudará a tomar decisões”, diz Gabriel.
Um sinal de que a companhia pode estar no caminho certo: Roberts, Gabriel e a Eden Ventures afirmam que recentemente a The Filter recebeu propostas não solicitadas de potenciais compradores, cujos nomes eles não revelam. “É engraçado”, diz Gabriel. “Você luta o tempo todo e de repente algo começa a funcionar e a coisa esquenta.”
Gabriel acrescenta que não quer vender a companhia, mas teme que os sócios de capital de risco pensem de maneira diferente.
Charles Grimsdale, sócio da Eden Ventures e membro do conselho de administração da The Filter (que toca bateria em uma banda de funk), reconhece que ele e Gabriel discutiram a possibilidade de venda. “Acho que a empresa está indo realmente muito bem. Ela ganhou bastante ímpeto. Achamos que há uma grande oportunidade e não temos pressa em vender”, ressalva ele.
Se a Eden decidir pela venda, Gabriel não poderá fazer muita coisa para impedi-la. Assim como na OD2, ele é um investidor minoritário na The Filter. De qualquer modo, uma venda significaria mais dinheiro para Gabriel. Ele diz ter muitos outros projetos para ocupar seu tempo. Há, por exemplo, “Scratch My Back”, seu novo disco com versões de músicas como “Heroes”, de David Bowie, e “Philadelphia”, de Neil Young, entre outras canções. O disco vem sendo elogiado. As pessoas podem apenas imaginar o quanto a obra vai testar os limites dos algoritmos on-line. As interpretações exuberantes de Gabriel carregam pouca semelhança com as versões originais.
Ele também está trabalhando em Gabble, um dicionário de vídeo baseado na internet cujo objetivo é ajudar pessoas com baixas taxas de alfabetização a se comunicar com o resto do mundo. “Inicialmente, será uma coisa divertida”, diz ele. “Mas, no longo prazo, vai ajudar as pessoas de países onde não há bons serviços de tradução. Elas serão capazes de se comunicar com fotografias.”
Mas o cantor diz que isso não é tudo em sua atuação na arte da recomendação. Se a The Filter for vendida, Gabriel pretende solicitar aos potenciais compradores uma isenção de não competição, para que ele possa criar um serviço voltado ao consumidor dentro do espírito do plano de negócios original. “Eu acho que há muito mais o que explorar”, afirma.
Existe, aqui, uma recomendação não algorítmica óbvia: talvez na próxima vez ele seja um acionista majoritário, para que possa ter sobre sua companhia o mesmo controle que sempre teve sobre sua música. (Tradução de Mário Zamarian)
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