É extremamente reduzida a quantidade daqueles que pensam sobre as próprias coisas, a maioria pensa sobre livro, sobre o que os outros disseram – Schopenhauer – da minha coleção.
Vivemos todos em bolhas de conhecimento.
Não nos relacionamos com as coisas, pois há um filtro entre nós e o mundo.
Somos mais mulas do que filósofos.
Vivemos em filtros conceituais sem nos darmos conta.
Todos os incentivadores de mudança, os revolucionários, lutam, basicamente, contra a maneira que as pessoas vêem o mundo, ao introduzir uma nova maneira.
Aprendemos e incorporamos, em geral, de forma involuntária, um conjunto de filosofias que formam a nossa maneira de ver as coisas.
Há as filosofias e os conhecimentos estabelecidos e os novos conhecimentos.
Para criarmos novos conhecimentos precisamos conhecer os velhos.
Gramsci diz que há em toda a sociedade filosofias e não uma filosofia.
Que as filosofiam se degladiam pela hegemonia.
Que toda a filosofia é histórica, está em processo.
E que só há a possibilidade de conhecer o mundo se conhecemos as filosofias em curso para escolher algumas delas.
Acredito que, até, é impossÃvel uma pessoa dizer que tem a mesma filosofia da outra.
Podem pensar parecido, mas o próprio ato de conhecer, nos leva a mixar conceitos, a partir da nossa cognição, temperamento, interesses, idade, ambiente que vivemos, etc…
Vamos fazendo, cada um a sua salada filosófica.
- Quanto mais estudamos as filosofias correntes, mas podemos selecionar aquelas que nos agradam;
- Quanto menos estudamos, mais seremos emprenhados pelo ouvido sem saber que o filho é do outro;
- A liberdade, portanto, é o conhecimento das filosofias em curso para ter a opção de escolha!
O conhecimento se dá do mesmo jeito.
Vemos as coisas, a partir do que aprendemos sobre elas.
Os poetas e os artistas tentam procurar olhar para elas de forma diferente e reinterpretá-las a partir de uma linguagem artÃstica, que, da mesma maneira, para inovar, precisa conhecer as outras linguagens e optar por uma delas, caso queira inovar.
Para pensar fora da caixa é preciso saber o que existe dentro  da caixa!
Existem, portanto, três possibilidades de olhar para as mesmas coisas de forma diferente:
- Mentes brilhantes e criativas que consegue linkar o que os outros não conseguiram;
- Tecnologias que nos permitem ver as coisas de um novo prisma, um microscópio, que vê o invisÃvel a olho nu, um telescópio que vê ao longe, uma radiografia, que vê os ossos, uma ultrasonografia, que vê os órgãos.
- Ou fatos novos que ocorrem de forma inusitada, que nos obriga a repensar determindas lógicas, o aquecimento global, uma peste ou a Internet, por exemplo.
A ruptura atual trazida pela rede está na terceira hipótese.
Olhamos para um fenômeno que ocorre de forma inusitada, anômala e não temos nem na comunicação, na ciência da informação, nem no estudo do conhecimento teorias viáveis que nos possam servir de parâmetro para entender tal ruptura.
É preciso agora mentes brilhantes para linkar o antes não linkado para entender melhor tudo que estamos passando.
Não é hora da prática, mas da revisão conceitual, de novos filósofos.
Por isso, sempre falo para meus alunos, que irão mais longe fazendo mestrados, do que pós e MBAs.
É preciso repensar a caixa e não repetir a caixa!
Assim, as mentes brilhantes precisam reconstruir como olhamos essa coisa: o fenômeno da informação, da comunicação e do conhecimento, tudo que sabÃamos antes só ajuda se for remixado!!!
Criar uma nova lógica,  que é o papel das Ciências, divulgar essa lógica de forma coerente para que possamos lidar com ela no dia-a-dia de uma nova forma, olhando as plataformas de conhecimento, não como no passado, imutáveis, mas mutantes, trazendo-as para o senso comum, é o maior desafio teórico que os pesquisadores de Ciências Sociais e, em particular, os da área da informação, da comunicação e do conhecimento têm pela frente.
Concordas?
Sim, Professor, concordo.
Obrigada pelo texto, por alavancar pensamentos, por pontuar contextos e indicar caminhos. Se me permite um recorte para destaque:
“Toda filosofia é histórica, está em processo.”
“Liberdade é o conhecimento das filosofias em curso para ter a opção de escolha.”
“Não é hora da prática, mas da revisão conceitual, de novos filósofos.”
A sensação que tenho é exatamente essa, que a internet e as TIC’s de um modo geral, mergulharam o mundo numa desordem absoluta, o que de certa forma, deixa todo mundo perdido, sem saber ao certo como será… então penso que para avançar é preciso repensar o status quo das coisas, assim como seu modus operandi e criar um caminho novo, alternativas de vida nova sobre o velho.
Mais uma vez, obrigada.
Cristiane, grato pela visita.
O que aproveito o seu comentário…
Fiquei pensando sobre o post depois que publiquei é que quando o filósofo lá de cima diz que pensamos pouco nas coisas e mais naquilo que nos disseram das coisas, me parece que isso sempre será fato.
Pensar nas coisas, na verdade, é um ato solitário de desvendar dentro de nós, os véus que nos impedem de ver as coisas de forma mais limpa, colocando no lugar, outra coisa e mais outra.
Entre nós e as coisas sempre haverá conceitos.
Por mais até zen que possamos ser.
É isso, grato pela visita,
Ou seja, coloquei a frase, mas acho que pensar nas coisas é uma meta, nunca podendo ser atingida.
O que o filósofo quer dizer, pense com sua cabeça, que estará sempre questionando a cabeça de alguém, que fez a sua e vice-versa.
abraços,
Nepô.
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