Dharma“; “o que leva a realização de Abhyuadya (prosperidade neste mundo) – retirada daqui.
Comecei a ler o livro “Startup“, de Jessica Livingston”, que a editora Negócios me enviou para comentar no blog.
De cara, apareceu a frase do Steve Wozniak, fundador da Apple, que diz o seguinte:
“Na vida, temos que valorizar aquilo em que somos bons”, que já foi para minha coleção de frases.
Já estava com este post sobre Dharma na cabeça e acho que agora ele sai.
Na trajetória do Wozniak, o que me parece óbvio é que ele percebeu qual era a sua diferença em relação às outras pessoas.
“(…) grande talento para criar projetos com poucos componentes usando todos os recursos possíveis” (…) usar coisas baratas e rápidas usando a abordagem certa (…) combinar chips com muita eficiência”.
Está tudo lá no livro, salpicado.
O tema – fazer aquilo que somos bons (Dharma) – foi também abordado no livro-testamento “A Sociedade do Futuro” do historiador Arnold Toynbee, que, aos 82 anos, fez um balanço de sua vida.
(Ele não usa a expressão Dharma.)
Nele, ao se perguntar sobre o motivo de ter dedicado toda a vida ao estudo de história, ele diz:
“Estudo história por prazer. Pela maneira como encaro esse prazer, poder-se-ia dizer que estudo História porque esse é o caminho através do qual posso encontrar uma maneira de comungar com a Divindade espiritual máxima. Dessa forma, o “prazer” pode ter também o mais sério de todos os propósitos concebíveis”.
Toynbee defende a harmonia entre essa divindade e os desejos individuais. Para ele, existem grandes variedades de dons naturais entre os seres humanos e todos eles são válidos e até mesmo indispensáveis para o bem estar da humanidade.
Ele define assim as aptidões:
- Para a tecnologia – capazes de dominar o mundo físico (a maioria);
- Para lidar com as pessoas – capaz de se relacionar com outros seres humanos (alguns);
- E os que tendem para a arte (segundo ele, minoria).
Ele acredita que para todos os campos existem os criativos e os receptivos. E ainda os que fazem e os que ensinam.
E defende que haja uma educação capaz de estimular e treinar as pessoas, conforme o seu perfil, o que podemos chamar de Dharma.
Eckart Thole no livro “Um novo mundo – o despertar de uma nova consciência” defende que qualquer um que alcance a unificação espiritual com seu trabalho estará construindo um novo planeta.
O que Toynbee defende que:
“Os aspectos materiais da vida não são um fim em si mesmo, apenas um meio”.
Voltando à tecnologia, Jessica Livingston lembra que os empreendedores entrevistados no livro queriam, antes de tudo, mudar o mundo e não ficarem ricos, o que veio como consequência e não o contrario.
Lembra um pouco a história da Amazon, que não está neste livro, mas em outro “Amazon.com“, na qual Jeff Bezos destaca a importância do investimento o tempo todo na idéia e não nos resultados imediatos.
(Quando a Amazon começa, todas as mesas era feitas das portas das salas para economizar, diferente do Brasil, na época da bolha, quando a maioria dos novos empreendedores, ao primeiro dinheiro que entrou, se apressaram a alugar andares corridos nos prédios comerciais mais caros.)
Os resultados da Amazon parecem que estão vindo.
No fundo, do que se trata aqui?
Lutar para fazer o que se gosta, algo cada vez mais valorizado na sociedade da criatividade acelerada.
O mais interessante que isso ocorre em etapas:
- saber o que você realmente gosta de fazer;
- testar se você realmente é bom nisso, sua performance em relação a outros na mesma posição;
- fazer disso uma estratégia de vida, avaliando se o que você escolheu, de fato, tem mercado.
Ou seja, focado ou mimado?
Focado = ciente do seu papel e das possibilidades;
Mimado = viajando na maionese.
4 – abrir mão do consumismo (note bem excesso de consumo e não de consumir o necessário) para poder juntar dinheiro e poder dizer não para tudo aquilo que aparecer que vai te levar para longe do teu Dharma.
Ser =saber dizer não.
Fazer, assim, o que se gosta é um bem também para a humanidade.
- Nos coloca presente.
- Nos torna mais leves.
- Politiza nossa ação, pois estamos defendo uma causa e não batendo ponto;
- Aprendemos o tempo todo com o que fazemos.
- E o resultado final é apenas uma parte de um longo processo, pois o prazer de estarmos plenos, não tem preço.
Um exercício interessante não lembro se li nesse livro, acho que sim, é: você se vê no seu enterro e pensa o que gostaria que as pessoas que te conheceram estariam pensando ou falando sobre você no velório. Aquele conjunto de pensamentos e discursos que você gostaria que fossem ditos e pensados seriam as metas de sua vida e as coisas pelas quais você deveria se esforçar para obter.
(Verás que o material tende a aparecer pouco nesse exercício.)
Ou como digo aqui, teu Dharma.
Que dizes?
Esse tipo de texto me deixa tensa. É verdade. Talvez por me dizer muitas verdades, talvez por me confrontar, ou melhor, por provocar um auto-confronto. No fundo, a gente até sabe o caminho mais apropriado a ser percorrido, mas situações externas nos forçam a andar por outros e a gente se acomoda. É difícil sair da zona de conforto – que nem sempre é tão confortável assim – e “partir para o ataque”.
Melhor eu parar. Acho que estou começando a viajar, mas é que estou praticamente em uma sessão de auto-análise.
Bom, Patricia.
O negócio é ir ajustando a vela de um jeito que o barco não vire, mas que sempre vá indo na direção contrária ao que queremos.
É a arte de transformar limão em limonada,
Nepô.
Valeu o compartilhamento da angústia.
Nepô,
obrigada pela resposta. Mas, não se preocupe. Não é uma angústia “prozac-ana” (eita neologismo tosco). É uma inquietação benéfica. Sabe aquela famosa dor do crescimento, que muitas crianças sentem quando os ossos estão crescendo? Pois é mais ou menos por aí. Muita gente pode achar que já passei da idade para isso, mas a verdade é que qualquer hora é hora para se começar um novo caminho, o que significa que sempre estaremos sujeitos a estas “dores do crescimento” vez por outra.
Acho que saímos do assunto, mas tudo bem. Obrigada pelo “divã”.
Pat,
teve uma cara que disse que agora já estava celho.
E ai ele realmente morreu para a vida.
É isso.
Vamos adelante.
Divâ, aliás, tá na tela.;)
abraços,
Valeu.
Nepô.
Para explicar este contexto (a importância de fazer o que se gosta ou tem talento) para outras pessoas, costumo fazer uma dinâmica em que peço para a pessoa escrever o seu nome em um papel. Depois peço a ela para escrever o nome novamente com a outra mão.
A análise da dinâmica é a seguinte: Quando a pessoa escreve pela primeira vez o nome, ela usa a mão que está habituada a escrever. Com isso, ela faz bem feito e de forma automática.
Quando peço para mudar de mão, a não ser que a pessoa seja ambidestra, ela também consegue realizar a simples tarefa, porém com mais dificuldade (tem que pensar em como fazer) e com menos qualidade.
Concluindo: sempre será melhor fazer coisas que são nossas “mãos direitas” (para os destros). Quando as encontramos as coisas saem bem feitas e de forma automática (com pouco esforço). Por outro lado, sempre que fazemos coisas usando a mão contrária, elas até saem, mas a custa de muito mais esforço e, invariavelmente, com menos qualidade.
“Vamos escrever a nossa própria história usando a mão certa”.
Marcelo.
Marcelo, interessante.
É por ai…
Não quer dizer que não possamos nos arriscar a escrever com a mão oposta, mas caminhar naquilo que gostamos e temos facilidade já é algo que colaboramos com o planeta, pois os outros não farão tão bem feito e nem com o mesmo prazer e zelo.
Concordas?
abraços
Nepô.
Nepô, concordo sem dúvida.
Mas a maior contribuição será sempre se pudermos fazer as coisas da “mão certa”. Utilizarmos nossas forças e aptidões muito mais do que tentarmos “consertar” nossas fraquezas.
Me parece que o mundo seria melhor (digo, mais feliz) se as pessoas tivessem (ou se dessem) a oportunidade de fazer o que são melhores.
Infelizmente tenho visto muitas pessoas (a maioria?) que sequer um dia se perguntou (ou se preocupou) com descobrir a sua “mão certa”.
Nas vezes que tive a oportunidade de perguntar a respeito, não raro recebi um olhar do tipo: “Do que este cara está falando?”
Marcelo,
mão certa é uma outra boa definição para a coisa.
Hoje, trabalho mais com a idéias da procura da serenidade do que com a da felicidade.
A serenidade nos coloca prontos para as mudanças boas e ruins. A felicidade é a procura incessante de um estado que nunca podemos manter.
Fica a reflexão,
valeram os comentários,
Nepomuceno
[…] É o que os indianos chamar de Dharma (já falei sobre isso aqui.) […]
Nepô,
Tem um ditado que diz “quem corre por gosto não cansa”. Acho que o seu texto está mais afundo nessa questão mas beira por essa idéia.
Estou em um momento de mudanças na vida profissional – troca de emprego – e particularmente esse texto vai me influenciar muito nessa nova caminhada.
A questão do “ser = saber dizer não” me faz refletir muito sobre o que foi feito até agora e analisar para fazer melhor na frente.
Roberto,
sem auto-conhecimento, estamos em uma estrada, mas quem está no voltante é outro cara.
abraços,
Nepô.
Valeu a visita!
Verdade. Buscando uma frase da sua coleção:
“Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.” (Sêneca)
E para esse conhecimento não tem escola…
Aproveitando, parabéns pelo aniversário! Muitas felicidades!
Abraços,
Roberto
Valeu Roberto!