Não existe crise da informação, mas dos modelos de negócio da mídia – Aloy Jupiara, da minha coleção de frases;
Ando pensando sobre essa idéia do Anderson sobre a escassez e a abundância.
(Estou na pasta com o livro Free do Chris Anderson e assisti para encher mais a cabeça de ideias a palestra sobre jornalismo 2.0 do Aloy no MBKM, na sexta passada.)
No mundo, tudo que é abundante, tem pouco valor.
O que falta, é valorizado.
O que é abundante hoje, pode ser escasso amanhã.
Na imagem que o Aloy citou da cobra que come o próprio rabo.
O humano quando sente que algo vai faltar, rapidamente inventa uma coisa para colocar no lugar e ganhar dinheiro em cima disso.
O que derruba os cenários catastróficos de futuro, pois sempre há algo que ia acabar e é reposto, através de ideias e tecnologias.
Hoje, por exemplo, distribuir informação é barato, fácil, não há esforço.
Antes, era caro: jornal, CD, papel, vinil, banca, loja, caminhão, avião, trem, caixa, carrinho, entregadores…
Hoje, a informação é abundante: chega, via mouse, monitor e teclado, mas sem tratamento, sem personalização, sem contexto, sem relevância.
É caro atualmente arredondar, dar sentido, criar cenários, improvisar, inovar, dizer aquilo que ninguém ainda dissse (jornalismo de nicho) facilitar a tomada de decisão com menos margem de erro.
É preciso saber agregar valor à informação que todo mundo tem na ponta do dedo.
O que temos hoje é a escassez do sentido!
O que a mídia ainda não entendeu.
Hoje, isso tem e terá que ser feito, neste estágio, de forma artesanal.
É o resgate do poder do serviço, menos do produto.
Da pessoa, menos da indústria.
Vale quem tem gente que agrega!
Pessoas cada vez mais capacitadas em analisar grandes volumes de dados e fazer cenários precisos, sintéticos, de fácil visualização.
É a apologia do pensador de grandes cenários, ao invés do mega-entregador de dados.
Todos entregam, mas pouco explicam com clareza.
Amanhã, quando isso se popularizar, e até tivermos robôs ajudando, se industrializar de novo, e ficar barato os cenaristas que vão se espalhar cada vez mais, a dança mudará de novo de lado.
E nesse ponto o que fará a diferença é quem tem os melhores dados para os cenários serem formados, voltando ao momento em que deixamos pré-Web num eterno jogo de gangorra.
Vide Google, que é a empresa que vende basicamente relevância, personalização.
Junta o desejo “A” de informação com o link “B” de onde ela está.
Por isso, o CD de música vale 1 e o show personalizado, improvisado, que junta o dado bruto, música, com o artista, no palco, cantando só para vocês, aqui e agora, coisa rara no mundo Youtubizado, vale 10!
Verão que cada vez mais um show será cada vez mais diferente um dos outros, através do público que vai definir que músicas os artistas vão cantar.
(No Rio, isso já tem acontecido com o pessoal dos das comédias de improvisação nos teatros, na qual o público pede e o artista faz, como até é o programa “15 minutos” do Marcelo Adnet, que faz o que os e-mails solicitam, dentro dessa nova cultura do aqui e agora só para vocês.)
Nunca se saberá o que vai rolar…em uma eterna improvisação, não downlodizada.
Pois o que vende, o que já está escasso, será o inusitado, o que não está na rede, nem dá para ser baixado no I-Pod!
(Não é a toa que eu intuitivamente já havia abandonado palestras usando o Power Point.)
É nessa dança das cadeiras, quase infantil, que está a sobrevivência de cada um, dos grupos, das organizações e dos países em sempre procurar estar oferecendo o que é escasso ao mundo e não o que está por aí sobrando.
Ou seja:
- Antever a escassez e ter produtos no tempo certo, é para gênios.
- Focar na escassez evidente, é para os sensatos, mesmo que atrasados.
- Insistir na abundância barata, e ainda com a força da lei, só loucos de hospício.
Concordas?
PS – Hoje, o Globo anuncia o fim da era dos fotolitos, o jornal passa a ser totalmente feito pelo ambiente digital (encerrando um ciclo iniciado em 1450 com Gutemberg e as máquinas de tipo móvel). Faz também discussão do por que o Financial Times está se dando bem com cobranças dos leitores, um jornal do nicho. O Valor segue a mesma trilha.
Escassez, baby, escassez
De fato a informação é muita, mas aquela com valor agregado, que de fato contribui para a tomada de decisão é pouca. Então vivemos um grande dualidade
Muitos tentam acompanhar as mudanças. Poucos alcançam entendê-las. E a turba, como fica?
O que e quem sobreviverá à dança das cadeiras?
Por isso, vale acompanhar as pesquisas de um Alloy, um Anderson, um Nepomuceno.
Abraços
Luiz Ramos
Valeu Luiz!
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