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A maioria da sociedade é consevadora, é preciso entender isto; é conservadora por que essa infra-estrutura cultural dada mantém a estabilidade da sociedade – Ferreira Gullar, da minha coleção de frases.


Olhando em volta, para trás, em mim, nos outros, caiu uma ficha sobre a natureza humana que compartilho para ajudar nessa tarefa nossa cotidiana dos profissionais do futuro para construir o novo, a partir dessa frase do Gullar.

Constato:

Todos nós vivemos em torno do que é possível.

Nos sentimos bem ou acomodados, de certa forma, pois sabemos que naquele momento, de certa forma, está se vivendo a melhor vida possível dentro das circunstâncias.

Geralmente, em cidades menores, tem-se mais esta sensação.

Evita-se receber novas ideias, informações, pois, de um lado, nada vai mudar mesmo e se não vai mudar, para que saber?

Em cidades maiores, se está o tempo todo vivendo com a chuva de meteoro das novas propostas para o mundo.

Parte fica atenta, uma minoria, procura a novidade, filmes diferentes, peças, livros, palestras.

A maioria se fecha, como no interior, no mainstream, mas recebe-se por via oral, dos inquietos, algumas novidades, vê-sa na rua novos hábitos, etc…. A televisão e o rádio vão consolidando e discutindo – muito lentamente – certos temas, principalmente nas novelas.

E em alguns momentos, visualiza-se melhorias e corre-se atrás, desde a troca de um armário, a uma profissão, mudança de casa ou de país.

Ou ainda mudanças coletivas na história, quando alguém, um visionário ou revolucionário, lança uma ponte ao impossível, com ideias ou produtos, desde uma revolução social, como Lutero com a Reforma Religiosa, ou tecnológica, como a Internet ou mesmo um I-pod, que muda a forma de se pensar e, por sua vez, usar um celular.

Quando esta ponte se torna viável, a nossa latência de mudança, a procura sempre do viver melhor, se consolida, atualiza e jogamos energia para cruzar a nova ponte com a mínima segurança.

  • Quanto mais temos a perder, mais ponderamos.
  • Quanto menos, mais nos atiramos.

(Vide movimentos populistas em populações carentes e pobres.)

Poucos estão incessantemente procurando mudanças.

A maioria espera que se consolide para ir na boa.

A meu ver a ideia da Revolução Permanente de Trotsky foi uma tentativa de ver o mundo, sob o ponto de vista dos transformadores. O que a história mostra, entretanto, é um movimento humano avançar, parar, avançar…

Entre o possível e o impossível vai do temperamento de cada um para jogar a isca ao mar ou se atirar do trampolim.

Vale a máxima:

Os últimos serão os primeiros, pois os primeiros serão bois de piranha dos últimos.

E os primeiros sempre querem ser os primeiros em tudo, pois faz parte do temperamento deles.

Tudo que querem da vida é nunca serem os últimos!

Nasceram, assim, para ajudar ao mundo a ir adiante.

Fazem parte de um equilíbrio sistêmico.

(Hoje, acredito que o grau de comodismo e de inovação sobe para todos, visionários e acomodados, em função da aceleração das mudanças, mas iremos estabilizar em um ponto, em que de dentro do trem veloz, cada um vai sentar na “cadeira que sempre sentou”.)

Talvez, isso explique de outra maneira a lógica de Pareto, dos 80/20, já discutido aqui no blog.

Propor e conseguir bons resultados na gestão de mudanças é fazer com que algo intangível, passe a ser realmente tangível e necessário na cabeça das pessoas.

É o que aprendem os homens de marketing, da propaganda, o pessoal da gestão de mudanças nas empresas.

Apresentar uma ponte segura e larga para se fazer a passagem, apresentando do outro lado uma melhoria concreta do “A” para o “C”, passando pela zona de desconforto “B”, por que lá na frente vai-se melhorar um “X”.

O desconforto de cada um em fazer algum esforço monetário ou de tempo, atribuir valor, para cruzar aquela ponte.

Como diz Gullar, a maioria é conservadora, pois talvez a sociedade, por uma questão de defesa, equilibra assim a civilização: muitos receosos e alguns experimentadores do futuro, dialogando sobre o que afinal é possivel, agora.

Quando este futuro se consolida, se pavimenta, os outros vêm, seguros de que não vão cair no abismo.

Na arte do possível.

Eu, minha formação, os que me cercam, o que eu vejo e leio versus o que é possível fazer, mudar, avançar.

Faço uma bissetriz e levo a vida desse jeito, até que algo concreto se consolide e possamos mudar coisas na nossa vida ou na sociedade.

Uns querendo criar o futuro.

E a maioria defendendo a certeza do presente.

Até que o futuro distante por mais distante que pareça, vai se aproximando, aproximando e virando passado.

Que dizes?

2 Responses to “A arte do possível”

  1. Keyne disse:

    Perfeito! Esse post me pegou quase que por osmose. Por isso eu não canso de citar Philip Kotler quando ele disse assim:

    “Existem três tipos de empresas (e pessoas). As que fazem as coisas acontecer, as que ficam vendo as coisas acontecer e as que se perguntam: O que aconteceu?”

    Você, Nepô, está entre a minoria que tem visto as coisas como elas são, parabéns.

  2. cnepomuceno disse:

    Keyne, adorei…foi para a coleção:

    http://nepo.com.br/frases/

    abraços,

    valeu a visita e dica.

    Nepô.

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