Se alguém me perguntar o que realmente é novo e MAIS original nas minhas ideias, diria que a é a toria do Descentralismo Obrigatório.
É resultado final de somatório de conceitos preliminares que formam teoria maior.
Convidei Thomas Malthus, Charles Darwin e Marshall McLuhan para ” conversar” – o que me levou a algo completamente diferente de como pensamos o humano, a sociedade e a forma como caminhamos no tempo.
Fui anotando tudo que “eles diziam” ou acho que diriam e fui avançando pela estrada.
O que fiz na prática foi:
- foquei num problema único ao longo de 20 anos de pesquisa, capacitação, consultoria, desenvolvimento de produtos e serviços: o que é a revolução digital? Causas? Consequências? Metodologias recomendadas?
- procurei autores – sem nenhum preconceito de qualquer tipo – que realmente poderiam me ajudar neste desafio;
- promovi diálogos entre eles McLuhan-Malthus, McLuhan-Darwin, Darwin-Malthus e todos comigo;
- cheguei a conclusões preliminares a partir destes diálogos paralelos entre eles;
- e, por fim, desenvolvi a teoria do Descentralismo Obrigatório para estimular a reflexão o debate e, principalmente, a ação.
Este texto é o primeiro que faço, com tal clareza de roteiro, que me permite explicar o passo a passo do meu trabalho.
Vejamos os conceitos estruturantes do Descentralismo Obrigatório, que podem ser considerados em parte ou no todo:
- Demografismo – a ideia de que o Sapiens é espécie que cresce demograficamente é de Thomas Malthus – o que fiz foi dar este nome e criar sinergia com os outros dois conceitos estruturantes do trabalho: Cognitivismo e Progressivismo, sugerindo nova visão sobre o papel da demografia na Macro-História do Sapiens;
- Cognitivismo – conceito criado para dar forma às ideias de Marshal McLuhan, para quem: mudou a mídia, mudou o cérebro, mudou o cérebro, mudou a sociedade (“o meio é a mensagem”), que juntei ao Demografismo e ao Progressivismo, oferecendo nova visão sobre o papel das mídias na Macro-História do Sapiens;
- Progressivismo – conceito criado para resumir as ideias de Darwin, que diz que somos, como as outras espécies mutantes, mas que ganharam novas cores com as ideias do Demografismo e do Cognitivismo, propondo nova visão sobre o papel da mutação no modelo de sobreviviência do Sapiens na Macro-História.
(Note que Malthus é autor maldito e McLuhan, surpreendentemente ignorado. Os dois foram muito úteis para meus propósitos, o que, a meu ver, demonstra que preconceitos intelectuais deve ser evitados.)
Foi o somatório de Demografismo + Cognitivismo + Progressivismo que obtive o = Descentralismo Obrigatório.
Com a junção dos três autores e minhas intuições e contribuições, pude perceber novos fenômenos humanos, que não estavam claros.
Diálogo Malthus-McLuhan – a relação das mídias com a demografia
A primeira conversa foi de Malthus com McLuhan.
Vejamos a regra da macro-história na soma de Cognitivismo Demográfico ou o Demográfico Cognitivismo:
Crescemos demograficamente quando temos novas mídias e novas mídias nos fazem crescer demograficamente.
Isso é uma proposição nova para a compreensão da Macro-História, a partir do diálogo destes dois autores.
Vivemos, assim, espécie de espiral.
Mídias são remédio sistêmico para a espécie, pois nos ajudam a sair de crises demográficas, pois permitem a criação de ciclos de inovação.
O ciclo de inovação, entretanto, que nos permitem a voltar a crescer demograficamente – acaba por nos levar à nova crise civilizacional.
Assim, o Sapiens viverá, de tempos em tempos, crises demográficas civilizacionais, pois cresce em membros e precisará de novas mídias para se reequilibrar, em ciclos contínuos.
Há um fenômeno histórico cíclico que podemos chamar de Crises Midiáticas-Demográficas Civilizacionais. Não podemos pensar a história sem esse componente.
Diálogo Darwin-McLuhan – a relação entre sobrevivência da espécie e tecnologias
Aí tive que refletir sobre modelos administrativos. E fui buscar algo em Darwin e juntar também com McLuhan.
Darwin afirma que espécies são mutantes, incluindo o Sapiens. E McLuhan destaca o lado tecno da nossa espécie. Assim, podemos aferir que outros animais têm modelo de sobrevivência, que podemos chamar de administrativos genéticos. E o nosso é tecnocultural.
O das outras espécies é fixo e o nosso é mutante também por ser Tecnocultural, sujeito às tecnologias.
Neste momento, se forma o que chamei de Triângulo de Sobrevivência das Espécies.
- Cada espécie terá modelo de sobrevivência, incluindo o Sapiens;
- Que o modelo de sobrevivência é formado por três vetores harmônicos: administrativo, comunicação e complexidade demográfica.
Que o Triângulo de Sobrevivência da Espécie do Sapiens diferente das demais é muito mais mutante, pois a complexidade demográfica é progressiva!
Sendo progressiva, tanto o modelo administrativo e o de comunicação, por ter complexidade demográfica progressiva, precisa ser mutante.
Assim, uma espécie Tecnocultural como a nossa, é muito mais mutante que as demais, pois o modelo midiático-administrativo não é genético, sendo “natural” que promova mudanças midiáticas-administrativas no tempo.
Mais ainda.
Tais mudanças não serão opcionais, mas OBRIGATÓRIAS para evitar crises de sobrevivência!
Por sermos Tecnoculturais, nosso modelo de administração e comunicação NÃO PODEM ser fixos, pois a Complexidade Demográfica é progressiva.
O que leva a sermos – diferentes das outras espécies – não geneticamente mutantes, mas tecnoculturalmente mutantes.
Temos modelo midiático (comunicação) e administração NECESSARIAMENTE e OBRIGATORIAMENTE mutantes.
Os modelos midiáticos-administrativos do Sapiens (isso já faz parte da defesa do Descentralismo) não são fixos – e precisam ser aprimorados no tempo para incorporar mais gente.
Uma espécie que tem Complexidade Demográfica Progressiva terá que ter necessariamente Modelo Midiático-Administrativo Progressivo.
Mudanças administrativas, assim, são “naturais” em uma Tecnoespécie, pois novos modelos midiáticos-administrativos precisam ser criados para se tornar mais compatíveis com o patamar demográfico de plantão.
É algo que qualquer Tecnoespécie (se tiverem outras no universo) precisará fazer.
O Sapiens tem, assim, aprimoramento midiático-administrativo OBRIGATÓRIO.
Aqui, temos conceito ainda também intermediário de Espécie Midiática-Administrativa Progressiva.
O Sapiens será a espécie mais mutante de todas, pela característica Tecnocultural .
Note que tudo isso é o somatório de diálogo entre os autores, que considero mais relevantes para a compreensão do digital: Malthus, McLuhan e Darwin.
Todos vão na linha da resposta a pergunta filosófica:
Quem somos?
O que agrego a tudo isso de realmente novo, fazendo a síntese dos três?
O Descentralismo Obrigatório!
Não só vamos modificar nosso modelos midiático-administrativos no tempo, mas faremos isso na direção da descentralização obrigatória.
Gradual aumento do poder de decisão de cada pessoa sobre cada vez mais problemas.
O que muita gente defende como bandeira política algo que “seria bom” que ocorresse, cheguei a conclusão que é movimento NATURAL, INEVITÁVEL E OBRIGATÓRIO do Sapiens.
Vai ocorrer naturalmente, mesmo que se queira impedir.
As novas mídias e, a seguir, novo modelo administrativo, surgem como movimento sistêmico necessário para lidar com a complexidade demográfica.
Fazem parte do que podemos chamar de ações sistêmicas da espécie (para não chamar de macro-evolutivas).
A descentralização administrativa, mais poder para cada indivíduo, é a única forma no longo prazo de lidar com a complexidade demográfica progressiva.
Todas as regiões que tiverem papel de liderança estarão adotando o modelo mais descentralizador possível. A descentralização será o diferencial competitivo.
E todas as regiões, aonde tiver Sapiens, tenderão a migrar para essa direção, mesmo que leve tempo, em função das barreiras Tecnoculturais anteriores.
Assim, o que posso dizer para definir o Descentralismo Obrigatório?
Somos Tecnoespécie que cresce demograficamente, o que nos força a criar, de tempos em tempos, mídias mais descentralizadas, que nos empoderam e permitem tomar decisões melhores, através de modelos administrativos mais descentralizados e distribuídos. Isso não é opcional, mas obrigatório. E ocorrerá naturalmente, pois, além de todos os movimentos Tecnoculturais, os cérebros das novas gerações vão sendo moldados pelas novas mídias – tornando esse movimento ainda mais “natural”.
Olhando de onde comecei para agora, não imaginava que fosse tão longe, mas nada como um passo depois do outro.
É isso, que dizes?